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Após dez dias intensos de competições, os Jogos Paralímpicos de Paris chegam hoje ao fim encerrando um capítulo de ouro da capital francesa. A RFI entrevistou Andrew Parsons, presidente do Comité Paralímpico Internacional, e ele garantiu que estes foram os Jogos mais espectaculares de sempre e que o sucesso junto do público vai fortalecer o papel do desporto paralímpico em todo o Mundo.
RFI: Disse que estes tinham de ser os Jogos Paralímpicos mais espectaculares de sempre. São?
Andrew Parsons: Sem dúvida, estes são os Jogos Paralímpicos mais espectaculares da História. Paris 2024 é a referência e a nova referência, o novo benchmark para qualquer futura edição dos Jogos Paralímpicos. Isso em termos da organização dos jogos, da promoção dos jogos, da experiência dos atletas. O que nós vimos aqui foi incrível do ponto de vista das instalações, o público, a atmosfera que foi criada para os atletas e o esporte. Os atletas tiveram performances melhores do que nunca.
Havia muitas dúvidas em relação à adesão do público para estes Jogos Paralímpicos. Nós vimos estádios cheios, vimos arenas cheias também nesses Jogos Paralímpicos?
Vimos arenas cheias em todas as modalidades desportivas. Às vezes, pela manhã, em atletismo e natação, em número menor, mas em provas preliminares de modalidades colectivas, foi um sucesso absoluto. 2,5 milhões de bilhetes vendidos. É uma marca histórica, mas mais importante do que isso, do que os números, a qualidade e a interacção entre os espectadores e os atletas. E isso aconteceu aqui de uma forma incrível.
E que lições é que se pode tirar para Los Angeles em 2028? Do que correu bem e do que correu menos bem? Ou, se quiser, podemos dizer do que correu mal.
Eu acho que o fundamental é adequar os jogos à ambição de cada país, enquanto cidade, enquanto movimento desportivo. E acho que isso Paris fez muito bem. Existe um legado enorme dos jogos do ponto de vista desportivo, mas também um legado enorme do ponto de vista social. A acessibilidade na cidade melhorou de uma forma incrível. Comparamos Paris de hoje com Paris há sete anos, quando eles foram eleitos sede para estes jogos e mudou. Mas vão continuar evoluindo. Os Jogos Paralímpicos são um acelerador, um catalisador. Não é um ponto final. O metro foi anunciado agora há pouco tempo. Há a intenção de tornar todo o sistema de metro de Paris acessível. Isso é um processo de 20 anos e o importante é que a sociedade francesa e parisiense continua esse processo de mudança.
O que se tem falado é que esse processo de mudança não diz respeito aos atletas que estão aqui a concorrer ou às pessoas que atualmente tem deficiências. Podem dizer respeito a todos nós porque não sabemos o que nos vai acontecer amanhã. E se tudo correr bem, um dia, um dia seremos mais velhos e precisaremos de mais ajuda, não é?
O fundamento principal de acessibilidade é que é para todos. Então, se nalgum momento das nossas vidas nós vamos ter necessidades de mobilidade maiores do que nós temos agora, se a gente adquire uma deficiência, se ficarmos mais velhos, uma mulher que pode engravidar e, obviamente, temporariamente, vai ter uma necessidade maior de mobilidade. Crianças, bebés com carrinhos. O princípio da acessibilidade é exactamente esse desenho universal e é para todos, não é só para pessoas com deficiência. Segregar também é muito complicado. Quando você coloca as pessoas com deficiência segregadas, do género elas só vão andar por aqui e as pessoas sem deficiência por ali, não está fazendo um favor para a sociedade.
Fala se muito então de igualdade nestes Jogos Paralímpicos. Mas como é que é possível ter igualdade se muitas vezes o que vemos é um grande financiamento para os Jogos Olímpicos e um financiamento mais pequeno para os Jogos Paralímpicos, especialmente para os atletas a nível de bolsas, a nível de oportunidades de treino. Estes jogos dão mais argumentos ao vosso comité para nos próximos quatro anos fazerem evoluir essa situação?
Sem dúvida que sim e eu penso que está evoluindo no mundo. Existem muitos países hoje que investem mais no desporto paralímpico e onde, por exemplo, o prémio por medalhas é igual, seja ele vindo de governos ou de entidades desportivas. Claro que o nosso movimento é mais jovem e mais novo do que o movimento olímpico, que tem mais de 120 anos de história. Então, nós ainda em muitos países, estamos nesse processo de crescimento, como na sociedade. Se a gente pensar onde a gente está na sociedade em termos de reconhecimento, em termos de retirar as barreiras para as pessoas com deficiência, nós ainda estamos evoluindo, estamos longe de onde a gente quer estar. Então, acho que o movimento paralímpico vem talvez puxando essa mudança na sociedade, mas ainda não estamos onde queremos.
