No último podcast de agosto, sobre “Educação Indígena”, o SinproSP no Ar conversou com o professor, escritor e ativista do movimento indígena Daniel Munduruku. Na entrevista realizada por Milena Buarque, o docente contou sobre as origens das suas vocações e sobre o olhar das professoras e professores ao incluir a questão em sala de aula: “Qual o ‘índio’ que habita dentro de mim? O romantizado ou o ideológico? A partir dessa pergunta que eu sei qual é a minha prática pedagógica”.

Munduruku é diretor-presidente do Instituto Uka, vencedor de duas edições do Prêmio Jabuti e lançou, recentemente, o podcast “Nós – Uma Antologia de Histórias Indígenas”. Também teve sua estreia na Rede Globo, como consultor do núcleo indígena da emissora e ator na novela Terra e Paixão.

“Praticamente foi garantido um 14º e um 15º salário”, explica Celso Napolitano, presidente do SinproSP. No primeiro episódio de agosto do SinproSP No Ar, o professor conta detalhes sobre “As Convenções do Ensino Superior e a vitória das professoras e professores”. Na entrevista, ele ainda destaca pontos como as intimações de instituições que tentaram desrespeitar os direitos da categoria e o papel das e dos docentes nas mobilizações. “Não vou me cansar de repetir isso, pelo apoio e confiança que os professores depositaram aqui no trabalho das negociações e na diretoria do Sinpro. Isso foi fundamental”.

Nesta primeira quinzena de julho, o SinproSP No Ar conversa sobre Clubes de Leitura, “um espaço diverso e democrático de diálogos, afetos, escutas e trocas”, como define Luciana Gerbovic, advogada, professora, escritora e mediadora de clubes de leitura.

“E a gente está falando da ficção, da fabulação, dos sonhos e da leitura livre, que não quer passar nenhum tipo de mensagem moral. Pensamos nos clubes de leitura concretizando a literatura como um direito humano”, completa.

Para ela, leitura é prática social e precisa, portanto, de estímulos e políticas públicas. “Porque todo mundo gosta de histórias”.

Na semana em que é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, o SinproSP No Ar conversa com Daniela Auad, professora, feminista, lésbica, escritora e pesquisadora. Ao falar do educar para a diversidade, ela lembra que há, sim, diretrizes e uma série de programas governamentais que amparam o ensino de gênero nas escolas e destaca que não dá para discutir questões raciais e indígenas separadas das questões de gênero.

"Há uma alquimia, uma interseccionalidade. (...) E a lesbianidade se coloca como um saber docente. Porque quando uma mulher lésbica avança, nenhuma mulher retrocede e ninguém da categoria docente fica para trás".

Link para o livro "Saberes docentes fora do armário", da Daniela Auad, Cláudia Regina Lahni e Camila dos Passos Roseno: https://naueditora.com.br/ebook_gratuito/saberes-docentes-fora-do-armario/

O SinproSP No Ar desta quinzena traz uma conversa com Rafael Pinto, sociólogo e membro da executiva nacional da Conen (Coordenação Nacional de Entidades Negras). Liderança histórica do movimento negro, ele fala sobre a lei 10.639, que há vinte anos estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas públicas e privadas do país.

"Estamos ainda bastante preocupados, por conta da morosidade na implementação da lei. Precisamos avançar. A Educação não pode ser eurocêntrica e precisa dar conta de uma sociedade multicultural e multiétnica. E que, no atual cenário, precisa ser também antirracista".

Diante dos desafios, ele faz um chamado: "Vamos à luta, juntos e misturados, para construir um Brasil melhor e uma sociedade plural, democrática e não racista".

Conversa com Raphaela dos Santos Gonçalves, professora da Educação Básica e mestra em Ciências da Saúde pela UNIFESP.

Violência física e verbal, pressão dos gestores, ambiente de trabalho tóxico, exigências das famílias e dos alunos, baixa remuneração e cargas horárias cada vez mais exaustivas...

"Somados, esses fatores são uma bomba para professoras e professores e um prato cheio para a Síndrome de Burnout, que é uma doença ligada ao trabalho", afirma Raphaela dos Santos Gonçalves. Professora da Educação Básica e pesquisadora, ela defendeu recentemente, na Unifesp, uma dissertação de mestrado sobre o tema.

O estudo revelou que a doença afeta de forma ainda mais perversa as professoras. "Porque ela faz um esforço muito grande para conquistar satisfação no trabalho e, quando chega em casa, ainda se depara com uma segunda jornada". Para Raphaela, é preciso construir uma cultura de apoio e acolhida também em relação à saúde mental de professoras e professores. "Sem tabus".

Conversa com Elisangela Santos Roque: advogada, Doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais e advogada do Departamento Previdenciário do SinproSP.

Na conversa, Elisangela detalha as mudanças e os impactos perversos da reforma da Previdência de 2019 para as professoras e os professores.

"Foram perdas e retrocessos, principalmente por conta da exigência da idade mínima. Há uma grande quantidade de docentes que nos procuram hoje com muitas queixas de desgaste e cansaço, questões de saúde mental mesmo, e não mais para saber quanto tempo falta ou se dá para antecipar a aposentadoria, mas para entender como funciona a aposentadoria por incapacidade".

Ela também orienta sobre a chamada revisão da vida toda, aprovada recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e conta quais são os serviços oferecidos pelo Departamento Previdenciário do SinproSP.

"O sistema fala em mais liberdade e autonomia do trabalho, mas é falso. Na verdade o que se quer é a padronização mesmo. Isso adoece o professor, que não se reconhece mais naquilo que está fazendo. Tem também o adoecimento psíquico, pelo excesso de trabalho. Professores são ainda constantemente assediados pelos gestores, pelas pressões da produtividade. E o trabalho remoto traz uma individualização física mesmo. Daí a importância do sindicato em trazer para esse professor que ele não está sozinho. São questões do trabalho que precisam ser pensadas e enfrentadas coletivamente, para construir uma resistência forte contra esse conjunto de mudanças".

Conversa com Fabiane Santana Previtali, professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e membro do Grupo de Pesquisa Metamorfoses do Mundo do Trabalho (Unicamp).

“Passamos os últimos quatro anos inundados por um discurso de banalização da violência e da naturalização do uso de armas como solução de conflitos. (...) Esse discurso, claro, chegou na escola, da maneira mais complicada que podemos pensar. (...) É preciso tomar cuidado para que soluções que estão sendo encaminhadas não tomem à frente de soluções decoloniais, da cultura de paz que a Educação representa. Não é trazendo um aparato repressivo para dentro da escola que a gente vai conseguir resolver isso. (...) Não abro mão de pensar na Educação como prática de liberdade. (...) Somos professoras e professores porque acreditamos que, pela Educação, podemos construir uma forma diferente de se relacionar com o conhecimento e de reação às violências”.

Ouça a conversa com Ednéia Gonçalves, socióloga, educadora e coordenadora-executiva da Ação Educativa.