Estudo da metafísica do livro de exercícios de Um Curso em Milagres.

LIÇÃO 263

”A minha santa visão vê todas as coisas puras.”

A visão santa nesta lição é vivenciada pelo observador que identifica-se apenas com Cristo, identifica-se sendo apenas a extensão da Totalidade.

Por isso é tão importante compreender a experiência do observador da consciência, que é construída na primeira parte do Livro de Exercícios.

O observador é a mentalidade que nota/examina/observa tudo o que a consciência parece estar ciente; formas, limites, imagens, corpos, pensamentos e emoções, etc, e pratica não envolver-se.

Assim, reduz o investimento da consciência separada em tornar as ilusões reais. Nesta posição, a consciência pode ser ajustada para identificar-se apenas com a Totalidade.

Ao retirar o foco do mundo e tudo o que envolve a percepção, principalmente o corpo, é possível compreender a visão de Cristo.

O que é a visão de Cristo?

É como Cristo pensa/sente-se diante das ilusões. Cristo, a extensão da Totalidade, sabe que é incorruptível, logo não reage às ilusões pois sabe que são sem significado e nem mesmo estão ali.

Ver todas as coisas puras significa que elas não afetam a extensão da existência, o Filho de Deus e o próprio Deus.

As coisas, então, não são boas nem más, grandiosas ou pequenas, desejáveis ou indesejáveis, são apenas sem significado pois não existem.

“A minha santa visão vê todas as coisas puras”.

A identificação do observador apenas com a Totalidade o faz compreender o modo de pensar de Cristo sobre todas as ilusões: Cristo não vê mundo pois sabe que é a imagem e semelhança de Deus.

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LIÇÃO 262

”Que eu não perceba diferenças hoje.”

Não perceber diferenças é impossível enquanto o observador vê-se dentro do corpo.

Pois o corpo é uma referência de diferença, é o ponto central que valida que diferenças existem. Basta colocar um corpo ao lado de qualquer outra imagem e as diferenças são evidentes.

Assim, aquele que se vê dentro do corpo automaticamente está autodefinindo-se como sendo uma parte diferente. E se há partes diferentes, não há Deus, pois Deus é apenas Totalidade.

Então, o corpo deve ser visto como algo totalmente sem significado. Isso já foi ensinado desde a primeira lição do Livro de Exercícios: “Nada do que eu vejo neste significa coisa alguma”.

O corpo também parece ser percebido pela consciência, no entanto, a consciência acredita perceber outras coisas a partir do corpo, gerando o equívoco de imaginar que é o corpo que percebe.

Por isso, enquanto o corpo for visto com algum nível de realidade, a experiência de que não existe diferenças pois só existe unidade ainda será obscurecida.

Na decisão de aceitar o corpo como nada, a consciência reconhece a liberdade da mente, então, o observador pode direcionar o foco apenas para Ser a Realidade imutável.

Ao reconhecer-se apenas em Deus, e com a certeza de que não é um corpo buscando esse reconhecimento, o observador reconhecer que há apenas Totalidade, que uma coisa só.

A experiência de não ver diferenças é reconhecida na Totalidade, não em imagens.

O Filho de Deus não tem nome, é como Deus em integridade.

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LIÇÃO 261

”Deus é o meu refúgio e a minha segurança.”

A consciência de separação utiliza as formas, os limites, o mundo e principalmente o corpo como um refúgio — imaginando resolver a interpretação de ameaça que surge do alinhamento com o pensamento de separação.

No entanto, a única coisa que acontece é tornar o senso de ameaça ainda mais real, porém, agora completamente esquecido na inconsciência.

Por isso, agora, sentindo-se um corpo, continua a imaginar poder resolver a ameaça pensando ter um refúgio através de coisas feitas pelo corpo: casa, carro, bens materiais, pessoas, eventos, trabalho e etc.

Enquanto o observador perceber a existência desse modo, o senso de ameaça continua a ser validado na consciência, mesmo a ameaça não sendo possível na Realidade.

A correção verdadeira tem que ocorrer na causa: o senso de separação deve deixar ser praticado na consciência.

O senso de ser invulnerável, de ser um Ser que não sente ameaça, só pode ser experienciado na Totalidade, nem em um corpo.

Dá-se a importância de aceitar o corpo como totalmente sem significado.

