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Globalmente, os vários indicadores concordam na conclusão de que no período recente há menos progressos na luta contra a pobreza em Portugal. O estudo recentemente apresentado indica, por exemplo, ter havido mesmo um "aumento do número de pessoas sem capacidade para ter uma alimentação adequada" e o número pessoas em situação de sem-abrigo mais que duplicou entre 2019 e 2023.
A percentagem de crianças em risco de pobreza está nos 18%, quando a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza definia como objectivo os 10%.
Um estudo que pretende reflectir a realidade e alterar a situação de pobreza em Portugal, como indica a Presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas.
Presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas:
Este estudo, que se chama "Pobreza e Exclusão Social em Portugal, uma visão da Cáritas", neste caso para 2025, é o segundo do conjunto que nós queremos fazer.
O que nós nos apercebemos foi que, muito para além dos números certos e das leituras que se fazem, muita investigação que se faz sobre a pobreza, a verdade é que nós não temos conseguido erradicar o fenómeno.
Na verdade, são 40 anos de fenómeno de pobreza em Portugal, sendo que os números básicos são os mesmos. A que depois se acrescentam, de acordo com as situações de vulnerabilidade do país, porque o país passa, vão-se acrescentando números e pessoas que não são iguais às iniciais.
Nós temos aquilo que se pode dizer que é uma pobreza resistente, constituída por um conjunto de pessoas que nós não conseguimos retirar da pobreza, e isso é um desafio. O outro desafio é as mudanças sociais, a rapidez com que a vida das pessoas muda e aparecem novos fenómenos, traz novas realidades.
E isto complica ainda muito mais a capacidade que nós temos de olhar para a pobreza. O que é que é a pobreza? Porquê é que ela surge? Que tipo de pessoas afecta?
E aí, nós percebendo, com uma grande frustração, que nós não conseguimos erradicar o fenómeno da pobreza em Portugal, fomos tentar perceber se havia alguma coisa a que nós não tivéssemos estado especialmente atentos e vamos tentar ler, ao mesmo tempo que lemos os resultados dos estudos académicos focados em determinadas realidades, encontrar, olhar sobre outras realidades e percepcionar o que os territórios e as pessoas que estão nos territórios vêem na pobreza.
Este é o segundo estudo que existe. O objectivo é reflectir a realidade de forma a nós, tanto quanto possível, podermos ir a tempo de fazer alguma coisa para alterar a situação e proteger as pessoas antes que elas se confortem com a situação.
.Em Portugal existem 20 Cáritas Diocesanas. Para se ter uma melhor percepção do território, a RFI falou com o presidente da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira.
A capital do Baixo-Alentejo regista um grande número de pessoas em situação sem-abrigo e a exploração de imigrantes ainda faz parte da triste realidade que se vive no território.
Presidente da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira:
Beja, em termos proporcionais, é a segunda cidade do país com mais pessoas em situação de sem-abrigo. É Lisboa e Beja. O que é que acontece?
Quando a gente não mede, estas coisas não existem. Há dois anos, o número de sem-abrigos que aparecia nas estatísticas era reduzido . Nós percebemos que havia aqui algumas situações destas. Só em 2023, passaram-nos aqui pela Cáritas 400 pessoas.
Esse número normalmente vai aumentando. Vai aumentando porque, como temos também muitas pessoas emigrantes a quem depois falham os empregos, falham os contratos, falha tudo e mais alguma coisa, essas pessoas muitas vezes acabam por ficar na rua.
E, portanto, esse número tem tendência sempre a aumentar. Embora tenhamos também muitos nacionais, mas uma percentagem também grande é migrante.
Os migrantes que procuram a ajuda da Cáritas são pessoas que... ?
Presidente da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira:
...Tem de tudo um pouco. Temos aqui pessoas que vêm já de outros países porque se criou aqui a ideia de que Beja, principalmente quando havia as manifestações de interesse, Beja ajudava e que a Caritas ajudava e, portanto, havia muitas pessoas que vinham aqui.
Depois temos pessoas que, de alguma maneira, correm um pouco a Europa, pelo menos a Europa do Sul, à procura de alguma estabilidade.
Depois temos muitas outras pessoas que aparecem aqui e que vêm na pressuposição de que vão ter um emprego e depois chegam cá e não têm.
E depois aparecem aqui pessoas que tinham o seu emprego, mas os contratos são contratos muitas das vezes fictícios e que de um momento para o outro ficam sem nada.
