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"Opinião mundial sobre o conflito em Gaza está a mudar" com liderança de Emmanuel Macron


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A França está a levar a cabo desde este fim de semana, juntamente com Espanha, largadas de bens de primeira necessidade em Gaza a partir da Jordânia. Ao mesmo tempo, cada vez mais países se estão a juntar ao apelo de Emmanuel Macron para se reconhecer o Estado da Palestina.

Em Julho, a França deu o passo diplomático de reconhecer a Palestina como um Estado, estando actualmente a ser seguida por vários países ocidentais, nomeadamente o Canadá ou mesmo Portugal. No entanto, e apesar de haver uma onda de indignação no país, muitas vezes encabeçada pelo Presidente Emmanuel Macron sobre o tratamento dos palestinianos por parte de Israel, a França ainda hesita em opor-se completamente ao regime de Benjamin Netanyahu. 

Este posicionamento explica-se pelo facto de a França ter efectivamente um poder militar que rivalizaria com Israel mas que só agravaria o conflito e por haver uma mudança internacional em relação à percepção da solução dos dois Estados, uma posição há muito defendida pelos consecutivos chefes de Estado franceses como explica Eric Monteiro, professor de Ciências Políticas da Universidade de La Rochelle, em entrevista à RFI.

"A França tem esse poder, mas a costa marítima da Faixa de Gaza está protegida pelas forças armadas de Israel. Portanto, é impossível chegar por mar, a não ser que haja realmente um confronto entre navios do exército de Israel e da França. O que ninguém deseja pois iria cristalizar mais a situação do que outra coisa. Fazer largadas de ajuda humanitária de avião é muito mais fácil e é por isso que optaram Espanha e França por essa opção. A opinião mundial está a mudar. A França tem tido efetivamente, através do papel do presidente Macron e da sua liderança a nível internacional. A opinião mundial está a mudar", considera o docente universitário.

França está assim a levar a cabo largadas de ajuda humanitária a partir da Jordânia, utilizando aviões franceses nessas missões. Para Emmanuel Macron, estas largadas "não são suficientes" e o chefe de Estado gaulês já pediu a Israel "pleno acesso" a um corredor humanitário. 

O empenho de Emmanuel Macron na cena internacional tem a ver com a dificuldade da sua intervenção interna, com o conflito em Gaza a ter também influência no que se passa em território francês. Nesta semana, uma estudante palestiniana foi impedida de continuar em França após ter alegadamente feito apologia anti-semita contra Israel. Comportamentos que estão a ser severamente punidos em França já que as autoridades temem a infiltração de organizações com a Irmandade Muçulmana no país.

"Os actos antissemitas foram multiplicados por mais de 1000, o que é um escândalo e que está globalmente a assistir a um anti-semitismo, como víamos há 100 anos  emFrança, quando houve o caso Dreyfus, entre o final do século XIX até à Segunda Guerra Mundial. A grande diferença é que o anti-semitismo dos anos 20/30 do século passado era essencialmente de extrema direita. Hoje ele é mais caracterizado pela extrema-esquerda, que tem dificuldade em reconhecer que o que o Hamas fez foi um acto de barbaridade", concluiu.

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