Deus é o meu refúgio e minha segurança, pois sou a imagem e semelhança de Deus.

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“O corpo é uma cerca que o Filho de Deus imagina ter construído para separar partes do seu Ser de outras partes.”

O observador que interpreta a existência a partir do corpo como se fosse real, imagina que a salvação ou liberação acontecerá em um tempo futuro.

Nesse sentido, chama a salvação de “processo”.

No entanto, o que Jesus garante é que a salvação é imediata. Pois a salvação é apenas o reconhecimento da Realidade que permanece à salvo.

No entanto, para que isso seja compreendido na experiência, o corpo deve percebido como totalmente sem significado, nem bom nem mau, apenas visto como não existente.

A consciência imagina o corpo como uma forma de fuga da interpretação equivocada de que está separada de Deus e pode ser punida. Percebê-lo como real é o alívio da consciência para não olhar para o medo da ideia separação.

Por isso, enquanto o corpo não passar a ser visto como nada pelo observador, ele se confundirá com os mecanismos da consciência em resolver o medo através de coisas, pessoas, apegos no mundo. E desta forma, o medo ainda se sustentará.

O observador não está sendo convidado a esforçar-se para abandonar o corpo. Mas está sendo convidado a aceitar que o corpo nem mesmo existe para ser abandonado.

Quando a interpretação de que o corpo é real muda para a certeza de que apenas a Totalidade é real, o corpo não serve mais para esconder o medo da consciência.

E assim, a ideia de separação pode ser vista também como uma ilusão: nada.

E desta forma, o medo acaba. E o corpo passará a ser usado como ferramenta para demonstrar a invulnerabilidade do sistema de pensamento que o observador segue.

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LIÇÃO 260

”Que eu me lembre de que Deus me criou.”

Mesmo no universo da percepção, onde tudo serve para confirmar a ideia de separação, é fácil ver que a consciência não tem o controle da vida, como imagina ter através do corpo.

Se focalizarmos apenas neste instante é óbvio ver que não há esforço nenhum, nem mesmo sequer um pensamento que a consciência precisa ter para manter a vida existindo.

O existir imutável e constante permanece sendo o que é sem nenhum esforço.

No entanto, através do erro de percepção praticado pela consciência, a arrogância está em associar a vida a algo a mais — e então, parece que a vida agora depende das coisas que o corpo faz.

E essa é a causa de todo o medo, transtorno ou falta de paz.

Não importa a forma que pareça tomar ou a aparente relação com o mundo, sempre há o mesmo equívoco por traz: a ideia de que a existência depende de alguma coisa temporária e está comprometida pelas coisas do tempo.

Ou seja, enquanto esse equívoco for o centro da identificação de existência do observador, o medo perdurará.

No entanto, da mesmo forma pode-se focalizar no eterno aqui e Agora, ciente de que não está submetido ao corpo e todas as coisas em envolvem o corpo, e assim ver a experiência de que o que Deus cria é perfeito.

Esse é o convite da lição de hoje.

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LIÇÃO 259

”Que eu me lembre de que não existe pecado.”

Pecado é separação. Que eu me lembre de que não existe separação.

Portanto, sou como Deus agora, neste instante.

Isso também significa que a pessoa que chamo de “eu” não existe. Pois Deus é Totalidade.

Há uma tendência da consciência de separação em pensar em Deus como se fosse algo extraordinário, inatingível e espetaculoso, ao invés de natural.

Isso porque o vício da consciência é em validar o pecado: tentar afirmar continuamente que é separada, é menor que Deus. E assim empreende buscas incessante até mesmo para alcançar Deus.

Lembrar que não existe pecado significa retirar todo o senso de busca da consciência, e o observador descansa na certeza de saber que é a imagem e semelhança de Deus.

Se essa experiência realmente é buscada com honestidade, então, o descanso acontece agora.

E a experiência de esforço não é a base da convicção.

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LIÇÃO 258

”Que eu me lembre de que a minha meta é Deus.”

Mais uma vez a lição do dia reforça a convicção em manter-se numa única meta diante das ilusões.

O detalhe importante é que a meta é sempre dirigida pelo querer. E a mente sempre investe atenção naquilo que quer.

Se o convite que está sendo feito é para manter a mente alinhada com a Totalidade, isso parecerá difícil somente se a mente não quiser que seja assim.