Pessoas que, os documentos que tinham perderam a validade. Portanto, nós temos aqui de tudo. Portanto, são situações que nós vamos verificando que, embora tenhamos aumentado o número de técnicos, a gente não dá conta disto.
E estamos convencidos que a tendência é para aumentar porque a Alqueva ainda não atingiu o seu pico. Portanto, a maior parte destas culturas que aqui estão agora instaladas são culturas permanentes que exigem mão-de-obra. A mão-de-obra cá não existe. Portanto, ela acaba por vir de fora. E, portanto, são situações que nós não controlamos, mas cuja tendência é para aumentar.
No ano passado, há dois anos, houve vários relatos de situações de tráfico de pessoas, de exploração laboral que os migrantes sofriam. Ainda têm relatos desse tipo de situação a acontecer no território?
Presidente da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira:
Sim, sim! Isso existe a toda a hora. Quando se consegue acabar com uma entidade que faz esse trabalho, nasce duas ou três a seguir com este negócio. Portanto, sempre que há dinheiro na questão, estas coisas não terminam só por decreto. Portanto, pessoas nessas situações continuam a haver. E todos os dias nós acabamos por ter relatos de situações dessas.
Os órgãos de segurança andam sempre aqui em cima. Enquanto houver aqui pessoas nestas condições, toda a gente ganha dinheiro à custa deles. É a habitação, é o contrato, é as legalizações. Seja aquilo que for, há sempre pessoas a ganhar dinheiro à custa destas pessoas vulneráveis.
Como é que a sociedade, os bejenses, e também as outras entidades de Beja, como é que entendem, como é que recebem, como é que olham para estes migrantes?
Presidente da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira:
Embora as forças populistas, muitas das vezes, venham a dizer que uma série de problemas que acontecem no território são devido aos migrantes. Aquilo que nós, pelo menos, e mesmo as próprias forças de segurança nos vão dizendo, é que isso, de facto, não é verdade.
Agora, aquilo que tem é que mudou a paisagem, por exemplo, dos aglomerados populacionais, nomeadamente Beja também mudou.
Mas são pessoas que, normalmente, não criam qualquer problema de segurança. Não quer dizer que não possa haver um problema ou outro, mas os nacionais também existem. E a maioria das pessoas, se nós fomos ver a parte criminal, etc., essencialmente são nacionais, não são migrantes. Mas sim, um dos trabalhos que nós gostaríamos de fazer é o trabalho de inclusão, ou seja, que estas pessoas pudessem vir e incluir na sociedade.
Mas quer dizer, não se misturam. Os bejenses e a maioria das entidades aceita estas pessoas, mas é sempre a mesma coisa. Toda a gente acha que estes problemas deviam ser solucionados, mas na sua rua, não na minha. Isso acontece aqui com a Cáritas, não só com os migrantes, mas acontece com todas estas pessoas em situação de sem abrigo. Há, aliás, até vozes que dizem que a Cáritas é a culpada disto tudo, porque se a Cáritas não tivesse estas estruturas que acolhem estas pessoas, estes problemas não existiam.
Como é que a sociedade olha para o trabalho que a Cáritas de Beja desenvolve, uma vez que lida com situações, com pessoas que são colocadas à margem da sociedade?
Presidente da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira:
Eu diria que 95%, sem que este número seja real, 95% das pessoas da cidade de Beja, do território, não sabem o que é que a Cáritas faz. Não sabem e criticam às vezes estas instituições. A maioria das pessoas acha que se deve dar atenção a todas estas pessoas vulneráveis, mas é longe de mim, longe da minha porta. Portanto, este trabalho de integração, este trabalho de corresponsabilização, é um trabalho que precisa ser feito. Está melhor do que estava há uns anos atrás, mas é um problema, esta tomada de consciência.
Às vezes, há determinadas forças que, quando nós temos que pedir o seu auxílio, dizem que não trabalham para a Cáritas. Nomeadamente forças policiais, ou coisas desse género. Nós já tivemos reuniões, quer com as chefias destas forças, quer com o próprio presidente do município, a dizerem-nos que eles não estão a trabalhar para a Cáritas, eles estão a trabalhar para a comunidade.
Se a Cáritas não ajudasse estas pessoas, estes problemas, se calhar, eram muito mais graves no seio da sociedade. Mas isto, muitas das vezes, eles não têm consciência disto. Portanto, isto é um trabalho de paciência, é um trabalho de relação entre a Cáritas e as outras instituições, a comunidade, as entidades, etc. É um trabalho que é extremamente necessário ser feito, porque uma parte significativa das pessoas não sabe o que é que estas entidades fazem.
