São mais de seis mil as crianças entregues ao cuidado do Estado que permanecem anos a fio em instituições, e apenas cerca de 300 as que têm o privilégio de receber o cuidado de uma família de acolhimento, ao contrário do que acontece na maioria dos países da Europa.
A campanha que pretende encontrar mais famílias dispostas a acolher uma criança surtiu resultados. Conseguiu aumentar ligeiramente este número, mas ainda há muito a fazer. E se a ideia de nos afeiçoarmos a uma criança para depois a “perder” assusta, mesmo sabendo de antemão que é esse o desfecho inevitável, o que dizer de um bebé que não tem forma de saber o que aí vem, que se apega a nós como se fôssemos para sempre, e de repente é reconduzido para outra família?
A resposta é mais simples do que à primeira vista parece: qual é a alternativa? É melhor conhecer um colo e uma família e separar-se dele (mantendo geralmente ligações para toda a vida), ou nunca ter tido colo nem a oportunidade de aprender a vincular-se aos outros? Pois.
A questão de fundo, a única que realmente troca as regras do jogo, é a eternização de uma solução que está pensada para ser uma transição muito curta. Mas esse crime, o crime de manter estes meninos num limbo, roubando-lhes a infância (e o futuro), é um crime contra todas estas crianças, a que não nos podemos conformar. Mas, que estas famílias de acolhimento com uma enorme generosidade tentam minimizar.
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