O governo de Jair Bolsonaro tem muitos defeitos, tanto políticos quanto éticos. Mas é na educação que seu projeto destrutivo vem se estabelecendo de forma mais sistemática. O que é negacionismo em algumas áreas e defesa de interesses econômicos em outras, é desmonte programado na educação.
Há um duplo jogo no bolosonarismo: a ganância dos ganhos imediatos e a construção de bases para se manter no poder. O que é terra arrasada no meio ambiente e nos direitos trabalhistas, por exemplo, se traduz em absoluto cuidado em desmontar a crítica, afrontar a inteligência e estabelecer um ambiente propício ao autoritarismo.
O atual ministro, o pastor Milton Ribeiro, sintetiza tudo de pior que o sistema bolsonarista expressa: ultraconservadorismo olavista, militarização na forma e conteúdo, destruição dos avanços conquistados historicamente pelo setor e crueldade humana. E olha que ele vem em sequência a um time formado por nomes como o colombiano Ricardo Vélez Rodriguez e Abraham Weintraub. Para o ex-capitão, nada é tão ruim que não possa piorar.
Nos últimos dias, Milton Ribeiro se destacou por pelo menos duas afirmações absurdas sobre a área pela qual responde. Na primeira, disse que a universidade não é para todos, defendendo um misto de elitismo e incompreensão do papel transformador da educação. Na segunda declaração, durante uma entrevista na TV pública, criticou o que definiu como “inclusivismo”, afirmando que alunos com deficiência “atrapalham a aprendizagem” dos colegas.