O episódio de hoje parte de uma pergunta: “quem é considerada mulher” em uma sociedade constituída por tantos marcadores que segregam? É importante demarcar a fala e para quem a ativista Soujouner Trouth falava, quando levantou essa questão: a mulheres brancas de classe média. Sim, os movimentos sociais, inclusive o feminismo, também são pautados por esses marcadores. E assim o são por uma questão que requer cuidado em seu trato: nós, as bandeiras que levantamos, os caminhos que percorremos, são retratos de nossa formação social. Subverter essa formação, colocá-la em cheque, tencionar visões, é função dos movimentos sociais mas também dos pesquisadores que refletem, estudam e produzem conhecimento sobre eles. Monique Wittig, sobre a sociedade heterossexual é taxativa ao dizer que a “categoria sexo é a categoria política que funda a sociedade heterossexual”. E seguindo o pensamento de Witting, Buttler, filósofa estadunidense, nos apresenta em seu pensamento a ideia de que a heterossexualidade compulsória e o falocentrismo são as categorias que devem ser problematizadas para compreendermos como a sociedade, a partir do sexo, constrói suas segregações, exclusões e demarca corpos que devam ser reconhecidos e os que são postos como corpos para a servidão, além dos que são considerados matáveis. Sim, o sexo é uma das categorias que devemos pensar no momento de tentar compreender as exclusões e invisibilidades impostas nas relações sociais hegemônicas da sociedade capitalista patriarcal. Daí a importância de compreendermos que as análises devam ser feitas a partir de um olhar interseccional sobre as realidades que nos são apresentadas, assim como as lutas sociais, dentre elas, o feminismo, que deve se fazer a partir das intersecções que são construídas historicamente nos corpos e nas imagens do ser mulher. Pensando em Beauvoir, compreendemos que o ser mulher é construção, é social, é subjetividade, é sentir, é estar no mundo. Nossa sororidade necessita ser interseccional, pois não corroboramos com as segregações e exclusões que nos são impostas. Para falar sobre isso e como s apresenta esta realidade dentro da universidade, hoje conversamos com a pesquisadora trans Fernanda Bravo, cientista social e mestranda em psicologia pela Universidade Federal do Ceará e que pesquisa o direito o acesso à educação superior de pessoas trans. Vocês nos encontram no Twiter: @PodcastElas, no Instagram: @elaspesquisam e agora também no Youtube: Elas Pesquisam. Nosso e-mail de contato é [email protected].