E a nível de treino, a nível de ir buscar as pessoas, o trabalho do comité também é esse especialmente quando falamos de países com menos recursos. Neste momento vocês estão a pensar com todas as pessoas que encontraram aqui novos programas exactamente para tentar ir buscar ou alargar pequenas delegações que tinham vindo, por exemplo, um ou dois atletas e que em Los Angeles, por exemplo, possam vir quatro ou cinco?
Essa é a ideia. É por isso que nós estamos trabalhando com outros organismos fora do desporto. Nós lançámos aqui uma parceria que pensamos que será muito forte com a UNESCO e com os governos de vários países, porque, obviamente, a ideia é que países em desenvolvimento possam ter mais oportunidades para o desporto, para as pessoas com deficiência e até países que ainda não têm o desporto paralímpico implementado ou organizado.
E mais mulheres?
Mais mulheres é fundamental. Esse é o objetivo nosso chegar aos 50% a 50% nos Jogos de 2032 em Brisbane. E nestes jogos nós chegámos a 45% das atletas mulheres. Não estamos satisfeitos com isso. Temos que chegar aos 50/50. Existem razões sociais, principalmente no que diz respeito às pessoas que adquirem deficiências do impacto maior no público masculino, mais envolvido em episódios de violência e acidentes. Então, existe aí uma participação talvez maior de homens no que diz respeito a pessoas com deficiência. Mas é um movimento nosso, movimento por igualdade de oportunidades.
Muita gente descobriu nestes Jogos Olímpicos o CeciFoot, outros desportos e vibram tanto como se como se vibra no futebol só como é que se faz com que estas modalidades sejam conhecidas e e que possam ser vistas quando muitas vezes os episódios acontecem de quatro em quatro anos? Há uma discussão sobre, por exemplo, direitos de reprodução nas televisões. Há ideias para isto?
Na verdade, existe um calendário paralímpico permanente. todos os fins de semana há eventos paralímpicos acontecendo. Claro, nós temos os mesmos desafios que o desporto olímpico, o que acontece entre os jogos? E aí precisamos de investimento, dos meios de comunicação com uma presença maior nos eventos, que não são apenas os Jogos Paralímpicos. O interesse cresce, há uma demanda e é esse talvez seja o próximo passo. Precisávamos que os Jogos Paralímpicos fossem grandes, fossem relevantes. Eu penso que desde Pequim a gente tem conseguido isso. Agora, consolidar com esses jogos foram os mais espectaculares da história. E agora também trabalhar o que acontece entre os jogos.
E novas modalidades?
Nós abrimos um processo para essas novas modalidades se apresentarem. É claro que precisamos que sejam desportos globais, que se desenvolvam em três continentes, pelo menos. Também é preciso pensar o que essas modalidades representam dentro do contexto dos jogos, Qual população a que se destinam em termos de atletas, em termos de público, Uma nova modalidade em 2028 é a para-escalada. Para Brisbane o processo vai ser aberto em cerca de dois anos e a gente está de olho em novas modalidades. Sim.
O desporto, muito para além da questão da saúde física para uma pessoa com deficiência, é claro, e também para as pessoas sem deficiência. É claro que há também a questão da saúde mental, mas é sobretudo o laço social para as pessoas com deficiência. Tirar as pessoas de casa e fazer com que as pessoas se sintam inseridas numa sociedade, não?
O desporto é positivo para todo mundo e as pessoas com deficiência não são diferentes. A maioria das pessoas que praticam desporto no mundo jamais chegarão a uma Olimpíada. Mas os atletas são as referências. Essas são as pessoas que nos inspiram a praticar desporto. A pessoa com deficiência vai praticar desporto por saúde, por lazer, por integração, por sair de casa muitas vezes. E o treino ou actividade desportiva é o grande momento da semana daquela pessoa, seja ela qual seja ela sem deficiência. Então, queremos que isso seja oferecido também às pessoas com deficiência na escola, nos clubes sociais.
Se tiver de convencer um amigo que tenha algum tipo de deficiência a praticar desporto, o que é que lhe diz para motivar?
