Mãe de uma grande amiga minha.

Uma história de vida que me deixou nervosa.

Sei o que é ser orfã de pai e mãe. Não sei e estou longe de saber o que é ser orfã de mãe quando ainda está viva.

E por isso esta partilha foi bonita e parca em palavras. Porque nem sempre é fácil pormos em palavras uma dor que nos consome ao longa da vida.

A Dina nasceu e foi colocada num Lar para crianças abandonadas.

Cresceu num colégio interno de freiras.

Sem ninguém para a ir buscar no Natal e a saber que os seus pais estavam vivos.

Quando saiu do colégio aos 18 anos fez pela vida.

Teve dois ou três trabalhos para conseguir para uma casa que fosse sua.

Porque ao contrário das suas amigas a Dina não tinha casa para ir e por isso a vida fora do colégio foi sempre mais exigente.

E do colégio trouxe o gosto por cuidar de crianças.

E cuidou de muitas crianças fazendo disso o seu trabalho.

Casou, foi mãe e antes de se reformar decidiu que queria tirar a licenciatura e mestrado em Educação.

O que alguns podem ter estranhado a filha e marido apoiaram orgulhosos deste querer saber mais, querer ir atrás dos sonhos, sem que a idade o impeça.

Hoje reformou-se mais cedo para estar com os netos.

Que ama sem medida.

E por medo de apanhar covid e não estar com eles fez a nossa conversa com máscara.

Um coração grande que acredito muitas vezes tenha sido pequenino pelas circunstâncias em que viveu. Mas tão bem que a volta à vida deu.

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