Globalmente, os vários indicadores concordam na conclusão de que no período recente há menos progressos na luta contra a pobreza em Portugal. O estudo recentemente apresentado indica, por exemplo, ter havido mesmo um "aumento do número de pessoas sem capacidade para ter uma alimentação adequada" e o número pessoas em situação de sem-abrigo mais que duplicou entre 2019 e 2023.
A percentagem de crianças em risco de pobreza está nos 18%, quando a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza definia como objectivo os 10%.
Um estudo que pretende reflectir a realidade e alterar a situação de pobreza em Portugal, como indica a Presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas.
Presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas:
Este estudo, que se chama "Pobreza e Exclusão Social em Portugal, uma visão da Cáritas", neste caso para 2025, é o segundo do conjunto que nós queremos fazer.
O que nós nos apercebemos foi que, muito para além dos números certos e das leituras que se fazem, muita investigação que se faz sobre a pobreza, a verdade é que nós não temos conseguido erradicar o fenómeno.
Na verdade, são 40 anos de fenómeno de pobreza em Portugal, sendo que os números básicos são os mesmos. A que depois se acrescentam, de acordo com as situações de vulnerabilidade do país, porque o país passa, vão-se acrescentando números e pessoas que não são iguais às iniciais.
Nós temos aquilo que se pode dizer que é uma pobreza resistente, constituída por um conjunto de pessoas que nós não conseguimos retirar da pobreza, e isso é um desafio. O outro desafio é as mudanças sociais, a rapidez com que a vida das pessoas muda e aparecem novos fenómenos, traz novas realidades.
E isto complica ainda muito mais a capacidade que nós temos de olhar para a pobreza. O que é que é a pobreza? Porquê é que ela surge? Que tipo de pessoas afecta?
E aí, nós percebendo, com uma grande frustração, que nós não conseguimos erradicar o fenómeno da pobreza em Portugal, fomos tentar perceber se havia alguma coisa a que nós não tivéssemos estado especialmente atentos e vamos tentar ler, ao mesmo tempo que lemos os resultados dos estudos académicos focados em determinadas realidades, encontrar, olhar sobre outras realidades e percepcionar o que os territórios e as pessoas que estão nos territórios vêem na pobreza.
Este é o segundo estudo que existe. O objectivo é reflectir a realidade de forma a nós, tanto quanto possível, podermos ir a tempo de fazer alguma coisa para alterar a situação e proteger as pessoas antes que elas se confortem com a situação.
.Em Portugal existem 20 Cáritas Diocesanas. Para se ter uma melhor percepção do território, a RFI falou com o presidente da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira.
A capital do Baixo-Alentejo regista um grande número de pessoas em situação sem-abrigo e a exploração de imigrantes ainda faz parte da triste realidade que se vive no território.
Presidente da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira:
Beja, em termos proporcionais, é a segunda cidade do país com mais pessoas em situação de sem-abrigo. É Lisboa e Beja. O que é que acontece?
Quando a gente não mede, estas coisas não existem. Há dois anos, o número de sem-abrigos que aparecia nas estatísticas era reduzido . Nós percebemos que havia aqui algumas situações destas. Só em 2023, passaram-nos aqui pela Cáritas 400 pessoas.
Esse número normalmente vai aumentando. Vai aumentando porque, como temos também muitas pessoas emigrantes a quem depois falham os empregos, falham os contratos, falha tudo e mais alguma coisa, essas pessoas muitas vezes acabam por ficar na rua.
E, portanto, esse número tem tendência sempre a aumentar. Embora tenhamos também muitos nacionais, mas uma percentagem também grande é migrante.
Os migrantes que procuram a ajuda da Cáritas são pessoas que... ?
Presidente da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira:
...Tem de tudo um pouco. Temos aqui pessoas que vêm já de outros países porque se criou aqui a ideia de que Beja, principalmente quando havia as manifestações de interesse, Beja ajudava e que a Caritas ajudava e, portanto, havia muitas pessoas que vinham aqui.
Depois temos pessoas que, de alguma maneira, correm um pouco a Europa, pelo menos a Europa do Sul, à procura de alguma estabilidade.
Depois temos muitas outras pessoas que aparecem aqui e que vêm na pressuposição de que vão ter um emprego e depois chegam cá e não têm.
E depois aparecem aqui pessoas que tinham o seu emprego, mas os contratos são contratos muitas das vezes fictícios e que de um momento para o outro ficam sem nada.