Primeiro, mostrar que o desporto é uma experiência positiva. Então que ele vai ser primeiro, que vai se divertir, que vai ter um momento importante, que vai ser para sua saúde. Quando as pessoas que praticam o desportosimplesmente para para compensar outros hábitos que elas têm, sejam para manter um físico melhor, a saúde melhora. E esses benefícios todos vêm. Então existem uma série de diferentes formas de envolver. Agora, acho que importante também é o desporto na escola, a pessoa com deficiência, principalmente com a educação inclusiva. É importante que a educação seja inclusiva também na educação física. Muitas vezes a educação física é subestimada, mas ela é muito, muito importante de atrair aquela criança, aquele jovem, para o desportoe não para se tornar um campeão paralímpico ou olímpico. Mas para você tem valores importantes de liderança, resiliência, trabalho em equipa, disciplina e saúde.
São os jogos mais espectaculares de sempre. Quais é que são os momentos mais espcetaculares para si? O que é que viveu aqui que fica na sua memória nesses Jogos Paralímpicos?
Para mim, alguns momentos foram muito importantes a cerimónia de abertura, sem dúvida nenhuma, foi um momento incrível, porque foi a primeira vez fora de um estádio tradicional no coração da cidade. Então nós sentimos o momento paralímpico sendo abraçado pela cidade de Paris, pelo povo francês, com a mensagem correcta. Outro momento especial foi quando a primeira medalha conquistada por uma atleta refugiada no taekwondo com a Zakia Khudadadi. Eu lembro da trajectória dela desde que ela chegou a Tóquio depois de ser evacuada do Afeganistão, numa operação espectacular que culminou com a participação dela em Tóquio e aqui. Depois de a ver treinando por três anos com condições, o que ela foi capaz? Então é mais um sinal, mais uma prova de que se você retirar as barreiras, as pessoas com deficiência podem fazer qualquer coisa, mesmo os refugiados numa situação tão difícil.
O que é que nos pode dizer sobre a cerimónia de fim destes Jogos Paraolímpicos hoje à noite? Há alguma coisa que possa revelar?
Vai ser uma grande festa. Eu acho que já foram anunciados aí uns 20 DJs franceses. A ideia é que os atletas e as delegações possam celebrar. A cerimónia de abertura, normalmente, define o tom da Paraolimpíada e a cerimónia de encerramento, na minha visão, é uma grande celebração. Então vão haver os elementos de protocolo, vão haver os momentos de reconhecer as delegações mas também vai ser uma grande festa.
Após dez dias intensos de competições, os Jogos Paralímpicos de Paris chegam hoje ao fim encerrando um capítulo de ouro da capital francesa. A RFI entrevistou Andrew Parsons, presidente do Comité Paralímpico Internacional, e ele garantiu que estes foram os Jogos mais espectaculares de sempre e que o sucesso junto do público vai fortalecer o papel do desporto paralímpico em todo o Mundo.
RFI: Disse que estes tinham de ser os Jogos Paralímpicos mais espectaculares de sempre. São?
Andrew Parsons: Sem dúvida, estes são os Jogos Paralímpicos mais espectaculares da História. Paris 2024 é a referência e a nova referência, o novo benchmark para qualquer futura edição dos Jogos Paralímpicos. Isso em termos da organização dos jogos, da promoção dos jogos, da experiência dos atletas. O que nós vimos aqui foi incrível do ponto de vista das instalações, o público, a atmosfera que foi criada para os atletas e o esporte. Os atletas tiveram performances melhores do que nunca.
Havia muitas dúvidas em relação à adesão do público para estes Jogos Paralímpicos. Nós vimos estádios cheios, vimos arenas cheias também nesses Jogos Paralímpicos?
Vimos arenas cheias em todas as modalidades desportivas. Às vezes, pela manhã, em atletismo e natação, em número menor, mas em provas preliminares de modalidades colectivas, foi um sucesso absoluto. 2,5 milhões de bilhetes vendidos. É uma marca histórica, mas mais importante do que isso, do que os números, a qualidade e a interacção entre os espectadores e os atletas. E isso aconteceu aqui de uma forma incrível.
E que lições é que se pode tirar para Los Angeles em 2028? Do que correu bem e do que correu menos bem? Ou, se quiser, podemos dizer do que correu mal.
Eu acho que o fundamental é adequar os jogos à ambição de cada país, enquanto cidade, enquanto movimento desportivo. E acho que isso Paris fez muito bem. Existe um legado enorme dos jogos do ponto de vista desportivo, mas também um legado enorme do ponto de vista social. A acessibilidade na cidade melhorou de uma forma incrível. Comparamos Paris de hoje com Paris há sete anos, quando eles foram eleitos sede para estes jogos e mudou. Mas vão continuar evoluindo. Os Jogos Paralímpicos são um acelerador, um catalisador. Não é um ponto final. O metro foi anunciado agora há pouco tempo. Há a intenção de tornar todo o sistema de metro de Paris acessível. Isso é um processo de 20 anos e o importante é que a sociedade francesa e parisiense continua esse processo de mudança.
