“Pelas reentrâncias côncavas dos espaços públicos que já não mais pudemos frequentar em nosso contexto pandêmico. Pelos buracos entre distanciamentos, ausências que somente multiplicam-se. Esforço-me por adentrar um outro espaço côncavo, este entre nossas bocas, orelhas e memórias. Coloquei num saco um pequeno apanhado de reflexões através das seguintes palavras: testemunho | resto | desaparecimento | apagamento | ponto-cego | sobrevivência | experiência | coreografia | presença | peça ou pedaço | memória | esquecimento | amizade | fofoca | estratégia | repetição | transmissão | especulação.
Ao sacudir estas palavras-mundo, saquei dali de dentro a pergunta: Para onde vão as peças? (peças de dança, de teatro, de artes performativas -- trabalhos-artísticos baseados na ideia de presença). Para onde é que vão essas coisas fugazes? Desaparecem? Quais são as possibilidades delas enquanto aparições e reaparições?!
Este pequeno episódio inaugura um campo gigante de perguntas e interesses em torno do problema coreografia, aparição e palavra. É um prazer enorme partilhar com vocês.”
Josefa Pereira
proposição, escuta e edição: Josefa Pereira
testemunhos: Alina Ruiz Folini, Calixto Neto, Camila Venturelli, Daniel Lühmann, Jajá Rolim, Maura Grimaldi, Maurício Florez Raigosa, Natália Mendonça, Rita Natálio, Ves Liberta, Suiá Burguer Ferlauto
pós-produção sonora: Sara Morais
música original de genérico: Raw Forest
produção: Teatro do Bairro Alto
peças-aparições:
Acapela - Javiera Peón Veiga
Assombro - Ana Rita Teodoro
Corpo Contra Conceito - Maria Eugêna Matricarde
Cutlass Spring e Yellow Towel - Dana Michel
Biblioteca de Dança - Jorge Alencar e Neto Machado
Eles Fazem Dança Contemporânea - Leandro de Souza
Fim - Grupo Vão
Florescerei para Ti, Florescendo Orgulhosamente - Yoshito Ohno e Akira Kasai
NoirBLUE - Ana Pi
#PUNK ,100% POP, *N!GGA - Nora Chipaumire
Ventos do Tempo - Yoshito Ohno
imagem de divulgação: da série Sinistras de Josefa Pereira e Maura Grimaldi
agradecimentos: às amigues que conversam comigo sobre peças que eu nunca vi e à Alina Ruiz Folini e Catalina Lescano pela linda beca de Arqueologias del Futuro (2020, Ian Capilé e Natalia Loyola