Pessoas que, os documentos que tinham perderam a validade. Portanto, nós temos aqui de tudo. Portanto, são situações que nós vamos verificando que, embora tenhamos aumentado o número de técnicos, a gente não dá conta disto.
E estamos convencidos que a tendência é para aumentar porque a Alqueva ainda não atingiu o seu pico. Portanto, a maior parte destas culturas que aqui estão agora instaladas são culturas permanentes que exigem mão-de-obra. A mão-de-obra cá não existe. Portanto, ela acaba por vir de fora. E, portanto, são situações que nós não controlamos, mas cuja tendência é para aumentar.
No ano passado, há dois anos, houve vários relatos de situações de tráfico de pessoas, de exploração laboral que os migrantes sofriam. Ainda têm relatos desse tipo de situação a acontecer no território?
Presidente da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira:
Sim, sim! Isso existe a toda a hora. Quando se consegue acabar com uma entidade que faz esse trabalho, nasce duas ou três a seguir com este negócio. Portanto, sempre que há dinheiro na questão, estas coisas não terminam só por decreto. Portanto, pessoas nessas situações continuam a haver. E todos os dias nós acabamos por ter relatos de situações dessas.
Os órgãos de segurança andam sempre aqui em cima. Enquanto houver aqui pessoas nestas condições, toda a gente ganha dinheiro à custa deles. É a habitação, é o contrato, é as legalizações. Seja aquilo que for, há sempre pessoas a ganhar dinheiro à custa destas pessoas vulneráveis.
Como é que a sociedade, os bejenses, e também as outras entidades de Beja, como é que entendem, como é que recebem, como é que olham para estes migrantes?
Presidente da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira:
Embora as forças populistas, muitas das vezes, venham a dizer que uma série de problemas que acontecem no território são devido aos migrantes. Aquilo que nós, pelo menos, e mesmo as próprias forças de segurança nos vão dizendo, é que isso, de facto, não é verdade.
Agora, aquilo que tem é que mudou a paisagem, por exemplo, dos aglomerados populacionais, nomeadamente Beja também mudou.
Mas são pessoas que, normalmente, não criam qualquer problema de segurança. Não quer dizer que não possa haver um problema ou outro, mas os nacionais também existem. E a maioria das pessoas, se nós fomos ver a parte criminal, etc., essencialmente são nacionais, não são migrantes. Mas sim, um dos trabalhos que nós gostaríamos de fazer é o trabalho de inclusão, ou seja, que estas pessoas pudessem vir e incluir na sociedade.
Mas quer dizer, não se misturam. Os bejenses e a maioria das entidades aceita estas pessoas, mas é sempre a mesma coisa. Toda a gente acha que estes problemas deviam ser solucionados, mas na sua rua, não na minha. Isso acontece aqui com a Cáritas, não só com os migrantes, mas acontece com todas estas pessoas em situação de sem abrigo. Há, aliás, até vozes que dizem que a Cáritas é a culpada disto tudo, porque se a Cáritas não tivesse estas estruturas que acolhem estas pessoas, estes problemas não existiam.
Como é que a sociedade olha para o trabalho que a Cáritas de Beja desenvolve, uma vez que lida com situações, com pessoas que são colocadas à margem da sociedade?
Presidente da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira:
Eu diria que 95%, sem que este número seja real, 95% das pessoas da cidade de Beja, do território, não sabem o que é que a Cáritas faz. Não sabem e criticam às vezes estas instituições. A maioria das pessoas acha que se deve dar atenção a todas estas pessoas vulneráveis, mas é longe de mim, longe da minha porta. Portanto, este trabalho de integração, este trabalho de corresponsabilização, é um trabalho que precisa ser feito. Está melhor do que estava há uns anos atrás, mas é um problema, esta tomada de consciência.
Às vezes, há determinadas forças que, quando nós temos que pedir o seu auxílio, dizem que não trabalham para a Cáritas. Nomeadamente forças policiais, ou coisas desse género. Nós já tivemos reuniões, quer com as chefias destas forças, quer com o próprio presidente do município, a dizerem-nos que eles não estão a trabalhar para a Cáritas, eles estão a trabalhar para a comunidade.
Se a Cáritas não ajudasse estas pessoas, estes problemas, se calhar, eram muito mais graves no seio da sociedade. Mas isto, muitas das vezes, eles não têm consciência disto. Portanto, isto é um trabalho de paciência, é um trabalho de relação entre a Cáritas e as outras instituições, a comunidade, as entidades, etc. É um trabalho que é extremamente necessário ser feito, porque uma parte significativa das pessoas não sabe o que é que estas entidades fazem.
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