As primeiras páginas dos jornais franceses apresentam-se diversificadas entre temas da actualidade francesa e internacional, como greves em França ou o escritor e poeta Fernando Pessoa, Malta e transição de poder em Cuba.
Malta, vende passaportes e nacionalidade, é o principal título do vespertino, LE MONDE. Por um pouco mais de 1 milhão de euros, a pequena ilha mediterrânica vende a nacionalidade maltesa, porta de entrada na União europeia.
Os compradores de passaportes beneficiam duma fiscalidade muito favorável. E para certos podem assim escapar-se a sanções internacionais. As condições colocadas pela União europeia não são respeitadas.
Daphne Caruana Galizia, a jornalista assassinada tinha denunciado esta derivas. Os russos formam o essencial de 800 famílias que compraram esses passaportes de "ouro", há 5 anos, e, em Malta, só dispõem, de endereços postais, nota LE MONDE.
Cuba sem Castro, titula, LA CROIX. Raul Castro deixa hoje o poder. A liberalização económica vai continuar, sem mudanças políticas.
Miguel Diaz-Canel, herdeiro directo do castrismo, sucessor garantido de Raul Castro, apelou a manter a linha do partido comunista e a defender a "revolução, hoje atacada, ameaçada, no quadro duma relação com os Estados Unidos que se deteriorou", nota LA CROIX.
Por seu lado, LIBÉRATION, titula, Israel, aniversário amargo. Enquanto o estado hebreu celebra os seus 70 anos, o aumento do nacionalismo e do extremismo religioso fragiliza o seu ideal democrático.
Em relação à França, L'HUMANITÉ, titula, a luta dos maquinistas é nossa. Uma luta que revigora o orgulho de passageiros do comboio da solidariedade, sublinha o jornal comunista no seu editorial. A luta corre o risco de ser longa e a batalha ainda não está ganha, acrescenta, L'HUMANITÉ.
Greves: isolada, a CGT, comunista, escolhe a fuga em frente, replica, o jornal conservador, LE FIGARO. A central apelou hoje a um dia de protesto contra as reformas do governo, mas os outros sindicatos declinaram o convite. Nos caminhos de ferro, a mobilização contra a lei ferroviária está em queda, nota LE FIGARO.
Em relação à África, no Togo, a oposição está na rua, destaca, LA CROIX. Após dois meses de acalmia relativa, a oposição retomou as suas marchas contra o regime. A rejeição do presidente, Faure Gnassimgbé, mobiliza uma parte da população, numa altura em que a economia está fortemente afectada pela crise política.
A terminar, uma nota literária portuguesa, com o caderno especial de letras do jornal LE MONDE, a destacar, o Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa.
LE MONDE, dedica toda uma página a uma nova edição aumentada do livro, dada à estampa pelo editor Christian Bourgois, do que chama a obra prima de Pessoa, que nas vestes de um dos diversos heterónimos, Bernardo Soares, é assim citado:
"Cheguei hoje, de repente, a uma sensação absurda e justa. Reparei, num relâmpago íntimo, que não sou ninguém. Ninguém, absolutamente ninguém."