A relação dos filósofos com a política é muitas vezes complicada. Sócrates foi condenado à morte pelo júri de sua própria cidade; Platão se envolveu em várias intrigas ao tentar trazer à realidade seu Estado ideal; Guilherme de Ockham, na Idade Média, teve que buscar asilo político em Munique para ser protegido do poder papal; Georg Lukács chegou a ser preso por um breve período na URSS, e Martin Heidegger infelizmente aderiu ao nazismo.

Esta complicada relação não se deve às idiossincrasias dos filósofos. A própria natureza da atividade filosófica propicia este conflito com a política, e este é o tema deste episódio. As reflexões que apresentaremos baseiam-se nas elaborações de Hannah Arendt em seu texto Filosofia e Política, o qual é a terceira parte de uma palestra proferida em1954 sobre os problemas da teoria e da prática após a Revolução Francesa. Neste texto, Arendt reflete sobre a relação entre filosofia e política na Grécia antiga e também considera o papel aí ocupado pelo filósofo.