Tive minha queda decisória,
Tive a dissociação e dissolução
E da forma sólida deste coração.
E percebi que um deus fabricado
Apenas produz as vontades
De um ridículo fósforo-sol,
Farol de míseros segundos
Que não salva do precipício.
No sal das lágrimas de prata fria,
Pois demônios de falsa vulgata
Comeram as raízes de vidro da minha
Árvore da Ciência do Bem e do Mal
Não tive sua sombra nem seu alívio
Nem seu fruto de doce pecado, guardado
Latejante e febril pouco abaixo do umbigo.
Restou-me somente a incitante
Serpente ao meu lado vago
E a sabedoria dos passos solitários.
Ao estar com esta alma longe, tão longe
Da unidade deste ser Todo-Poderoso Amor
Pereço. Padeço. Ando em busca de uma
Nova crença, tentando achar uma ideologia
Própria, mais poderosa e justa, que não fabrique
Cacos, tristes corações quebrados e espalhados.
Talvez assim, abrace-me a onisciente, Verdade.
Agora que me fecharam as portas do Éden
Em último fiasco de vã tentativa eu rolarei
Na lama santa da Parusia onírica da apoteose
Apocalíptica da solidão eterna que se abre
Num ato tão somente dramático e sem anunciação.
Erguem-se as fundações, as barras de ferro desta prisão,
Desta gaiola aberta, porém sem fuga, inferno da carne.