O amadurecimento artístico se dá em geral em um processo de experimentação, melhoria e elaboração da técnica. Cabe também nisso, o amadurecimento individual. No qual a passagem do fluxo do tempo muda, infere, transforma as percepções e maneiras de se colocar no mundo. Nunca seremos os mesmos. A transitoriedade humana, contradiz todas ciências, e surpreende qualquer observador que se disponha a querer entender.
A transformação do Neurosis, de uma banda hardcore-punk no colosso musical que conhecemos, se deu a ferro e fogo. Um processo com direito a muito sangue e dor. Talvez o pico da consolidação, do ser e do querer, para o grupo de Oakland, seja seu quinto álbum de estúdio. 'Through Silver in Blood' uma obra que é aspereza e raiva. Angústia e pedido de socorro. É afronta aos céus e aceitação da desintegração da matéria.
Produzido por Billy Anderson, o disco nos atinge em audição, como uma criatura que se reveste de várias peles, que incha de dentro para fora, e se move pesada em força constritora, esmagando por onde passa, provocando um transe sísmico.
São camadas de sentido e de sensação. Que nos envolve, e nos engole feito um leviatã que ignora qualquer preocupação. Que devolve o desespero, como uma navalha cega. Cortando, ceifando tudo o que se dispõe adiante. Fazendo que soframos suas dores, em um pacto não falado e nem acordado de cumplicidade.
Contando a história do disco, e decifrando algumas metáforas, retorna ao Obra Fechada, meu amigo Luiz Mazetto (Nós Somos a Tempestade | Basalt), fã declarado da obra, jornalista e autor. Espero que gostem.
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