A longa-metragem, já premiada, é um testemunho único que nos faz atravessar séculos de história da música guineense.
Com uma carta de marear muito própria, Nteregu já regista rotas marítimas, ou de apresentações (como preferirem) que podem ir , por exemplo, de Bissau a Nova Iorque ou de Lisboa a São Paulo.
Nteregu é, afinal, a nau Rainha da Música Guineense que é também um ponto de viragem pela abertura que permite ao conhecimento de parte do património cultural e imaterial da Guiné-Bissau.
De importância capital, Nteregu é o mais rico documento alguma vez feito sobre o passado, presente e futuro do caleidoscópico universo musical para o qual contribuem dezenas de etnias.
Com Nteregu, é de forma apaixonada que somos levados “Da Tina à cultura das mandjuandadi, das tabankas dos “griots” às pistas de dança na Europa”.
Realizado por Manuel Loureiro e Roger Mor, Nteregu é a celebração poética da música guineense em toda a sua diversidade e riqueza e para a qual contribuem os depoimentos de, entre outros, Ramiro Naka, Adriano Atchuchi, Eneida Marta, Miguel Barros, Tony Osvaldo, Ivan Barbosa, Karyna Gomes, As One, Juca Delgado, Odete Semedo, Dj Mandas, Nino Galissa, Dulce Neves ou Ernesto Dabó,
Como é que surgiu a ideia de realizar esta longa-metragem sobre a música da Guiné-Bissau?
Roger Mor, co-realizador do documentário Nteregu:
O Nteregu veio na sequência do primeiro projecto, que era o Ntrudo. Nós tivemos este primeiro contacto com este rico universo da música tradicional guineense através deste primeiro filme, que foi o Ntrudo. A partir daí nós ficámos com vontade de explorar um pouco mais. A ideia propriamente surge da nossa intenção de ajudar a fazer um inventário da cultura guineense, que era um dos projectos de uma figura marcante do panorama cultural na Guiné-Bissau, que é o Dr. Cornélio.
A vontade dele era começar a fazer esta inventariação, sobretudo dos ritmos tradicionais. E, efectivamente, a missão do filme é dar a conhecer a riqueza cultural da música da Guiné-Bissau. E vão às origens da música.
Costuma-se dizer que os artistas e os loucos navegam nas mesmas águas, mas os artistas saem. Nós quase não saímos pela loucura que foi de querer criar uma peça que atravessasse tantos séculos. Esse foi o maior desafio, a meu ver.
Hoje em dia, quando olho para trás, eu acho que se deu muito, mas também se deu aqui uma grande dor de cabeça, que foi o querer contar uma história de tantos séculos, com tanta riqueza, com tantos ritmos. É muita história, é muita história num filme só, o que agigantou o desafio em termos de edição. Nós tínhamos muitas, muitas horas de filmagem, tínhamos muitas histórias. Nós, se calhar, temos material, indo lá mais uma vez ou duas, para fazer mais, pelo menos, dois filmes.
Temos muito, muito, muito material. Com esta loucura de querer contar a história de onde vem e para onde vai a música da Guiné-Bissau. E sim, isso foi um desafio.
Neste filme, o que é que é identificado como as raízes mais profundas da música da Guiné-Bissau?
Nós decidimos arrancar com as duas principais linhagens que estão identificadas, que é a do Balafon e a da Kora. Que inclusive, segundo alguns registos, tinham aqui um papel de conselheiros do rei. Quando o rei precisava de tomar uma decisão, era a Kora, por exemplo, que ajudava o rei a tomar essa decisão. Ou seja, nós começámos mais neste lado, digamos, mais espiritual, mais místico da própria música, com estas duas grandes linhagens.
Por isso é que o filme começa na aldeia de Tabatô, onde esta linhagem ainda se mantém viva e toda a aldeia é de músicos. E, obviamente, não podíamos deixar de passar pelas raízes das Mandjuandadi com a questão da tina. Porque se hoje em dia há um elemento que é transversal à música moderna, talvez seja mesmo a tina. E efectivamente, há aqui uma ligação histórica à Portugal com a tina, porque a tina é o balde de água, não é?! Mas que é tocado com meia cabaça dentro, ou a tina é cheia de água. Se calhar se não chegassem lá as pipas de vinho, se calhar o instrumento seria o outro, não é? Eu diria que são estas três as grandes raízes que nos conduzem depois ao longo do filme.
Manuel Loureiro, quais os grandes desafios de colocar toda esta história em imagens?
