25 de janeiro
O ÚNICO PRÊMIO
O que resta para ser apreciado? Isto, eu penso — limitar nossa
ação ou inação apenas ao que está de acordo com as
necessidades de nossa preparação [...] é nisso que consistem os
esforços da educação e do ensino — aqui está a coisa a ser
apreciada! Se conseguires isso, vais parar de tentar conquistar
todas as outras coisas. [...] Se não o fizeres, não serás livre,
autossuficiente ou liberto da paixão, mas necessariamente cheio
de inveja, ciúme e desconfiança por quem quer que tenha o
poder de tomá-las, e vais conspirar contra aqueles que têm o
que aprecia. [...] No entanto, respeitando e apreciando tua
própria mente, agradarás a ti mesmo e estarás em mais
harmonia com teus semelhantes e mais sintonizado com os
deuses — louvando tudo que eles puseram em ordem e
atribuíram a ti.
MARCO AURÉLIO, MEDITAES, 6.16.2B-4A
Warren Buffett, cuja fortuna líquida é de aproximadamente 65 bilhões de
dólares, vive na mesma casa que comprou, em 1958, por 31.500 dólares. John
Urschel, um atacante do time de futebol americano Baltimore Ravens, recebe
milhões, mas vive com 25 mil dólares por ano. A estrela do time de basquete
San Antonio Spurs, Kawhi Leonard, circula por aí no mesmo Chevy Tahoe de
1997 desde a adolescência, mesmo tendo um contrato de cerca de 94 milhões
de dólares. Por quê? Não porque sejam avarentos. É porque as coisas que
importam para eles são baratas.
Buffett, Urschel e Leonard não acabaram desse jeito por acaso. O estilo de
vida deles é resultado de priorização. Eles cultivam interesses que estão sem
dúvida abaixo de seus recursos financeiros, e, em consequência, qualquer
renda lhes proporcionaria liberdade para buscar as coisas que mais lhes
interessam. Acontece simplesmente que eles enriqueceram acima de qualquer
expectativa. Esse tipo de clareza — sobre aquilo que eles mais amam no
mundo — significa que eles podem aproveitar a vida. Significa que ainda
seriam felizes mesmo se houvesse uma reviravolta nos negócios ou se suas
carreiras fossem interrompidas por uma lesão.
Quanto mais coisas desejamos e mais temos de fazer para ganhar ou
alcançá-las, menos aproveitamos verdadeiramente a vida — e menos livres
somos.