Vida em França

Cimeira em Paris angaria quase 28 mil milhões de dólares para combater problemas de nutrição no Mundo


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Num mundo onde se multiplicam os conflitos e há cada vez mais um impacto das catástrofes naturais, a nutrição é uma preocupação essencial para as políticas de desenvolvimento. Em Paris, mais de uma centena de países reuniram-se para debater soluções para combater a fome - mas também a obesidade -  no Mundo e unir esforços para melhorar o que comemos.

A Cimeira Nutrition for Growth (N4G) ou Nutrição para o Crescimento decorreu na semana passada em Paris e juntou 120 delegações de diferentes países de forma a fazer face aos problemas de nutrição no mundo. Esta cimeira acontece sempre no ano a seguir aos Jogos Olímpicos no país que acolheu o evento.

Este ano, apesar da ausência dos Estados Unidos que decidiram parar a ajuda internacional ao desenvolvimento, tendo essa decisão de Donald Trump um grande impacto em programas que tinham como finalidade acabar com a fome no mundo, os decisores políticos reunidos em Paris conseguiram mesmo assim arrecadar cerca de 28 mil milhões de dólares para que se coma mais, melhor e de forma mais equilibrada em todo o Mundo.

O embaixador francês Brieuc Pont, enviado especial para a Nutrição e secretário geral desta cimeira, explicou à RFI como vão ser utilizados estes fundos.

"Nós arrecadámos nesta cimeira de Paris 28 mil milhões dólares que têm como objectivo apoiar as políticas de desenvolvimento pela nutrição, ou seja, por exemplo, a adaptação das sementes, a luta contra a degradação dos solos ou a luta também contra as desigualdades de género que têm um real impacto económico em matéria de alimentação e de segurança alimentar. Estas verbas vão também servir para lutar contra as consequências das múltiplas crises que a humanidade enfrenta. Quer sejam crises políticas ou geopolíticas, guerras ou crises ligadas às catástrofes naturais. O que sabemos é que no mundo 50% das mortes de crianças são devidas à malnutrição e só em África, a cada ano, morrem mais de 800.000 crianças deste problema", explicou o diplomata.

Com a invisibilização dos Estados Unidos no quadro da ajuda humanitária internacional, a França apelou aos bancos de desenvolvimento para aumentarem as suas contribuições e, por exemplo, o Banco Africano para o Desenvolvimento repsondeu com uma doação de 9,5 mil mihões de dólares. Já a União Europeia prometeu mobilizar 6,5 mil milhões de euros e a França 750 milhões de euros.

Estes fundos são ainda mais importantes já que para além do fim das ajudas norte-americanas, os conflitos no Mundo multiplicam-se, assim como as catástrofes naturais afectando directamente por um lado a agricultura e, por outro, as populações com mais necessidades.

"A situação que enfrentamos hoje, não é somente devido à suspensão da ajuda dos Estados Unidos. Ela deve-se também à invasão da Ucrânia, que gerou uma crise alimentar muito importante que induziu uma crise financeira ainda maior. Isso faz que, com a inflação, o dinheiro que poderia ser dedicado ao desenvolvimento se evaporou. E a carência de recursos financeiros que muitos países, preocupados com as consequências dessa invasão imperialista da Ucrânia pela Rússia, resolveram também apostar na defesa. Então há uma consequência directa e vemos países realmente reinvidicando o facto que estão a dar prioridade à defesa, o que é absolutamente lógico e compreensível. Mas nós também acreditamos que não existe segurança sem defesa e sem desenvolvimento. Então é por isso que a França se mobiliza para a paz e a segurança internacional, mas também pelo desenvolvimento", explicou o embaixador francês.

Também nesta cimeira foram apresentadas soluções inovadoras para melhorar a nutrição a nível mundial desde avanços tecnológicos ligados à inteligência artificial até aulas de cozinha para as crianças.

"Podemos usar a inteligência artificial para prever eventos climáticos, para prever a degradação dos solos, para antecipar quais podem ser as melhores culturas a ser desenvolvidas em cada país. Existem muitas soluções tecnológicas que podem ser utilizadas e coisas muito mais simples. Por exemplo, a introdução de aulas sobre a arte de cozinhar no currículo das crianças. Há alguns países que já estão a fazer isso. Isto ajuda a sensibilizar as crianças a não desperdiçar comida, a preparar e a conhecer os produtos que eles precisam utilizar. Eu pessoalmente conheci experiências em missões de terreno onde pude realmente ver como isso impacta uma comunidade, inclusive em termos de género, porque isso permite aos meninos entender o valor, a contribuição da mãe e muitas vezes, das irmãs", concluiu Brieuc Pont.

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