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A instabilidade política em Moçambique está a levar milhares de pessoas a abandonarem o país, chegando aos países vizinhos como Malawi e Essuatíni nas últimas semanas. Segundo Adriano Nuvunga, director do Centro para a Democracia e os Direitos Humanos, disse em entrevista à RFI muitas destas pessoas passam as fronteiras moçambicanas devido às perseguições políticas, mas também devido à fome que se generalizou no país.
A ONU disse estar “profundamente preocupada” com a violência pós-eleitoral em Moçambique desde as eleições gerais de Outubro e denunciou a fuga de moçambicanos, cerca de 3.000 até agora, para o Malawi e no Essuatíni. Esta é uma realidade também constatada pelo Centro para a Democracia e os Direitos Humanos como Adriano Nuvunga.
"Há muitas pessoas a sair. Nós há já duas semanas reportámos que 1.500 pessoas tinham saído de Moçambique, particularmente da província da Zambézia, com mais destaque para os distritos que fazem fronteira com o Malawi. Atravessam a fronteira para o Malawi à procura de segurança, mas também à procura de comida. Porque neste contexto, não só é a sua vida que está em risco por causa da repressão policial, mas também não há possibilidade de produção de bens alimentares", detalhou.
Até dia 15 de Janeiro, data da tomada de posse oficial de Daniel Chapo, a tensão vai continuar a aumentar no país. Adriano Nuvunga descreve um clima de medo em Maputo onde actualmente não há manifestações, mas com as autoridades a decidirem reforçar a presença militar, incluindo com blindados em frente a edíficios administrativos.
"É um dia que assusta as pessoas. Nunca se tinha visto uma situação onde a crise política e a violência pós eleitoral chegasse a este nível de ameaçar a própria investidura daquele que foi indicado como vencedor, ainda que injustamente. E nós vemos o Estado a importar mais armamento. Eu estou agora a circular na cidade de Maputo. É um cenário de guerra, com armamento muito pesado como blindados a protegerem, por exemplo, a Presidência da República. E isso não é próprio de Estados democráticos, é característico de Estados autoritários que têm medo da sua população. Então este medo generaliza-se, Este medo agudiza-se à medida que nos aproximamos da data porque não sabemos o que vai acontecer", indicou o activista.
Este clima de tensão foi agravado pelo impacto do ciclone Chido no país, que fez pelo menos 100 mortos e quase 1.000 feridos, especialmente no Norte de Moçambique. Estas populações já fragilizadas pelo terrorismo, pelos impactos da crise política no país, estão agora num estado de necessidade absoluta já que muitos perderam as casas, acesso a água potável e electricidade.
"Precisa-se um pouco de tudo para ajudar a população que perdeu os seus meios de sobrevivência. É preciso ajuda humanitária mesmo, há comunidades que têm as casas destruídas. E não esqueçamos quem perdeu também entes queridos devido à repressão policial: as viúvas e as crianças que ficaram órfãs. Daqui a pouco vai iniciar o ano lectivo e as crianças precisam de apoio. E o Estado moçambicano, por um lado partidarizado e por isso não é um Estado credível para atender as pessoas dentro dos padrões internacionalmente estabelecidos de assistência humanitária, mas por outro lado, sem mesmo capacidade por causa da devastação, por causa da corrupção. O Estado não tem capacidade de resposta. É um Estado incapacitado e é um quadro assustador. É um quadro de um Moçambique que mesmo onde ainda há edíficios de pé, como Maputo, o estado de espírito não é muito diferente daquele que assistimos no pós guerra civil, onde a sociedade e o espírito em geral da sociedade está devastado também pelas balas da polícia disparadas indiscriminadamente contra a população", declarou Adriano Nuvunga.
A instabilidade política em Moçambique está a levar milhares de pessoas a abandonarem o país, chegando aos países vizinhos como Malawi e Essuatíni nas últimas semanas. Segundo Adriano Nuvunga, director do Centro para a Democracia e os Direitos Humanos, disse em entrevista à RFI muitas destas pessoas passam as fronteiras moçambicanas devido às perseguições políticas, mas também devido à fome que se generalizou no país.
A ONU disse estar “profundamente preocupada” com a violência pós-eleitoral em Moçambique desde as eleições gerais de Outubro e denunciou a fuga de moçambicanos, cerca de 3.000 até agora, para o Malawi e no Essuatíni. Esta é uma realidade também constatada pelo Centro para a Democracia e os Direitos Humanos como Adriano Nuvunga.
"Há muitas pessoas a sair. Nós há já duas semanas reportámos que 1.500 pessoas tinham saído de Moçambique, particularmente da província da Zambézia, com mais destaque para os distritos que fazem fronteira com o Malawi. Atravessam a fronteira para o Malawi à procura de segurança, mas também à procura de comida. Porque neste contexto, não só é a sua vida que está em risco por causa da repressão policial, mas também não há possibilidade de produção de bens alimentares", detalhou.
Até dia 15 de Janeiro, data da tomada de posse oficial de Daniel Chapo, a tensão vai continuar a aumentar no país. Adriano Nuvunga descreve um clima de medo em Maputo onde actualmente não há manifestações, mas com as autoridades a decidirem reforçar a presença militar, incluindo com blindados em frente a edíficios administrativos.
"É um dia que assusta as pessoas. Nunca se tinha visto uma situação onde a crise política e a violência pós eleitoral chegasse a este nível de ameaçar a própria investidura daquele que foi indicado como vencedor, ainda que injustamente. E nós vemos o Estado a importar mais armamento. Eu estou agora a circular na cidade de Maputo. É um cenário de guerra, com armamento muito pesado como blindados a protegerem, por exemplo, a Presidência da República. E isso não é próprio de Estados democráticos, é característico de Estados autoritários que têm medo da sua população. Então este medo generaliza-se, Este medo agudiza-se à medida que nos aproximamos da data porque não sabemos o que vai acontecer", indicou o activista.
Este clima de tensão foi agravado pelo impacto do ciclone Chido no país, que fez pelo menos 100 mortos e quase 1.000 feridos, especialmente no Norte de Moçambique. Estas populações já fragilizadas pelo terrorismo, pelos impactos da crise política no país, estão agora num estado de necessidade absoluta já que muitos perderam as casas, acesso a água potável e electricidade.
"Precisa-se um pouco de tudo para ajudar a população que perdeu os seus meios de sobrevivência. É preciso ajuda humanitária mesmo, há comunidades que têm as casas destruídas. E não esqueçamos quem perdeu também entes queridos devido à repressão policial: as viúvas e as crianças que ficaram órfãs. Daqui a pouco vai iniciar o ano lectivo e as crianças precisam de apoio. E o Estado moçambicano, por um lado partidarizado e por isso não é um Estado credível para atender as pessoas dentro dos padrões internacionalmente estabelecidos de assistência humanitária, mas por outro lado, sem mesmo capacidade por causa da devastação, por causa da corrupção. O Estado não tem capacidade de resposta. É um Estado incapacitado e é um quadro assustador. É um quadro de um Moçambique que mesmo onde ainda há edíficios de pé, como Maputo, o estado de espírito não é muito diferente daquele que assistimos no pós guerra civil, onde a sociedade e o espírito em geral da sociedade está devastado também pelas balas da polícia disparadas indiscriminadamente contra a população", declarou Adriano Nuvunga.
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