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A delegação paralímpica moçambicana chegou a França há mais de um mês para fazer um estágio intensivo em Nueil-les-Aubiers. "A nossa expectativa é chegar à medalha. Estar numa final, ter um recorde africano e ter uma medalha paralímpica", descreve o chefe do Comité Paralímpico moçambicano, Luís Mouliaã.
RFI: A delegação de Moçambique conta com uma atleta, Edmilsa Governo, que já ganhou um prémio paralímpico?
Luís Mouliaã: De facto, a nossa atleta Edmilsa Governo já teve uma medalha paralímpica no Rio de Janeiro, ganhou o bronze nos 400 metros. Estamos muito esperançosos que se volte a repetir agora em Paris.
Prepararam os Jogos Paralímpicos com um estágio intensivo em Nueil-les-Aubier. Como é que se organizou este estágio?
Correu bem, tivemos este estágio com Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau. Começamos a falar deste estágio no princípio do ano e finalmente conseguimos vir para cá. Convidaram-nos e tivemos a sorte de poder fazer este estágio aqui em França, que foi muito produtivo.
O que é que muda a fazer este estágio a três semanas dos Jogos Paralímpicos? Nesta altura em Moçambique está mais frio do que em França. Imagino que seja também uma fase transitória de preparação?
De facto, nós estamos no Inverno em Moçambique, embora seja um Inverno muito suave, mas sobretudo os dias são muito curtos. O sol vai embora a partir das 17h30. Aqui em Paris temos sol até quase às 22 horas e isso muda também a percepção da competição porque uma das provas, a série dos 400 metros, a Edmilsa vai correr às 21 horas. O facto de estarmos cá antes, de nos podermos adaptar a este novo horário, embora estejamos no mesmo fuso horário, muda a percepção do dia e a temperatura.
Faz muita diferença correr às 9 horas ou às 21 horas?
Faz diferença sim, claro, sobretudo durante a preparação. A atleta tem que estar pronta para correr de manhã ou à noite. A série dos 400 metros vai decorrer às 21 horas, mas a final será de manhã, às 10 horas. A atleta tem que estar apta para correr de manhã e de tarde. Para além disso, outros dos benefícios em estar cá antes foi a concentração da atleta. Não é a mesma coisa estar em casa e sair para treinar no estádio, estar com os amigos, a família, do que estar apenas concentrada no treino. Tivemos acesso à piscina, ao ginásio, à pista. A atleta está bem concentrada e consciente do que vem cá fazer.
A atleta moçambicana, Edmilson Governo, corre na serie dos 400 metros, na categoria T12?
Na verdade, ela correu no Rio de Janeiro, na classe T12. T12 significa baixa visão e ela agora está correndo no T13.
Temos três classes desportivas para a deficiência visual, para aqueles que correm em pista T11, são cegos totais ou quase totais. T12 tem um pouco de visão e os seus parâmetros de campo visual e acuidade visual e T13 que é o limite para ser elegível para ser atleta paralímpico.
Nas classes 12 e 13, a classificação dos atletas pode mudar. Esta é uma questão bastante subjectiva da pessoa que classifica poder classificar como T12 ou T13. Existem parâmetros objectivos, mas também existe uma parte subjectiva nessa classificação.
E qual é o processo para essa classificação?
Existem competições internacionais pela World Athletics, que assume o processo de classificação, algumas têm todas as classificações física, visual, intelectual ou apenas física, intelectual. É preciso ir a uma competição internacional com especialistas na classificação para ter uma classe oficial que serve para competir em provas internacionais.
O que é que espera destes Jogos Paralímpicos de Paris? Voltar a conquistar uma medalha, desta vez de prata ou de ouro?
Essa nossa expectativa. De facto, seria o desejado. Não só a medalha de bronze, mas também ter uma final, ter um recorde africano e ter uma medalha paralímpica.
Por que motivo é que os PALOP competem sobretudo na modalidade de atletismo. É uma coincidência?
Nos países de África e, especificamente falando de Moçambique, o atletismo é uma das modalidades mais fáceis de praticar ou de investir porque não exige que a delegação seja grande. Não é a mesma coisa ter uma equipe de voleibol que precisa de 12, 15, 16 pessoas para viajar para a competição, do que ter um atleta e um treinador para ir a uma competição. O investimento é muito menor.
