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A Assembleia Geral das Nações Unidas pediu nesta quinta-feira, 19 de Setembro, o fim da ocupação israelita dos territórios palestinianos ocupados dentro de "12 meses". O texto da resolução, aprovado com 124 votos a favor, 14 votos contra e 43 abstenções, apela ainda aos Estados-membros para que proíbam as importações provenientes dos colonatos e o fornecimento de armas a Israel se houver motivos "razoáveis" para acreditar que estas armas possam ser utilizadas nos territórios palestinianos.
O texto da resolução, aprovado com 124 votos a favor, 14 votos contra e 43 abstenções, segue o parecer do Tribunal Internacional de Justiça, em Julho, que a pedido da Assembleia Geral da ONU analisou a ocupação dos territórios palestinianos desde 1967 e chegou à conclusão que "a continuação da presença" israelita nos mesmos "é ilegal" e que Israel tem "obrigação de pôr fim [à ocupação] o mais rápido possível".
A resolução da ONU apela ainda aos Estados-membros para que proíbam as importações provenientes dos colonatos e o fornecimento de armas a Israel se houver motivos "razoáveis" para acreditar que estas armas possam ser utilizadas nos territórios palestinianos.
Maria João Tomás, especialista de assuntos do Médio Oriente e investigadora da Universidade Autónoma de Lisboa, considera que a iniciativa é importante, mas devido ao carácter não vinculativo não terá grande impacto na resolução deste conflito.
RFI: Que importância tem esta resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas para o conflito no Médio Oriente?
Trata-se de uma resolução de condenação e é muito importante condenar aquilo que se está a passar e aquilo que este Governo israelita de extrema-direita está a fazer na Palestina. É claro que estão a responder ao ataque terrorista de 7 Outubro do Hamas, mas isso já ultrapassou todos os limites.
Estas resoluções são importantes, mas depois, na prática, não vão ter consequências, umas vez que não são vinculativas.
Envia-se um sinal forte à comunidade internacional?
É importante que a comunidade internacional denuncie aquilo que se está a passar e que condene. Mas daí até ter alguma consequência prática vai uma distância muito grande.
O texto também exige a retirada das forças israelitas dos territórios palestinianos, a cessação de novos colonatos, a restituição de terras e propriedades confiscadas e a possibilidade de regresso dos palestinianos deslocados. Apesar de esta resolução não ser vinculativa, considera que os países enviam uma mensagem da urgência para que as partes encontrem uma solução para este conflito?
Sim. Todavia, nesses casos as acções são muito importantes. Por exemplo, em 2005, Ariel Sharon obrigou a retirada dos colonatos israelitas na Faixa de Gaza. Só com este tipo de acções se conseguirão avanços, mas têm que ser os próprios líderes a fazê-lo. Porém, não há vontade e, além disso, há outras intenções.
Aquilo que está a acontecer neste momento na Cisjordânia -que para Israel é Judeia e Samaria, é exactamente com o propósito de fazer a mesma coisa que aconteceu em Gaza. A desculpa das autoridades israelitas é de ir atrás dos grupos terroristas-al -Aqsa, Jihad Islâmica e o Hamas - que estão no enclave. Mas a única maneira de se livrarem dos grupos terroristas é anular a existência deles. Só se anula a razão deles existirem com a construção de dois Estados. Aqui há outra agenda.
E qual é a agenda?
Há intenções muito explícitas, por parte dos dois ministros das Finanças e da Segurança Interna, Bezalel Smotrich e Itamar Ben-Gvir, que é expandir Israel da Jordânia até ao mar e parece que o caminho está a ser feito.
A resolução teve os votos contra dos Estados Unidos. Não há aqui um contra-senso dos EUA que dizem estar a trabalhar para a paz no Médio Oriente?
Os Estados Unidos têm sempre a mesma resposta. Ou seja, isto não pode ser feito através de uma resolução. Tem que ser feito um acordo entre as partes. Ora, se estivermos à espera do acordo entre as partes... vamos ter de esperar sentados.
Após a votação, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, Oren Marmorstein, refere que Israel considera "tendenciosa" e cheia de "cinismo" a resolução aprovada pela Assembleia Geral da ONU. Esta postura de Israel era expectável?
Claro. É sempre a mesma resposta e ainda vão dizer que estão todos do lado dos terroristas. Pelo menos é a postura que se espera deste Governo de extrema-direita.
Portugal, país signatário desta resolução, manifestou-se preocupado com a crescente tensão na Cisjordânia, em que a violação dos colonos continua a subir de forma impune…
Foi muito importante a posição do Governo português. Foi realmente uma agradável surpresa.
