Destaque do dia
A agenda internacional de hoje traz dois grandes eventos/indicadores macro. Os agentes de mercado estarão bastante atentos à reunião de política monetária do BCE (Banco Central Europeu) e aos resultados da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos em fevereiro..
Brasil
Ontem houve novo alívio na curva de juros após sinais de que a Rússia deve decidir por acordo de cessar-fogo, o que levou à forte queda nos preços de commodities e, consequentemente, a uma redução nas expectativas de inflação e juros. Além disso, o mercado não acredita que o governo brasileiro adotará medidas de descontrole fiscal para conter a escalada dos combustíveis. Os prêmios mais longos reduziram mais do que os curtos, apesar de ainda se manterem altos. DI jan/23 fechou em 12,915%; DI jan/25 foi para 12,19%; DI jan/27 encerrou em 12,11%; e DI jan/29 fechou em 12,24%.
Com isso, o Ibovespa também apresentou forte alta e fechou aos 113.900 pontos, com variação positiva de 2,43%. O dólar chegou a ficar abaixo dos R$5,00, mas acabou fechando em R$5,01.
Dados de produção e agenda
No Brasil, a produção industrial despencou 2,4% em janeiro, compensando grande parte do salto de 2,9% registrado em dezembro. A retração da indústria ocorreu de forma disseminada entre as classes de atividade, com destaque ao tombo na fabricação de veículos automotores.
Na agenda doméstica de hoje, as atenções estarão voltadas para a divulgação das vendas do comércio varejista (PMC – Pesquisa Mensal do Comércio) e da criação líquida de empregos formais (CAGED) em janeiro. Por fim, o Senado adiou ontem, pela terceira vez, a votação do projeto de lei que cria um fundo de estabilização dos preços de combustíveis, e também do projeto de lei complementar que estabelece valor fixo para cobrança do ICMS sobre tais produtos, após senadores condicionarem as votações a mudanças no decreto de redução do IPI. Estados e municípios reclamam da perda de recursos e o governo já teria cedido ao governo de Amazonas, retirando a Zona Franca de Manaus do decreto. Os temas devem ser retomados na sessão de hoje.
Mundo
Bolsas internacionais amanhecem negativas (EUA -0,7% e Europa -1,3%) enquanto investidores seguem monitorando os desenvolvimentos da guerra entre Rússia e Ucrânia, as oscilações nos preços das commodities e aguardam novos dados de inflação. Nos EUA, o foco ficará por conta da divulgação dos dados de inflação ao consumidor nesta manhã. Na Europa, o mercado acompanhará de perto a reunião de política monetária do Banco Central Europeu, que deverá fornecer pistas sobre os próximos passos dos estímulos econômicos em meio às tensões geopolíticas globais. Na China, o índice de Hang Seng (+1,3%) encerra em sua maior alta das últimas 3 semanas com suporte no arrefecimento nos preços do petróleo nesta quarta-feira. Por fim, o petróleo (+4,9%) amanhece em campo positivo, recuperando parte das perdas após a queda de ontem, catalisada pelo anúncio dos Emirados Árabes Unidos. O país afirmou que irá dar suporte ao aumento de produção da OPEP+ para suprir a falta do petróleo russo devido às novas sanções.
Rússia vs. Ucrânia
O encontro entre os ministros de Relações Exteriores da Ucrânia e da Rússia não produziu resultados efetivos no dia de ontem. Os representantes de alto escalão dos governos indicaram interesse na realização de novas rodadas de conversas.
Entretanto, alguns sinais de avanço nas posições diplomáticas da Rússia e da Ucrânia levaram a ganhos nos mercados financeiros ontem (09). Por exemplo, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky sinalizou, em entrevista a um canal de televisão dos Estados Unidos, que estaria pronto para discutir o reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia e a independência das regiões separatistas de Luhansk e Donetsk. Além disso, Zelensky afirmou que “esfriou” a ideia de incorporar a Ucrânia à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), um tema sensível destacado pelo governo russo como uma das razões para invadir o país vizinho. Além disso, segundo a porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, os objetivos da Rússia não incluem a ocupação da Ucrânia, a destruição de seu Estado ou a troca de regime.