Pois o investimento só pode estar ainda para as ilusões.

Podemos perceber isso quando entramos em contato com qualquer parte da metafísica de Um Curso Em Milagres que aceitamos fazer sentido, no entanto, no instante seguinte muitas vezes já estamos esquecidos daquilo que ouvimos.

Isso mostra que a mente desvaloriza a lembrança da verdade. Efeito da ideia da negação da Totalidade.

Porém, se o querer for direcionado para a Totalidade com real honestidade, torna-se simples passar todos os instantes lembrando apenas que Deus É.

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LIÇÃO 257

”Que eu me lembre de qual é o meu propósito.”

A lição de hoje reforça a importância da persistência na meta de reconhecer-se Deus como a única Realidade.

De formas simples, tudo acontece a partir de uma única decisão:

Se a decisão do observador é permanecer alinhado com o senso de separação, então, ele terá muitos propósitos.

E estes são divididos e opostos ao mesmo tempo. Pois a meta da separação é a divisão.

Assim, a percepção de existir do “eu” é sempre um estado de confusão, capenguisse, pequenez e falta de convicção.

Da mesma forma, se a decisão é pela certeza de que apenas a Totalidade é real, assim, o único propósito sobre as ilusões é o perdão.

E, então, o observador usará todos os convites à separação como setas para manter-se no único propósito.

E a sua vivência diante das ilusões será sempre uma resposta imediata e coerente, não confundindo-se com os equívocos, pois sabe que a sua realidade permanece intocada.

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LIÇÃO 256

”Hoje, Deus é a minha única meta.”

A palavra “hoje” nesta frase não representa o “dia de hoje” que parece que o corpo vai cumprir, pois isso remete ainda a uma noção de tempo.

Mas refere-se à este instante. Significa que o observador aceita que a sua única realidade é apenas Deus agora.

O perdão é a decisão do observador pela aceitacão de que a Criação de Deus não pode ser mudada.

E onde isso pode ser aceito? Somente neste instante.

E por isso, o perdão não é um processo no sentido de tempo.

Quando o observador aceita que o que mais quer é apenas Deus, e permanece com essa única lembrança acima de todas as coisas diante das ilusões, principalmente o corpo, ele está no perdão agora.

Neste instante, essa única decisão desfaz todas as ilusões agora, inclusive o tempo.

O engano nos fragmentos de consciência é imaginar que mudança de percepção irá ocorrer no futuro.

Nisso a arrogância de afirmar que a criação de Deus pode ser mudada permanece sendo a identificação de existência do observador agora, ao confundir-se com a consciência de separação.

Para desfazer isso, somente a convicção de a Realidade não pode ser ameaçada. Este é o convite da lição de hoje.

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LIÇÃO 255

”Escolho passar este dia em perfeita paz.”

A grande distorção na consciência de separação é imaginar poder associar a existência com algo a mais.

Todo o universo de formas é uma tentativa de confundir realidade e ilusão.

E dentro dessa associação falsa, a paz é interpretada através da busca de coisas, estando sempre dependente de algo.

Os fragmentos de consciência que veem-se corpos são viciados em chamar de paz a satisfação através de coisas feitas através do corpo.

A paz é confundida com a busca e realização do prazer. E nesse sentido não se percebe que a base para interpretar a paz é o princípio da escassez.

Ou seja, enquanto tentarmos compreender a paz através do corpo, estamos apenas distorcendo a visão da Realidade que onde a paz já está.

O convite desta lição é deixar de confundir realidade e ilusão.

A paz nunca foi perdida, portanto, permanece aqui e Agora sendo o que É.

No entanto, enquanto cada fragmento permanece iludido imaginando que a existência mistura-se com as formas, a paz parece não ser vista.

E somente nesse sentido é que parece haver uma dificuldade de ser a paz agora, pois os fragmentos já estão com a visão distorcida da paz.

Quando o observador deixa de interpretar a vida a partir do corpo e passa a perceber ilusões apenas como ilusões, ou seja, todas já estão fora da Realidade imutável, então, passar um dia em perfeita paz torna-se algo simples e natural.

Passar o dia em paz é lembrar que não há escolha de ser algo separado de Deus. Logo, a percepção de separação (mundo, corpos e coisas) é apenas uma ilusão.

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