A recente exibição do comercial em que Elis Regina é recriada digitalmente para fazer um dueto com sua filha gerou várias polêmicas. É ético “ressuscitar” digitalmente alguém, sem a sua permissão? O direito ao esquecimento é garantido aos que já faleceram? Os herdeiros dos artistas falecidos são donos dos direitos de imagens sobre eles geradas por computador? Espectadores devem ser avisados que as imagens exibidas não são naturais?
Por meio dos avanços tecnológicos, a chamada “grief tech” (tecnologia do luto) vem dando passos cada vez mais largos. A pedido de familiares, funerais cibernéticos são oferecidos por startups capazes de eliminarem todos os rastros deixados por um usuário na internet, como discussões no Facebook, posts no Twitter, fotos e vídeos no Instagram e artigos no LinkedIn de uma pessoa falecida.
Com uma abordagem oposta, iniciativas como a tecnologia utilizada pela sobrevivente do holocausto Marina Smith permitem que falecidos conversem com seus entes enlutados através da inteligência artificial: com o auxílio do StoryFile, um software desenvolvido pelo seu filho, Marina fez um breve discurso sobre sua vida e respondeu às perguntas feitas pelos presentes, criando uma ilusão de conversa em tempo real. As imagens das respostas eram reais, gravadas, a inteligência artificial apenas criou a ilusão de uma conversa em tempo real.
O cemitério digital é uma ferramenta sutil para dizer aos amigos que sumiram do Discord ou em um jogo que você sente a falta deles. O software conta com um criador de lápides, onde é possível escolher o estilo de pedra, escrever o nick dos amigos e o epitáfio, além de indicar a data do último dia em que foi visto online. A lápide vai para o cemitério, onde pode ser compartilhada em redes sociais, ou enviada diretamente para as pessoas, incluindo o amigo “morto”.
Segundo o físico americano Michio Kaku, todos os textos, áudios, memórias e vídeos de uma pessoa disponíveis digitalmente, podem ser processados, de modo que esta pessoa continue a existir digitalmente. Seremos capazes de falar com nossos antepassados. Tataranetos conversarão com tataravôs, pois todos seremos imortais.
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