Aquele dia cinza e a maloka.
Emerson P. Morto
(Instagram @e_mersoi)
Dia cinza quebra a rotina.
As ruas vazias fazem dançar o silêncio que parece
estagnar o tempo.
No pensamento sem alimento...
oohh Sofrimento,
essa noite vai ser aquele perrengue.
Vê a cidade ali parada de esquina a esquina.
Portas abaixadas, faz até pensar em liberdade.
Mas logo vem a realidade...
Descendo a rua, vem a barca na minha frente, quase
parando.
Gritou!
O giro flex na minha cara...
Não para, não para, não para!
A minha mente repete angustiada.
Dia molhado e ainda com esculacho,
Tô ferrado!
Me encarando pela janela,
o verme Fardado cospe em minha direção...
Fecho a cara com ódio no olhar.
Posso até apanhar, mas de graça não vai ficar!
O verme sorri debochando, mas não desce da barca.
Afinal, não quer molhar a sua farda.
Um cigarro ajuda a aquecer...
A chuva passa, é hora de se mexer!
Andando pra lá e pra cá, a mente não para.
Nesses dias, é ainda mais difícil manter a sanidade.
Lágrimas rolam e imploram,
Não pela vida, mas pelo fim dela.
Não aguento mais essa é a verdade!
A noite é a pior parte.
Pra esquentar da friaca, só uma cachaça bolada,
que desce a garganta aquecendo o corpo cansado,
que respira aliviado e também amargurado,
por mais um dia assim
Ter passado!
Maloka,
feridas e curas que crescem pelos cantos frios e
escuros da rua maloka
aquele lugar que ninguém
quer passar por perto
pra não se sujar.
Lá!
Onde você não sabe ...
não percebe que ali é um lar.
Maloka,
casa de paredes invisíveis
que torna impossível ver que é gente que mora lá.
De criança a ancião,
nosso king size é um pedaço
de papelão!
A minha tela plana é feita
de muros lotados por pichação.
Muitas vezes minha dispensa foi o resto do rango que
você dispensa!
Pensa que só tem noia,
puta e ladrão...
somos poetas, professores, curandeiros, agricultores,
sonhadores, realistas...
na real, o que somos não cabe em uma lista.
Maloka,
quarto sem telhado que deitamos lado a lado,
que quando a chuva cai te faz chorar,
mas também te força a se abraçar, se aconchegar,
esperar e esperar:
a chuva, a bad e até a vida passar!
Não, não temos muita alegria,
se não fosse minha cara de marginal, não sobreviveria!
Porque se você não tem medo de mim,
terá pena ou nojo.
me tornando um alvo fácil, adestrado
e acostumado a aceitar a merda de vida que querem
me dar.
Sou de lá...
cria da Maloka, que sangra, chora e te apavora.
Que grita por respeito e direito,
que se esconde à margem dessa sociedade
que nem percebe que estamos assumindo,
não porque encontramos um lar, mas porque somos o
lixo que o braço do governo vem retirar.
Maloka,
um pedacinho de cada favela,
em pessoas tão belas! Olhem pra ela,
respeitem elas
porque até você pode ter que viver nela!
Emerson P. Morto ( @e_mersoi )
Para aqueles que ainda não me conhecem me chamo Emerson e hoje posso dizer q sou um escritor, a escrita no início era uma terapia um forma de filtrar o mundo em que vivia, perdi minha mãe aos 9 anos de idade passei a viver entre orfanato albergue e abrigos, a escrita me salvou através dela eu me descobrir, hj sei que posso ser oque eu quiser, em busca dos meus sonhos vim para são Paulo, porém infelizmente fui assaltado e perdi tudo, estou vivendo em situação de rua e a única coisa q não perdi foi a minha escrita que é composta de DNA e memória, ela é tudo q eu tenho ela é quem eu sou.
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