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Morte do jornalista Anas al-Sharif "é tentativa de silenciar as últimas vozes que transmitem genocídio em Gaza"


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O jornalista palestiniano da Al-Jazeera Anas al-Sharif e outros quatro colegas foram mortos esta noite na Faixa de Gaza, com o o Exército israelita a admitir ter feito um ataque deliberado contra estes jornalistas. Desde o início do conflito, já morreram mais de 230 jornalistas na Faixa de Gaza.

Num vídeo divulgado no Youtube, o jornalista palestiniano Anas al-Sharif, de 28 anos, agradece à Amnistia Internacional Austrália o prémio de Defensor dos Direitos Humanos 2024 e dedica este galardão ao pai, que morreu em 2023, num ataque israelita, mas também às centenas de jornalistas mortos no conflito, afirmando ser ameaçado constatemente pelas forças israelitas.

Anas al-Sharif, juntamente com outros quatro colegas jornalistas que trabalhavam para a cadeia de televisão Al-Jazeera a partir da Faixa de Gaza, foram mortos esta noite por Israel num ataque que o exército israelita já admitiu ter sido deliberado, já que identificava Anas al-Sharif, um dos últimos jornalistas a trabalhar a partir de Gaza, como integrante das fileiras do movimento terrorista Hamas. Para Miguel Marujo, porta-voz da Amnistia Internacional Portugal, os jornalistas são actualmente alvos a abater em Gaza já mostram a realidade neste território fechado ao Mundo.

"Para a Amnistia Internacional, esta [morte] é uma tentativa de silenciar as últimas vozes em Gaza que transmitem a trágica realidade do genocídio ao mundo. Aquilo que se está a viver no território da Faixa de Gaza e um genocídio em curso por parte de Israel contra os palestinianos de Gaza. E os poucos jornalistas que continuam a poder relatar em directo e ao vivo para o mundo todo, são sobretudo palestinianos que estão no território e estão a ser mortos às mãos do exército israelita", declarou Miguel Marujo, também director de comunicação da Aministia Internacional Portugal.

Desde o início do conflito em Gaza, já foram mortos mais de 230 jornalistas, com as únicas notícias a saírem da Faixa de Gaza a serem transmitidas por jornalistas palestinianos, já que outros correspondentes abandonaram o território devido às dificuldades de vida e cobertura a partir do enclave.

"O facto de Israel impedir que haja jornalistas estrangeiros independentes no território ajuda a perceber que aquilo que Israel pretende é que o mundo não tenha conhecimento do que se passa no território. Aliás, há um verdadeiro despudor da parte do governo israelita e do exército israelita em dizer que os jornalistas palestinianos são militantes do Hamas. Anas Al-Sharif, por exemplo, era acusado de ser um jornalista com ligações ao Hamas, que ele sempre negou. Ele sempre disse que era um jornalista sem qualquer afiliação política, que a única missão dele era relatar a verdade a partir do terreno. Tal como ela é, sem preconceitos. E isto é o trabalho de um jornalista", detalhou Miguel Marujo.

Para Israel, Anas Al-Sharif comandava uma célula terrorista do Hamas e era responsável por vários ataques com misséis contra civis e tropas israelitas.

Anas al-Sharif era um dos rostos mais populares da Al-Jazeera tendo, por vários vézes, mostrando emoção na sua cobertura jornalística e o júbilo dos palestinianos quando, em Janeiro de 2025, houve um período de cessar-fogo e pôde, durante alguns dias, retirar o capacete com a inscrição de "Press" que utilizava de forma quotidiana.

A urgência em Gaza, para a Aministia Internacional, como organização que defende a manutenção dos direitos humanos no Mundo, é travar a violência na Faixa de Gaza, na Cisjorndânia e o regresso dos reféns israelitas detidos pelo Hamas, de forma a terminar este conflito que já dura desde Outubro de 2023.

"Aquilo que a Amnistia Internacional tem defendido, pondo sempre a tónica que a sua defesa é a dos direitos humanos - e, neste caso, incluem-se também os reféns às mãos do Hamas [...]. Ao mesmo tempo, também tem defendido absolutamente a necessidade de um cessar fogo imediato da entrada de ajuda humanitária e, ao mesmo tempo, a libertação de todos os reféns ou apenas os corpos dos reféns que estejam já mortos, que estão às mãos do Hamas e que sejam entregues às suas famílias, como, aliás, as próprias famílias dos reféns têm pedido", concluiu Miguel Marujo.

Os outros jornalistas mortos neste ataque foram Mohammed Qreiqeh e os operadores de câmera Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa.

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