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Na quarta-feira, 19 drones russos atravessaram a fronteira da Polónia. A Rússia disse que se tratou de um acidente, mas Álvaro Vasconcelos, antigo director do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia, diz que se trata de um teste à resposta do Ocidente face a um país da União Europeia.
Na quarta-feira, 19 drones russos atravessaram a fronteira da Polónia, tendo alguns causado danos em casas, não tendo feito quaisquer feridos ou mortos. A Rússia fala em engano, a Polónia diz que se trata de uma ameaça e já activou o artigo 4 da Organização do Tratado do Atlântico Norte, ou NATO, sobre a integridade do seu território e já pediu também a convocação de uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU.
Álvaro Vasconcelos, antigo director do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia, considera que Vladimir Putin sabe que os Estados Unidos não se vão mobilizar contra a Rússia e está a testar os limites dos aliados ocidentais da Ucrânia.
"Nós estamos a assistir desde o encontro entre Trump e Putin no Alasca, a uma escalada da guerra na Ucrânia. Nós não sabemos exactamente o que se passou no Alasca, mas aquilo que vemos dos factos é a convicção de Putin que Trump, de certa forma, não vai intervir se ele levar a cabo uma escalada na Ucrânia. E essa escalada tem aumentado constantemente com bombardeamentos nas cidades ucranianas, bombardeamentos contra as instalações do Governo ucraniano. Portanto, um país que estivesse disposto a negociar não ia bombardear o Governo do país com quem quer negociar. Essa escalada na Ucrânia é um teste, em primeiro lugar, àquilo que será a vontade americana de responder às escaladas de Putin. E, por outro lado, ao haver uma provocação na Polónia, ainda testa mais. Qual é a resposta dos Estados Unidos e da Europa? E da NATO? Portanto, eu acho que o objectivo não é um ataque à Polónia. O objetivo é aumentar a escalada na Ucrânia, mas testar a respostas americanas e ocidentais", explicou o académico.
E a altura em que esta transgressão na Polónia acontece também não é coincidência. Actualmente a Polónia, especialmente depois da vitória de Donald Tusk em Dezembro de 2023, está a abrir-se mais ao espaço de influência da União Europeia, após um período em que líderes de extrema direita implementaram medidas conservadoras e algumas que desafiavam mesmo as normas de Bruxelas.
Para Putin, um regime polaco mais próximo da União Europeia é uma ameaça.
"Sem dúvida que a Polónia, tendo-se afirmado como um país mais integrado na União Europeia relativamente a a um outro posicionamento em relação aos direitos humanos, em relação à preservação do Estado de Direito, ou seja, o afastamento da Polónia do vírus da extrema direita que estava no poder antes de Tusk ganhar as eleições é algo que é visto certamente com inquietação pela Rússia do ponto de vista ideológico. Uma coisa que Putin teme fundamentalmente é a alteração política na Ucrânia, ou seja, que a Ucrânia, se construa como uma nação democrática e que isso tenha um efeito em relação à Rússia. Quer dizer, aquilo que Putin mais teme, mais do que a NATO, mais do que os Estados Unidos, é, de repente, haver um milhão de russos nas ruas da Rússia a pedirem uma mudança do regime, como aconteceu na Bielorrússia, quando as eleições foram completamente aldrabadas e viciadas. Isso cria um medo no Kremlin. E a Polónia, consolidando-se como uma democracia profundamente integrada na União Europeia e respeitosa do Estado de Direito, é um bom exemplo para a Ucrânia e um mau exemplo para Putin", concluiu Álvaro Vasconcelos.
By RFI PortuguêsNa quarta-feira, 19 drones russos atravessaram a fronteira da Polónia. A Rússia disse que se tratou de um acidente, mas Álvaro Vasconcelos, antigo director do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia, diz que se trata de um teste à resposta do Ocidente face a um país da União Europeia.
Na quarta-feira, 19 drones russos atravessaram a fronteira da Polónia, tendo alguns causado danos em casas, não tendo feito quaisquer feridos ou mortos. A Rússia fala em engano, a Polónia diz que se trata de uma ameaça e já activou o artigo 4 da Organização do Tratado do Atlântico Norte, ou NATO, sobre a integridade do seu território e já pediu também a convocação de uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU.
Álvaro Vasconcelos, antigo director do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia, considera que Vladimir Putin sabe que os Estados Unidos não se vão mobilizar contra a Rússia e está a testar os limites dos aliados ocidentais da Ucrânia.
"Nós estamos a assistir desde o encontro entre Trump e Putin no Alasca, a uma escalada da guerra na Ucrânia. Nós não sabemos exactamente o que se passou no Alasca, mas aquilo que vemos dos factos é a convicção de Putin que Trump, de certa forma, não vai intervir se ele levar a cabo uma escalada na Ucrânia. E essa escalada tem aumentado constantemente com bombardeamentos nas cidades ucranianas, bombardeamentos contra as instalações do Governo ucraniano. Portanto, um país que estivesse disposto a negociar não ia bombardear o Governo do país com quem quer negociar. Essa escalada na Ucrânia é um teste, em primeiro lugar, àquilo que será a vontade americana de responder às escaladas de Putin. E, por outro lado, ao haver uma provocação na Polónia, ainda testa mais. Qual é a resposta dos Estados Unidos e da Europa? E da NATO? Portanto, eu acho que o objectivo não é um ataque à Polónia. O objetivo é aumentar a escalada na Ucrânia, mas testar a respostas americanas e ocidentais", explicou o académico.
E a altura em que esta transgressão na Polónia acontece também não é coincidência. Actualmente a Polónia, especialmente depois da vitória de Donald Tusk em Dezembro de 2023, está a abrir-se mais ao espaço de influência da União Europeia, após um período em que líderes de extrema direita implementaram medidas conservadoras e algumas que desafiavam mesmo as normas de Bruxelas.
Para Putin, um regime polaco mais próximo da União Europeia é uma ameaça.
"Sem dúvida que a Polónia, tendo-se afirmado como um país mais integrado na União Europeia relativamente a a um outro posicionamento em relação aos direitos humanos, em relação à preservação do Estado de Direito, ou seja, o afastamento da Polónia do vírus da extrema direita que estava no poder antes de Tusk ganhar as eleições é algo que é visto certamente com inquietação pela Rússia do ponto de vista ideológico. Uma coisa que Putin teme fundamentalmente é a alteração política na Ucrânia, ou seja, que a Ucrânia, se construa como uma nação democrática e que isso tenha um efeito em relação à Rússia. Quer dizer, aquilo que Putin mais teme, mais do que a NATO, mais do que os Estados Unidos, é, de repente, haver um milhão de russos nas ruas da Rússia a pedirem uma mudança do regime, como aconteceu na Bielorrússia, quando as eleições foram completamente aldrabadas e viciadas. Isso cria um medo no Kremlin. E a Polónia, consolidando-se como uma democracia profundamente integrada na União Europeia e respeitosa do Estado de Direito, é um bom exemplo para a Ucrânia e um mau exemplo para Putin", concluiu Álvaro Vasconcelos.

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