Nos próximos dias, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, vai discursar diante da Assembleia Geral das Nações Unidas. Considera que ele tem o direito de falar, ou devia haver uma sanção contra Israel?
Não, já se fez isso com tantos outros. É importante que Netanyahu fale para se perceber o que vai dizer. Depois a reacção dos outros países é que já será outra coisa. Muitos dirigentes poderão deixar a sala em sinal de protesto [como fizeram no passado].
O chefe do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, afirmou nesta quinta-feira, 19 de Setembro, que a formação tinha recebido “um golpe duro e sem precedentes” e acusou Israel de “ter ultrapassado todas as linhas vermelhas ao fazer explodir os aparelhos"- pagers e os walkie talkies. O que pretende Israel com este ataque?
Primeiro foi uma coisa inédita, nunca ninguém tinha feito um ataque destes. Segundo, este ataque mostra a capacidade que a Mossad tem. Já quando foi da morte de [Ismaël] Haniyeh [morto a 31 de Julho, em Teerão, num ataque aéreo atribuído às forças israelitas] nós percebemos a capacidade que eles tinham. Aqui também temos a questão de que facilmente vão conseguir identificar os membros do Hezbollah, porque os membros do Hezbollah que chegam aos hospitais têm ferimentos em sítios muito específicos.
Hassan Nasrallah promete um terrível castigo a Israel. O que é que se pode esperar nas próximas horas?
Estamos todos à espera do ataque do Irão. Já estamos à espera também do ataque do Hezbollah. Não interessa ao Hezbollah escalar a guerra. Vamos esperar para ver. Não há prognósticos.
Mas estes ataques vêm, de alguma forma, expor uma fragilidade do Hezbollah?
Sim, expõem uma fragilidade imensa. Eles estão muito assustados com aquilo que se passou (...) Israel está à beira de invadir o Líbano para garantir que o norte de Israel tenha segurança e, portanto, enfraquece e debilita bastante as capacidades do Hezbollah numa altura importante. Foi uma jogada de mestre, diga-se de passagem.
Este episódio complica um acordo de paz entre as partes?
Sim. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, foi agora ao Cairo e volta de lá com as mãos abanar. Enquanto a questão do corredor de Filadélfia [fronteira entre Gaza e o Egipto] não se resolver, não haverá acordo.
A Assembleia Geral das Nações Unidas pediu nesta quinta-feira, 19 de Setembro, o fim da ocupação israelita dos territórios palestinianos ocupados dentro de "12 meses". O texto da resolução, aprovado com 124 votos a favor, 14 votos contra e 43 abstenções, apela ainda aos Estados-membros para que proíbam as importações provenientes dos colonatos e o fornecimento de armas a Israel se houver motivos "razoáveis" para acreditar que estas armas possam ser utilizadas nos territórios palestinianos.
O texto da resolução, aprovado com 124 votos a favor, 14 votos contra e 43 abstenções, segue o parecer do Tribunal Internacional de Justiça, em Julho, que a pedido da Assembleia Geral da ONU analisou a ocupação dos territórios palestinianos desde 1967 e chegou à conclusão que "a continuação da presença" israelita nos mesmos "é ilegal" e que Israel tem "obrigação de pôr fim [à ocupação] o mais rápido possível".
A resolução da ONU apela ainda aos Estados-membros para que proíbam as importações provenientes dos colonatos e o fornecimento de armas a Israel se houver motivos "razoáveis" para acreditar que estas armas possam ser utilizadas nos territórios palestinianos.
Maria João Tomás, especialista de assuntos do Médio Oriente e investigadora da Universidade Autónoma de Lisboa, considera que a iniciativa é importante, mas devido ao carácter não vinculativo não terá grande impacto na resolução deste conflito.
RFI: Que importância tem esta resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas para o conflito no Médio Oriente?
Trata-se de uma resolução de condenação e é muito importante condenar aquilo que se está a passar e aquilo que este Governo israelita de extrema-direita está a fazer na Palestina. É claro que estão a responder ao ataque terrorista de 7 Outubro do Hamas, mas isso já ultrapassou todos os limites.
Estas resoluções são importantes, mas depois, na prática, não vão ter consequências, umas vez que não são vinculativas.
Envia-se um sinal forte à comunidade internacional?
É importante que a comunidade internacional denuncie aquilo que se está a passar e que condene. Mas daí até ter alguma consequência prática vai uma distância muito grande.
O texto também exige a retirada das forças israelitas dos territórios palestinianos, a cessação de novos colonatos, a restituição de terras e propriedades confiscadas e a possibilidade de regresso dos palestinianos deslocados. Apesar de esta resolução não ser vinculativa, considera que os países enviam uma mensagem da urgência para que as partes encontrem uma solução para este conflito?
