A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 3 bilhões em setembro, segundo dados divulgados pelo MDIC. Apesar do saldo positivo, o resultado representa uma queda de 41,1% em relação a setembro de 2024, sendo o menor superávit para o mês de setembro em 10 anos. As exportações totalizaram US$ 30,5 bilhões, um crescimento de 7,2% na comparação anual, impulsionadas principalmente pelos embarques de produtos agropecuários e minerais. Já as importações somaram US$ 27,5 bilhões, um avanço mais expressivo, de 17,7%, também influenciado por uma operação pontual, o desembarque atípico de uma plataforma de petróleo.
No acumulado do ano, o superávit comercial alcançou US$ 45,5 bilhões, uma queda de 22,5% em relação ao mesmo período de 2024. As exportações somaram US$ 257,8 bilhões, ligeira alta de 1,1%, enquanto as importações cresceram 8,2%, chegando a US$ 212,3 bilhões. A corrente de comércio (soma de exportações e importações) aumentou 4,2%, totalizando US$ 470,1 bilhões.
Entre os setores exportadores, as vendas agropecuárias avançaram 18% frente a setembro do ano anterior, impulsionadas principalmente por soja, milho e carne bovina. A indústria extrativa cresceu 9,2%, e a indústria de transformação teve leve alta de 2,5%. Do lado das importações, observou-se aumento de 3,5% nas compras de produtos agropecuários, queda expressiva de 26,1% na indústria extrativa e elevação de 21,5% na indústria de transformação.
No recorte geográfico, as exportações para a China, Hong Kong e Macau, principais destinos dos produtos brasileiros, cresceram 14,7%. As vendas totais para a Ásia subiram 13%, enquanto as exportações para a América do Norte caíram 12,6% em meio às tensões comerciais com os EUA. Em contrapartida, houve alta de 29,3% nas vendas para a América do Sul, especialmente para a Argentina, e aumento de 3,5% para a Europa. Já as importações brasileiras da Ásia registraram alta de 37,6% em relação a 2024. As compras da Europa cresceram 4,5%, enquanto as da América do Norte aumentaram 16,1%. Em sentido oposto, as importações da América do Sul caíram 4,1%.
O desempenho com os EUA chamou atenção. O déficit comercial com os americanos praticamente quadruplicou no acumulado até setembro, passando de US$ 1,32 bilhão em 2024 para US$ 5,1 bilhões em 2025. Apenas em setembro, o saldo negativo foi de US$ 1,77 bilhão, contra US$ 573 milhões no mesmo mês do ano anterior. As exportações brasileiras aos EUA caíram 20,3%, somando US$ 2,58 bilhões, enquanto as importações de produtos americanos cresceram 14,3%, totalizando US$ 4,35 bilhões.
A deterioração do saldo bilateral reflete o impacto das tarifas impostas pelo governo do presidente Donald Trump, que afetaram produtos brasileiros como semimanufaturados de ferro e aço, café e carnes bovinas, que registraram quedas de 7,7%, 29% e 66%, respectivamente. Apesar disso, os exportadores conseguiram redirecionar parte dos embarques para outros mercados, especialmente China e Argentina, o que compensou parcialmente a perda no comércio com os EUA.
O MDIC revisou a projeção para o resultado da balança comercial em 2025, elevando o superávit esperado de US$ 50,4 bilhões para US$ 60,9 bilhões. Apesar da melhora na estimativa, o número ainda representa uma queda de 17,9% em relação ao superávit de 2024, de US$ 74,2 bilhões. Para as exportações, a previsão subiu de US$ 341,9 bilhões para US$ 344,9 bilhões, um aumento de 2,3%, enquanto as importações devem atingir US$ 284 bilhões, alta de 8%.