Ela sempre vinha com conversas maldosas
descrita em palavras fogosas,
era excessivamente direta e alucinógena,
tinha aparência discreta e libido andrógina;
às vezes soltava faíscas raivosas.
outras fazia que não me queria,
repentinamente sumia,
em certas ocasiões me dava de simpatia,
gostava de ser a vadia
que nunca foi,
era a gótica e pintava os lábios com sangue de boi;
nas suas dicas furadas eu nunca caía,
até que um dia,
disse algo excitante,
disse que meu livro leria,
que me achava interessante,
ela tocou meu narcisismo,
eu, numa dose de romantismo
dei-lhe uma poesia,
“O grande desafio?
Achar o certeiro elogio,
ela há de tentar de novo,
será que ele ainda se fará de bobo?
Que se console
a menina a dois anos dando mole
O homem mais difícil de ser conquistado
é aquele que não sabe ser notado;
parece ter medo de clitóris,
relegando os pormenores,
a verdade
é que ele é covarde,
a cada vez, nova desculpa
para não entrar na vida adulta
mas a idade chega até o mais serelepe infante
não podendo ignorar a sensação relevante
que despertou-lhe o apelido “interessante””
Ela mal responde,
com desdém a singelidade do poema ofusca,
eu e minha mania de por combustível de avião em fusca,
a grandeza do verso à inspiração corresponde,
foi o que lhe disse na réplica,
ela me bloqueou antes que vivêssemos uma tréplica
Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.