Sim. Todavia, nesses casos as acções são muito importantes. Por exemplo, em 2005, Ariel Sharon obrigou a retirada dos colonatos israelitas na Faixa de Gaza. Só com este tipo de acções se conseguirão avanços, mas têm que ser os próprios líderes a fazê-lo. Porém, não há vontade e, além disso, há outras intenções.
Aquilo que está a acontecer neste momento na Cisjordânia -que para Israel é Judeia e Samaria, é exactamente com o propósito de fazer a mesma coisa que aconteceu em Gaza. A desculpa das autoridades israelitas é de ir atrás dos grupos terroristas-al -Aqsa, Jihad Islâmica e o Hamas - que estão no enclave. Mas a única maneira de se livrarem dos grupos terroristas é anular a existência deles. Só se anula a razão deles existirem com a construção de dois Estados. Aqui há outra agenda.
E qual é a agenda?
Há intenções muito explícitas, por parte dos dois ministros das Finanças e da Segurança Interna, Bezalel Smotrich e Itamar Ben-Gvir, que é expandir Israel da Jordânia até ao mar e parece que o caminho está a ser feito.
A resolução teve os votos contra dos Estados Unidos. Não há aqui um contra-senso dos EUA que dizem estar a trabalhar para a paz no Médio Oriente?
Os Estados Unidos têm sempre a mesma resposta. Ou seja, isto não pode ser feito através de uma resolução. Tem que ser feito um acordo entre as partes. Ora, se estivermos à espera do acordo entre as partes... vamos ter de esperar sentados.
Após a votação, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, Oren Marmorstein, refere que Israel considera "tendenciosa" e cheia de "cinismo" a resolução aprovada pela Assembleia Geral da ONU. Esta postura de Israel era expectável?
Claro. É sempre a mesma resposta e ainda vão dizer que estão todos do lado dos terroristas. Pelo menos é a postura que se espera deste Governo de extrema-direita.
Portugal, país signatário desta resolução, manifestou-se preocupado com a crescente tensão na Cisjordânia, em que a violação dos colonos continua a subir de forma impune…
Foi muito importante a posição do Governo português. Foi realmente uma agradável surpresa.
Nos próximos dias, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, vai discursar diante da Assembleia Geral das Nações Unidas. Considera que ele tem o direito de falar, ou devia haver uma sanção contra Israel?
Não, já se fez isso com tantos outros. É importante que Netanyahu fale para se perceber o que vai dizer. Depois a reacção dos outros países é que já será outra coisa. Muitos dirigentes poderão deixar a sala em sinal de protesto [como fizeram no passado].
O chefe do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, afirmou nesta quinta-feira, 19 de Setembro, que a formação tinha recebido “um golpe duro e sem precedentes” e acusou Israel de “ter ultrapassado todas as linhas vermelhas ao fazer explodir os aparelhos"- pagers e os walkie talkies. O que pretende Israel com este ataque?
Primeiro foi uma coisa inédita, nunca ninguém tinha feito um ataque destes. Segundo, este ataque mostra a capacidade que a Mossad tem. Já quando foi da morte de [Ismaël] Haniyeh [morto a 31 de Julho, em Teerão, num ataque aéreo atribuído às forças israelitas] nós percebemos a capacidade que eles tinham. Aqui também temos a questão de que facilmente vão conseguir identificar os membros do Hezbollah, porque os membros do Hezbollah que chegam aos hospitais têm ferimentos em sítios muito específicos.
Hassan Nasrallah promete um terrível castigo a Israel. O que é que se pode esperar nas próximas horas?
Estamos todos à espera do ataque do Irão. Já estamos à espera também do ataque do Hezbollah. Não interessa ao Hezbollah escalar a guerra. Vamos esperar para ver. Não há prognósticos.
Mas estes ataques vêm, de alguma forma, expor uma fragilidade do Hezbollah?
Sim, expõem uma fragilidade imensa. Eles estão muito assustados com aquilo que se passou (...) Israel está à beira de invadir o Líbano para garantir que o norte de Israel tenha segurança e, portanto, enfraquece e debilita bastante as capacidades do Hezbollah numa altura importante. Foi uma jogada de mestre, diga-se de passagem.
Este episódio complica um acordo de paz entre as partes?
Sim. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, foi agora ao Cairo e volta de lá com as mãos abanar. Enquanto a questão do corredor de Filadélfia [fronteira entre Gaza e o Egipto] não se resolver, não haverá acordo.
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