Vôo alado
Homenagem ao Poeta e amigo João Paulo Lima
Eni Carajá Filho - Jokãntyhy
Catequizadores cristãos não entenderam o legado assumido por João.
Ofertaram lhe balas e fuzis em detrimento a paz, harmonia e união;
São os lances da vida encontrados na história firme e humana de João símbolo de cidadão.
Apesar de muitos muros, muretas e muralhas na frente do percurso João alçou.
Fez uma dança com porte de uma lança de sangue misturado em águas Fortalezas.
João cumprimentava os peixes que iria comer mesmo aqueles dos arrecifes guardados.
Parecia rio aquela água sonhada mas era um mar envolto a revoltas nesse surfar infinito.
Chegou em cidades do norte quando viu o choro sentido de uns e os falsos imitavam.
Arrastaram na areia fina e branca nas tardes de Lindóia, chamava para a vida e sorria.
Pouco sobrou nessa saga de ajudar os necessitados, João precisava de um copo não ofertado.
Pós enfrentar esse tsunami deparou com ruas enlamaçadas e o mar vigiava protegendo o olho.
As arvores foram embora mas o tronco ficou seguro pelo vento e pela chuva que não cessou.
Nessa luta diária a periferia comemorava cada vitória com muita alegria, viver era sinal do dia.
Saia intacto das confusões olhava para frente, prédios e mais moradores no total três milhões.
Corpos estirados após o copo secar, mesmo se faltasse água, energia, o sinal coletivo prevaleceria.
João contracolonizava aquelas e aqueles, que olhavam seu corpo com desdém, tirava a roupa e mostrava que não era diferente de ninguém.
Desocupados são aqueles que nos olha com jeito de piedade se precisamos apenas de oportunidade.
Com certo medo na garganta esse sujeito do pretérito futuro deixava a prótese descansar para a balada ir agitar.
Subia os morros e as locas da periferia de Maranguape com ar de alívio dizendo cheguei.
Contava em Fortaleza nas janelas de prédios brancos e de brancas o quanto é o sofrimento de uma gaiola grande cheia de gente impregnada de tormento.
Ônibus parado indeciso a forma de subir sob risco de acidente e de um futuro chão a assumir.
Nessa terra prometida ele não quis arriscar propôs ao criador liberdade sem cinismo para que alcançasse a meta de ser campeão em alpinismo.
Escreveu muitos poemas e a tantos dedicou, até montou um bar para quem não o observou.
Expressava em palavras duras a dureza do tempo vivido pelos fuzis expostos a criança tinha pouco sentido.
Lembrou de imediato esse tempo de pandemia onde a lógica do aparelho substituiu o amor e a harmonia.
Vida exportada e importada em valor de um coração indisposto que a autoridade a ciência negou.
Que Mané respiração o negócio era lucrativo, virar as costas para os outros achando que brilharia.
Mas que cidade em carnificina, João preferiu na sauna, no bar expressar aquilo que lhe impactava e mexia.
João colocava corpo em tudo desde a raiz até a imaginação e o amor alcançava com leveza e determinação.
Assim as flechadas certeiras derrubava cupidos e apresentava o lado indígena e caboclo sem farpa e sem discriminação.
Não adiantava vir com lordose, parestesia que ele tinha o remédio gratuito, enchia os corações com sua poesia.
Mesmo determinado ele seguia seu ritmo em almejar a pacificação e que todos um dia chegariam ao pleno amor e isso lhe valia.