A ocorrência mais letal da história do sistema carcerário da Argentina completa 45 anos em 2023. No dia 14 de março de 1978, 65 presos da Cadeia de Villa Devoto, situada na capital nacional Buenos Aires, morreram após uma intervenção de agentes em um dos pavilhões. Colchões queimados, granadas de gás lacrimogêneo e tiros foram determinantes para a ocorrência de tantos óbitos.

A advogada Claudia Cesaroni, que atua no caso em busca de resposanbilizações quase meio século depois e que é autora do livro "Masacre en el Pabellón Séptimo" sobre esta ocorrência, relembrou, em entrevista concedida ao Estação História, todo o contexto em que se deu o massacre: "A Argentina estava sendo olhada por todo o mundo. Faltava pouco tempo para a Copa do Mundo e a ditadura necessitava evitar qualquer situação que gerasse ou parecesse que aqui eram violentados direitos humanos. Houve uma campanha para mostrar que a Argentina estava em paz. Reprimir este conflito em um pavilhão de presos comuns não custou praticamente nada ao governo, porque os comuns, e esta é a tese e o que mais me move a participar do caso, porque não tenho duvida de que se isto tivesse acontecido em um pavilhao de presos politicos ou se as presas políticas [que também estavam em Villa Devoto] tivessem se solidarizado, e elas tivesse sido reprimidas, haveria um escândalo internacional. Porém, como eram presos comuns, o então ministro de Justiça disse: ‘não se preocupem, não é o pavilhão de presos subversivos, é o de presos comuns’. É uma maneira de dizer: não importa".