Nos países como Moçambique, em que temos pouco apoio de parceiros nacionais, do governo especificamente e de parceiros privados, há que se focar muito bem na competição e na quantidade de pessoas que podem ir a essas competições. O atletismo é uma aposta, por ser uma modalidade individual.
Estão presentes 4400 atletas, os melhores dos melhores atletas paralímpicos. Como é que descreve o dia-a-dia na vila paralímpica?
Temos ouvido muitos comentários não muito bons por parte dos Olímpicos, com muitas publicações nas redes acerca das refeições ou da hospedagem. Acredito que dependa da expectativa que cada um. Pela nossa parte, a comida está muito bem. Não temos nenhuma queixa, é variada, e temos muito espaço nos quartos.
Está tudo a correr bem, pelo menos onde a nossa delegação está instalada. O ambiente é muito bom, tem muitos espaços para diversão, treino, ginásio, para tudo o que o atleta precisa. O ambiente é muito agradável e não temos nenhuma queixa a fazer em relação à vila paralímpica.
As acessibilidades são um dos pontos importantes na questão material, das infra-estruturas e dos transportes, mas também temos a questão imaterial que é dar a conhecer a realidade paralímpica e destruir os tabus que se criam em torno da diferença.
Quanto à acessibilidade tem havido muito esforço em criar instalações acessíveis em todo o lado. Temos tantas pessoas em cadeiras de rodas e elas podem mexer-se à vontade e vão com facilidade a qualquer ponto da vila. Os transportes são acessíveis em todas as residências. Os refeitórios ou ginásios têm máquinas que são acessíveis, há muitos voluntários para ajudar em qualquer momento e em qualquer situação.
O ambiente é de festa?
É um ambiente muito agradável, São todos muito simpáticos. O ambiente no refeitório, no ginásio, nos corredores com todos os países está a ser vivido com festa e acredito que que o ambiente perfeito.
A delegação paralímpica moçambicana chegou a França há mais de um mês para fazer um estágio intensivo em Nueil-les-Aubiers. "A nossa expectativa é chegar à medalha. Estar numa final, ter um recorde africano e ter uma medalha paralímpica", descreve o chefe do Comité Paralímpico moçambicano, Luís Mouliaã.
RFI: A delegação de Moçambique conta com uma atleta, Edmilsa Governo, que já ganhou um prémio paralímpico?
Luís Mouliaã: De facto, a nossa atleta Edmilsa Governo já teve uma medalha paralímpica no Rio de Janeiro, ganhou o bronze nos 400 metros. Estamos muito esperançosos que se volte a repetir agora em Paris.
Prepararam os Jogos Paralímpicos com um estágio intensivo em Nueil-les-Aubier. Como é que se organizou este estágio?
Correu bem, tivemos este estágio com Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau. Começamos a falar deste estágio no princípio do ano e finalmente conseguimos vir para cá. Convidaram-nos e tivemos a sorte de poder fazer este estágio aqui em França, que foi muito produtivo.
O que é que muda a fazer este estágio a três semanas dos Jogos Paralímpicos? Nesta altura em Moçambique está mais frio do que em França. Imagino que seja também uma fase transitória de preparação?
De facto, nós estamos no Inverno em Moçambique, embora seja um Inverno muito suave, mas sobretudo os dias são muito curtos. O sol vai embora a partir das 17h30. Aqui em Paris temos sol até quase às 22 horas e isso muda também a percepção da competição porque uma das provas, a série dos 400 metros, a Edmilsa vai correr às 21 horas. O facto de estarmos cá antes, de nos podermos adaptar a este novo horário, embora estejamos no mesmo fuso horário, muda a percepção do dia e a temperatura.
Faz muita diferença correr às 9 horas ou às 21 horas?