O que se tem falado é que esse processo de mudança não diz respeito aos atletas que estão aqui a concorrer ou às pessoas que atualmente tem deficiências. Podem dizer respeito a todos nós porque não sabemos o que nos vai acontecer amanhã. E se tudo correr bem, um dia, um dia seremos mais velhos e precisaremos de mais ajuda, não é?
O fundamento principal de acessibilidade é que é para todos. Então, se nalgum momento das nossas vidas nós vamos ter necessidades de mobilidade maiores do que nós temos agora, se a gente adquire uma deficiência, se ficarmos mais velhos, uma mulher que pode engravidar e, obviamente, temporariamente, vai ter uma necessidade maior de mobilidade. Crianças, bebés com carrinhos. O princípio da acessibilidade é exactamente esse desenho universal e é para todos, não é só para pessoas com deficiência. Segregar também é muito complicado. Quando você coloca as pessoas com deficiência segregadas, do género elas só vão andar por aqui e as pessoas sem deficiência por ali, não está fazendo um favor para a sociedade.
Fala se muito então de igualdade nestes Jogos Paralímpicos. Mas como é que é possível ter igualdade se muitas vezes o que vemos é um grande financiamento para os Jogos Olímpicos e um financiamento mais pequeno para os Jogos Paralímpicos, especialmente para os atletas a nível de bolsas, a nível de oportunidades de treino. Estes jogos dão mais argumentos ao vosso comité para nos próximos quatro anos fazerem evoluir essa situação?
Sem dúvida que sim e eu penso que está evoluindo no mundo. Existem muitos países hoje que investem mais no desporto paralímpico e onde, por exemplo, o prémio por medalhas é igual, seja ele vindo de governos ou de entidades desportivas. Claro que o nosso movimento é mais jovem e mais novo do que o movimento olímpico, que tem mais de 120 anos de história. Então, nós ainda em muitos países, estamos nesse processo de crescimento, como na sociedade. Se a gente pensar onde a gente está na sociedade em termos de reconhecimento, em termos de retirar as barreiras para as pessoas com deficiência, nós ainda estamos evoluindo, estamos longe de onde a gente quer estar. Então, acho que o movimento paralímpico vem talvez puxando essa mudança na sociedade, mas ainda não estamos onde queremos.
E a nível de treino, a nível de ir buscar as pessoas, o trabalho do comité também é esse especialmente quando falamos de países com menos recursos. Neste momento vocês estão a pensar com todas as pessoas que encontraram aqui novos programas exactamente para tentar ir buscar ou alargar pequenas delegações que tinham vindo, por exemplo, um ou dois atletas e que em Los Angeles, por exemplo, possam vir quatro ou cinco?
Essa é a ideia. É por isso que nós estamos trabalhando com outros organismos fora do desporto. Nós lançámos aqui uma parceria que pensamos que será muito forte com a UNESCO e com os governos de vários países, porque, obviamente, a ideia é que países em desenvolvimento possam ter mais oportunidades para o desporto, para as pessoas com deficiência e até países que ainda não têm o desporto paralímpico implementado ou organizado.
E mais mulheres?
Mais mulheres é fundamental. Esse é o objetivo nosso chegar aos 50% a 50% nos Jogos de 2032 em Brisbane. E nestes jogos nós chegámos a 45% das atletas mulheres. Não estamos satisfeitos com isso. Temos que chegar aos 50/50. Existem razões sociais, principalmente no que diz respeito às pessoas que adquirem deficiências do impacto maior no público masculino, mais envolvido em episódios de violência e acidentes. Então, existe aí uma participação talvez maior de homens no que diz respeito a pessoas com deficiência. Mas é um movimento nosso, movimento por igualdade de oportunidades.
Muita gente descobriu nestes Jogos Olímpicos o CeciFoot, outros desportos e vibram tanto como se como se vibra no futebol só como é que se faz com que estas modalidades sejam conhecidas e e que possam ser vistas quando muitas vezes os episódios acontecem de quatro em quatro anos? Há uma discussão sobre, por exemplo, direitos de reprodução nas televisões. Há ideias para isto?
