Nessa viagem de volta às origens da Humanidade, conversamos sobre algumas interpretações nossas do que é Design, e como a união entre forma, função e simbologia está intrínseca em nós desde os primórdios, o que indica que a estética parece não ser algo opcional para nós, Primatas.
"O Design se parece com uma filosofia, um estilo de enxergar e perceber o mundo. É algo que vai pautar como você vai fazer as coisas e modificar o mundo de fato."
No seu sentido mais abrangente e essencial, o Design pode ser definido como a disciplina que cria o artificial através do natural. Hoje podemos considerá-la como o encontro entre o analítico e o sintético, o objetivo e o subjetivo, e por isso engloba a ciência, a tecnologia, as humanidades e as artes, mas também outros fatores como sustentabilidade, questões éticas e até mesmo entendimentos de futuro, porque o Design nunca é, o Design sempre está.
"A busca pelo equilíbrio aparentemente sem motivo algum..."
A primeira "mão-chadinha" (ou machadinha de mão) da História pode ter mais de 1,5 milhões de anos. Muito diferente do que se imagina, esse objeto não era totalmente rústico, com finalidades somente práticas. Os níveis de detalhamentos e simetrias indicam que, para além de questões de utilidade, eficiência e segurança, nossos antepassados compartilhavam uma subjetividade que se mantém até hoje: a comoção e o interesse pelo que é belo.
"Para que serve uma joia? Se ela encanta, essa pode ser sua função, e portanto ela também é um artifício."
Um artifício é algo que não é produzido pela natureza, mas sim através de uma técnica. Sabe-se que alguns artifícios criados pelos nossos antepassados foram extremamente revolucionários — a exemplo do domínio do fogo e a Revolução Cognitiva —, mas uma questão permanece em aberto: a mão-chadinha era uma ferramenta para cortar, uma joia para ostentar ou as duas coisas?
"Às vezes uma caverna pode ser muito mais interessante, e contar muito mais histórias, do que diversos escritórios descolados por aí."
A beleza e a sensação de pertencimento não são coisas tangíveis, elas existem apenas como sentimentos prazerosos. Apesar da subjetividade e individualidade desses sentimentos, as conexões profundas têm origens milenares e fazem parte de todos nós, Primatas. Pesquisas recentes mostraram, por exemplo, que a beleza de uma cidade pode causar maior felicidade e menor stress, até mesmo em comparação com a segurança e a limpeza dessa cidade.
"Quando o ser humano cria uma nova camada de significado, não volta atrás nem pra pegar impulso..."
As necessidades e os interesses sempre impulsionaram o domínio da natureza e a criação de novas tecnologias, para o próprio conforto da comunidade. Mas quando alteramos o meio em que vivemos, alteramos também a própria realidade. Artefatos, métodos, recursos, ferramentas, inteligência artificial... mesmo na mudança e na inovação, sempre há busca pela familiaridade e pela segurança, o que também inclui as subjetividades e os simbolismos.
Nosso quadro de dicas digeridas e recomendações relacionadas (ou não) ao tema:
[Livro] Sapiens - Uma Breve História da Humanidade, de Yuval Noah Harari (2011).
[Livro] O Despertar de Tudo, de David Graeber e David Wengrow (2022).
[Podcast] Genesis Object, da 99%invisible (disponível somente em inglês).
[Netflix] Salt Fat Acid Heat.
[YouTube] Canal Kurzgesagt.
[YouTube] Canal Primitive Technology.
Designer estrategista e de negócios, bacharel em design industrial e design digital, com mais de 13 anos de experiência simplificando a inovação para empresas, especialista em UX & CX, branding e disseminador da inovação aberta.
Esse episódio é uma realização Primata Criativo e Estúdio Santeria.