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Venâncio Mondlane, líder da oposição moçambicana, regressou esta quinta-feira, 9 de Janeiro, a Maputo após mais de dois meses fora do país, contestando os resultados das eleições gerais. Disponível para o diálogo, criticou as autoridades, acusando-as de estar a cometer um "genocídio silencioso" contra o povo. "O regresso de Mondlane significa o cumprimento do seu compromisso com os eleitores", afirma o investigador no Centro de Integridade Pública, Ivan Maússe.
RFI: O que significa o regresso de Venâncio Mondlane e como é que está a ser vivido este dia, aí, na capital moçambicana?
Ivan Maússe: O regresso de Venâncio Mondlane, que foi o candidato presidencial pelo partido do Podemos e ficou em segundo lugar, significa o cumprimento do seu compromisso com os eleitores. Apesar de contestar os resultados eleitorais, Mondlane conseguiu consolidar um apoio a nível nacional, quebrando divisões regionais e étnicas. Ele conseguiu unir o país e tocar o coração de muitas pessoas, especialmente das que se sentem desamparadas pelo Estado. Este regresso reafirma o seu compromisso em continuar a lutar pelos seus valores e pelas massas que o apoiam.
Que leitura se pode fazer da acusação de "genocídio silencioso" e de que forma esta afirmação pode afectar a legitimidade do governo de Filipe Nyusi?
É importante considerar que, desde Outubro de 2024, mais de 400 pessoas morreram em consequência da violência policial. Há várias situações em que a polícia matou cidadãos, e os corpos foram enterrados em valas comuns sem que as famílias pudessem realizar os funerais de forma digna. Perante tais situações, é compreensível que alguém como Mondlane, que lidera manifestações pacíficas, sinta a necessidade de regressar ao país. A violência policial e as acusações de genocídio podem, sem dúvida, afectar a legitimidade do próximo governo, especialmente o de Daniel Chapo, que terá de lidar com Mondlane e com a sua base de apoio.
Como devem o governo e os partidos políticos responder à pressão de Venâncio Mondlane e à crescente contestação popular? Qual é a importância do diálogo proposto por Mondlane, considerando a crise pós-eleitoral?
O diálogo deve ser sempre visto como um meio de pacificação social. A história de Moçambique mostra que a paz foi alcançada por meio de diálogos políticos, como aconteceu nos acordos de 1992, 2012 e 2019. O diálogo político é essencial para o desenvolvimento do país. No entanto, as partes envolvidas devem ser flexíveis e compreender que as propostas não são vinculativas, devendo ser sujeitas a negociações. O importante é que todos os actores políticos ponham de lado as suas ambições pessoais em prol do bem comum e do desenvolvimento de Moçambique.
Qual é o impacto do uso da força policial contra manifestantes e apoiantes de Venâncio Mondlane na imagem do governo perante a comunidade internacional?
A violência policial, que não é novidade em Moçambique, pode gerar instabilidade e afastar a sociedade das forças de segurança. O uso excessivo da força, especialmente contra manifestações pacíficas, pode provocar uma separação entre a população e a polícia, o que prejudica ainda mais a imagem do governo. É importante que os responsáveis, como o ministério do Interior e o Comando Geral da Polícia, tenham um discurso ponderado e que as forças policiais usem a força de forma proporcional à ameaça real.
Venâncio Mondlane, líder da oposição moçambicana, regressou esta quinta-feira, 9 de Janeiro, a Maputo após mais de dois meses fora do país, contestando os resultados das eleições gerais. Disponível para o diálogo, criticou as autoridades, acusando-as de estar a cometer um "genocídio silencioso" contra o povo. "O regresso de Mondlane significa o cumprimento do seu compromisso com os eleitores", afirma o investigador no Centro de Integridade Pública, Ivan Maússe.
RFI: O que significa o regresso de Venâncio Mondlane e como é que está a ser vivido este dia, aí, na capital moçambicana?
Ivan Maússe: O regresso de Venâncio Mondlane, que foi o candidato presidencial pelo partido do Podemos e ficou em segundo lugar, significa o cumprimento do seu compromisso com os eleitores. Apesar de contestar os resultados eleitorais, Mondlane conseguiu consolidar um apoio a nível nacional, quebrando divisões regionais e étnicas. Ele conseguiu unir o país e tocar o coração de muitas pessoas, especialmente das que se sentem desamparadas pelo Estado. Este regresso reafirma o seu compromisso em continuar a lutar pelos seus valores e pelas massas que o apoiam.
Que leitura se pode fazer da acusação de "genocídio silencioso" e de que forma esta afirmação pode afectar a legitimidade do governo de Filipe Nyusi?
É importante considerar que, desde Outubro de 2024, mais de 400 pessoas morreram em consequência da violência policial. Há várias situações em que a polícia matou cidadãos, e os corpos foram enterrados em valas comuns sem que as famílias pudessem realizar os funerais de forma digna. Perante tais situações, é compreensível que alguém como Mondlane, que lidera manifestações pacíficas, sinta a necessidade de regressar ao país. A violência policial e as acusações de genocídio podem, sem dúvida, afectar a legitimidade do próximo governo, especialmente o de Daniel Chapo, que terá de lidar com Mondlane e com a sua base de apoio.
Como devem o governo e os partidos políticos responder à pressão de Venâncio Mondlane e à crescente contestação popular? Qual é a importância do diálogo proposto por Mondlane, considerando a crise pós-eleitoral?
O diálogo deve ser sempre visto como um meio de pacificação social. A história de Moçambique mostra que a paz foi alcançada por meio de diálogos políticos, como aconteceu nos acordos de 1992, 2012 e 2019. O diálogo político é essencial para o desenvolvimento do país. No entanto, as partes envolvidas devem ser flexíveis e compreender que as propostas não são vinculativas, devendo ser sujeitas a negociações. O importante é que todos os actores políticos ponham de lado as suas ambições pessoais em prol do bem comum e do desenvolvimento de Moçambique.
Qual é o impacto do uso da força policial contra manifestantes e apoiantes de Venâncio Mondlane na imagem do governo perante a comunidade internacional?
A violência policial, que não é novidade em Moçambique, pode gerar instabilidade e afastar a sociedade das forças de segurança. O uso excessivo da força, especialmente contra manifestações pacíficas, pode provocar uma separação entre a população e a polícia, o que prejudica ainda mais a imagem do governo. É importante que os responsáveis, como o ministério do Interior e o Comando Geral da Polícia, tenham um discurso ponderado e que as forças policiais usem a força de forma proporcional à ameaça real.
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