Na verdade, existe um calendário paralímpico permanente. todos os fins de semana há eventos paralímpicos acontecendo. Claro, nós temos os mesmos desafios que o desporto olímpico, o que acontece entre os jogos? E aí precisamos de investimento, dos meios de comunicação com uma presença maior nos eventos, que não são apenas os Jogos Paralímpicos. O interesse cresce, há uma demanda e é esse talvez seja o próximo passo. Precisávamos que os Jogos Paralímpicos fossem grandes, fossem relevantes. Eu penso que desde Pequim a gente tem conseguido isso. Agora, consolidar com esses jogos foram os mais espectaculares da história. E agora também trabalhar o que acontece entre os jogos.
E novas modalidades?
Nós abrimos um processo para essas novas modalidades se apresentarem. É claro que precisamos que sejam desportos globais, que se desenvolvam em três continentes, pelo menos. Também é preciso pensar o que essas modalidades representam dentro do contexto dos jogos, Qual população a que se destinam em termos de atletas, em termos de público, Uma nova modalidade em 2028 é a para-escalada. Para Brisbane o processo vai ser aberto em cerca de dois anos e a gente está de olho em novas modalidades. Sim.
O desporto, muito para além da questão da saúde física para uma pessoa com deficiência, é claro, e também para as pessoas sem deficiência. É claro que há também a questão da saúde mental, mas é sobretudo o laço social para as pessoas com deficiência. Tirar as pessoas de casa e fazer com que as pessoas se sintam inseridas numa sociedade, não?
O desporto é positivo para todo mundo e as pessoas com deficiência não são diferentes. A maioria das pessoas que praticam desporto no mundo jamais chegarão a uma Olimpíada. Mas os atletas são as referências. Essas são as pessoas que nos inspiram a praticar desporto. A pessoa com deficiência vai praticar desporto por saúde, por lazer, por integração, por sair de casa muitas vezes. E o treino ou actividade desportiva é o grande momento da semana daquela pessoa, seja ela qual seja ela sem deficiência. Então, queremos que isso seja oferecido também às pessoas com deficiência na escola, nos clubes sociais.
Se tiver de convencer um amigo que tenha algum tipo de deficiência a praticar desporto, o que é que lhe diz para motivar?
Primeiro, mostrar que o desporto é uma experiência positiva. Então que ele vai ser primeiro, que vai se divertir, que vai ter um momento importante, que vai ser para sua saúde. Quando as pessoas que praticam o desportosimplesmente para para compensar outros hábitos que elas têm, sejam para manter um físico melhor, a saúde melhora. E esses benefícios todos vêm. Então existem uma série de diferentes formas de envolver. Agora, acho que importante também é o desporto na escola, a pessoa com deficiência, principalmente com a educação inclusiva. É importante que a educação seja inclusiva também na educação física. Muitas vezes a educação física é subestimada, mas ela é muito, muito importante de atrair aquela criança, aquele jovem, para o desportoe não para se tornar um campeão paralímpico ou olímpico. Mas para você tem valores importantes de liderança, resiliência, trabalho em equipa, disciplina e saúde.
São os jogos mais espectaculares de sempre. Quais é que são os momentos mais espcetaculares para si? O que é que viveu aqui que fica na sua memória nesses Jogos Paralímpicos?
Para mim, alguns momentos foram muito importantes a cerimónia de abertura, sem dúvida nenhuma, foi um momento incrível, porque foi a primeira vez fora de um estádio tradicional no coração da cidade. Então nós sentimos o momento paralímpico sendo abraçado pela cidade de Paris, pelo povo francês, com a mensagem correcta. Outro momento especial foi quando a primeira medalha conquistada por uma atleta refugiada no taekwondo com a Zakia Khudadadi. Eu lembro da trajectória dela desde que ela chegou a Tóquio depois de ser evacuada do Afeganistão, numa operação espectacular que culminou com a participação dela em Tóquio e aqui. Depois de a ver treinando por três anos com condições, o que ela foi capaz? Então é mais um sinal, mais uma prova de que se você retirar as barreiras, as pessoas com deficiência podem fazer qualquer coisa, mesmo os refugiados numa situação tão difícil.
O que é que nos pode dizer sobre a cerimónia de fim destes Jogos Paraolímpicos hoje à noite? Há alguma coisa que possa revelar?
Vai ser uma grande festa. Eu acho que já foram anunciados aí uns 20 DJs franceses. A ideia é que os atletas e as delegações possam celebrar. A cerimónia de abertura, normalmente, define o tom da Paraolimpíada e a cerimónia de encerramento, na minha visão, é uma grande celebração. Então vão haver os elementos de protocolo, vão haver os momentos de reconhecer as delegações mas também vai ser uma grande festa.
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