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Oi, gente. No episódio de hoje, tentei falar rapidamente sobre o português dos livros mais clássicos da literatura brasileira, e por que precisamos ter cuidado ao lermos esses livros já que a língua mudou muito de lá para cá.
Os trechos que li no episósio foram os seguintes:
1. Dom Casmurro (Machado de Assis)
A casa era a da rua de Matacavallos, o mez Novembro, o anno é que é um tanto remoto, mas eu não hei de trocar as datas á minha vida só para agradar ás pessoas que não amam historias velhas; o anno era de 1857. …
Pois eu hei de crer...? Mano Cosme, você que acha? Tio Cosme respondeu com um «Ora!» que, traduzido em vulgar, queria dizer: «São imaginações do José Dias; os pequenos divertem-se, eu divirto-me; onde está o gamão?» --Sim, creio que o senhor está enganado. --Póde ser, minha senhora. …
—Hei de falar. —Pegue-se tambem com Deus,--com Deus e a Virgem Santissima, concluiu apontando para o ceu. (trechos próximos no mesmo capítulo).
2. A Viuvinha (José de Alencar)
Trecho (parágrafo inteiro):
A menina na sua ingênua afeição apercebeu-se da palidez do moço, mas atribuiu-a a um motivo bem diverso do que era realmente.
—Não dormiste, Jorge? perguntou ela.
—Não.
—Nem eu! disse corando.
Ela cuidava que era só a felicidade que trazia essas noites brancas, que deviam depois dourar-se aos raios do amor.
Como se enganava! De volta, Jorge dispôs tudo que era necessário para seu casamento, e fechou-se no seu quarto até a tarde.
3. Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)
Essa idéia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplasto anti-hypocondriaco, destinado a alliviar a nossa melancholica humanidade. (...)
Era fixa a minha idéia, fixa como... Não me occorre nada que seja assaz fixo nesse mundo: talvez a lua, talvez as pyramides do Egypto, talvez a finada dieta germanica. Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja dahi a torcer-me o nariz, só porque ainda não chegámos á parte narrativa destas memorias. Lá iremos. Creio que prefere a anécdota á reflexão, como os outros leitores, seus confrades, e acho que faz muito bem. Pois lá iremos.
4. A Mão e a Luva (Machado de Assis)
Demais, o primeiro passo do homem publico estava dado; elle ia entrar em cheio na estrada que leva os fortes á gloria. Em torno delle ia fazer-se aquela luz, que era a ambição da moça, a atmosphera, que ella almejava respirar. Estevão dera-lhe a vida sentimental,—Jorge a vida vegetativa; em Luiz Alves via ella combinadas as affeições domesticas com o ruido exterior.--
Obrigado pela audiência.
Para fazer contribuições financeiras de qualquer valor ao podcast, utilize o e-mail [email protected] como chave no PayPal.
Até o próximo episódio!
By anderson g5
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Oi, gente. No episódio de hoje, tentei falar rapidamente sobre o português dos livros mais clássicos da literatura brasileira, e por que precisamos ter cuidado ao lermos esses livros já que a língua mudou muito de lá para cá.
Os trechos que li no episósio foram os seguintes:
1. Dom Casmurro (Machado de Assis)
A casa era a da rua de Matacavallos, o mez Novembro, o anno é que é um tanto remoto, mas eu não hei de trocar as datas á minha vida só para agradar ás pessoas que não amam historias velhas; o anno era de 1857. …
Pois eu hei de crer...? Mano Cosme, você que acha? Tio Cosme respondeu com um «Ora!» que, traduzido em vulgar, queria dizer: «São imaginações do José Dias; os pequenos divertem-se, eu divirto-me; onde está o gamão?» --Sim, creio que o senhor está enganado. --Póde ser, minha senhora. …
—Hei de falar. —Pegue-se tambem com Deus,--com Deus e a Virgem Santissima, concluiu apontando para o ceu. (trechos próximos no mesmo capítulo).
2. A Viuvinha (José de Alencar)
Trecho (parágrafo inteiro):
A menina na sua ingênua afeição apercebeu-se da palidez do moço, mas atribuiu-a a um motivo bem diverso do que era realmente.
—Não dormiste, Jorge? perguntou ela.
—Não.
—Nem eu! disse corando.
Ela cuidava que era só a felicidade que trazia essas noites brancas, que deviam depois dourar-se aos raios do amor.
Como se enganava! De volta, Jorge dispôs tudo que era necessário para seu casamento, e fechou-se no seu quarto até a tarde.
3. Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)
Essa idéia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplasto anti-hypocondriaco, destinado a alliviar a nossa melancholica humanidade. (...)
Era fixa a minha idéia, fixa como... Não me occorre nada que seja assaz fixo nesse mundo: talvez a lua, talvez as pyramides do Egypto, talvez a finada dieta germanica. Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja dahi a torcer-me o nariz, só porque ainda não chegámos á parte narrativa destas memorias. Lá iremos. Creio que prefere a anécdota á reflexão, como os outros leitores, seus confrades, e acho que faz muito bem. Pois lá iremos.
4. A Mão e a Luva (Machado de Assis)
Demais, o primeiro passo do homem publico estava dado; elle ia entrar em cheio na estrada que leva os fortes á gloria. Em torno delle ia fazer-se aquela luz, que era a ambição da moça, a atmosphera, que ella almejava respirar. Estevão dera-lhe a vida sentimental,—Jorge a vida vegetativa; em Luiz Alves via ella combinadas as affeições domesticas com o ruido exterior.--
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Até o próximo episódio!

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