Faz diferença sim, claro, sobretudo durante a preparação. A atleta tem que estar pronta para correr de manhã ou à noite. A série dos 400 metros vai decorrer às 21 horas, mas a final será de manhã, às 10 horas. A atleta tem que estar apta para correr de manhã e de tarde. Para além disso, outros dos benefícios em estar cá antes foi a concentração da atleta. Não é a mesma coisa estar em casa e sair para treinar no estádio, estar com os amigos, a família, do que estar apenas concentrada no treino. Tivemos acesso à piscina, ao ginásio, à pista. A atleta está bem concentrada e consciente do que vem cá fazer.
A atleta moçambicana, Edmilson Governo, corre na serie dos 400 metros, na categoria T12?
Na verdade, ela correu no Rio de Janeiro, na classe T12. T12 significa baixa visão e ela agora está correndo no T13.
Temos três classes desportivas para a deficiência visual, para aqueles que correm em pista T11, são cegos totais ou quase totais. T12 tem um pouco de visão e os seus parâmetros de campo visual e acuidade visual e T13 que é o limite para ser elegível para ser atleta paralímpico.
Nas classes 12 e 13, a classificação dos atletas pode mudar. Esta é uma questão bastante subjectiva da pessoa que classifica poder classificar como T12 ou T13. Existem parâmetros objectivos, mas também existe uma parte subjectiva nessa classificação.
E qual é o processo para essa classificação?
Existem competições internacionais pela World Athletics, que assume o processo de classificação, algumas têm todas as classificações física, visual, intelectual ou apenas física, intelectual. É preciso ir a uma competição internacional com especialistas na classificação para ter uma classe oficial que serve para competir em provas internacionais.
O que é que espera destes Jogos Paralímpicos de Paris? Voltar a conquistar uma medalha, desta vez de prata ou de ouro?
Essa nossa expectativa. De facto, seria o desejado. Não só a medalha de bronze, mas também ter uma final, ter um recorde africano e ter uma medalha paralímpica.
Por que motivo é que os PALOP competem sobretudo na modalidade de atletismo. É uma coincidência?
Nos países de África e, especificamente falando de Moçambique, o atletismo é uma das modalidades mais fáceis de praticar ou de investir porque não exige que a delegação seja grande. Não é a mesma coisa ter uma equipe de voleibol que precisa de 12, 15, 16 pessoas para viajar para a competição, do que ter um atleta e um treinador para ir a uma competição. O investimento é muito menor.
Nos países como Moçambique, em que temos pouco apoio de parceiros nacionais, do governo especificamente e de parceiros privados, há que se focar muito bem na competição e na quantidade de pessoas que podem ir a essas competições. O atletismo é uma aposta, por ser uma modalidade individual.
Estão presentes 4400 atletas, os melhores dos melhores atletas paralímpicos. Como é que descreve o dia-a-dia na vila paralímpica?
Temos ouvido muitos comentários não muito bons por parte dos Olímpicos, com muitas publicações nas redes acerca das refeições ou da hospedagem. Acredito que dependa da expectativa que cada um. Pela nossa parte, a comida está muito bem. Não temos nenhuma queixa, é variada, e temos muito espaço nos quartos.
Está tudo a correr bem, pelo menos onde a nossa delegação está instalada. O ambiente é muito bom, tem muitos espaços para diversão, treino, ginásio, para tudo o que o atleta precisa. O ambiente é muito agradável e não temos nenhuma queixa a fazer em relação à vila paralímpica.
As acessibilidades são um dos pontos importantes na questão material, das infra-estruturas e dos transportes, mas também temos a questão imaterial que é dar a conhecer a realidade paralímpica e destruir os tabus que se criam em torno da diferença.
Quanto à acessibilidade tem havido muito esforço em criar instalações acessíveis em todo o lado. Temos tantas pessoas em cadeiras de rodas e elas podem mexer-se à vontade e vão com facilidade a qualquer ponto da vila. Os transportes são acessíveis em todas as residências. Os refeitórios ou ginásios têm máquinas que são acessíveis, há muitos voluntários para ajudar em qualquer momento e em qualquer situação.
O ambiente é de festa?
É um ambiente muito agradável, São todos muito simpáticos. O ambiente no refeitório, no ginásio, nos corredores com todos os países está a ser vivido com festa e acredito que que o ambiente perfeito.
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