Manuel Loureiro, co-realizador do documentário Nteregu:
Para já, acho que concordo com o Roger, realmente tínhamos muita coisa para contar num filme só. Porque como não havia nada, era preciso contar tudo. Pelo menos, assim já está contado. Umas vezes com mais espaço para a poesia, mais espaço para uma linguagem mais cinematográfica, outras vezes uma linguagem mais condensada e mais informativa, mas está lá.
Esse, acho que era o primeiro passo. O que eu senti foi, em fases da história, dificuldade em termos de imagem, arranjar imagens para ilustrar aquilo que estávamos a falar. Nós temos as histórias contadas na primeira pessoa pelos entrevistados, mas há muito poucas imagens de arquivo.
Há muito poucas fotografias de algumas pessoas que são mencionadas e que são essenciais. Eu não conseguia encontrar, e bem que procurámos. Depois há outras fontes de arquivo que eram inacessíveis ao orçamento e aos meios que nós tínhamos.
Acho que foi isso um bocadinho mais... A maior dificuldade, se calhar, que nós sentimos a fazer este filme foi estarmos a fazer um filme com muito pouco dinheiro. Nós quisemos fazer o filme, fomos fazer o filme, tivemos alguns apoios logísticos. No entanto, para este filme sair, tínhamos que ter realmente um apoio monetário, porque nós temos que pagar os direitos aos artistas que entram, das músicas, etc.
Uma das minhas maiores dificuldades, pelo menos falando por mim, é estar a editar, a trabalhar, a dar o litro, sem saber se o filme ia sair. Porque se nós não tivéssemos o dinheiro para pagar realmente os direitos de autor e respeitar esse trabalho de artístico de todos, o filme não sairia. Mas tudo acabou bem.
Roger Mor:
E esta é a segunda vez que acontece. Ou seja, nós avançamos com a ideia e felizmente depois há quem se junta a nós, que é o caso da União Europeia na Guiné-Bissau. Foi quem acabou por garantir toda esta pós-produção, como o Manuel estava a dizer.
Porque estes são projectos praticamente de voluntariado, desta equipa central, desta equipa nuclear, que se desloca ao terreno. Os maiores custos que nós temos é depois arranjar um profissional cá, que nos ajude com a questão da edição, a questão dos direitos das músicas, a questão da pós-produção. Ou seja, toda esta pós-produção foi garantida pela União Europeia.
Se nós tivermos o apoio do Instituto Camões e da Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau, mas num lado logístico, o apoio também do Dr. Cornelio, que foi incansável. Já o apoio da Euroatlântica, que também nos financiou com as viagens, aqui numa parceria em que nós cedemos o Ntrudo para eles porem nas televisões dos aviões, que é uma das estratégias que nós temos aqui em comunicação. Por exemplo, nós fizemos uma premuta, demos o Netrudo à Euroatlântica e eles deram-nos as viagens para irmos fazer este segundo filme Nteregu.
Curiosamente, agora o Ntrudo, este primeiro filme, já está nos aviões de longo curso da TAP também. E, neste último Carnaval, toda a gente que ia para o Rio de Janeiro, levou com o Carnaval da Guiné-Bissau a caminho do Rio. E tivemos imensas reações ao filme. Pessoas que nos diziam: “Eu não conhecia nada da Guiné-Bissau”. “Eu no próximo ano vou ao Carnaval da Guiné-Bissau.” E é isto também que nós queremos que aconteça com a música.
É que as pessoas, com o Nterego, depois de ouvirem alguns dos nomes que nós temos, e nós temos grandes nomes; se me perguntassem qual é que acho que é o ponto forte deste filme, para além de trazer pela primeira vez o tema à tona, eu acho que é mesmo o facto de juntar ali alguns dos maiores nomes vivos da música da Guiné-Bissau. O nosso grande objectivo é contribuir exatamente para esta questão, de criar memória, de começar a criar um arquivo. Nos ajuda também a perpetuar a história da Guiné-Bissau.
Como é que foi feito o convite, a selecção, dos diferentes artistas que aparecem? Uns vivem na Guiné-Bissau, outros vivem na Europa, em particular em Portugal. Estou-me a lembrar, por exemplo, de Eneida Marta, de Karina Gomes.
Roger Mor:
Começámos por partilhar com a maior parte dos músicos que nós íamos fazer este filme, e depois a vida encarregou-se de nos pôr no guião aqueles que estavam disponíveis.
Manuel Loureiro:
O processo foi interessante porque reforçou a questão, nós não queríamos fazer um filme sobre músicos, queríamos fazer um filme com músicos. Portanto, os que entraram, quiseram mesmo entrar. Mostraram interesse, disponibilidade, e fizeram um filme connosco. E acho que isso é importante naquilo que nós queríamos fazer. Acho que nesse aspecto o filme é bastante bem conseguido.
É um filme com músicos, não sobre músicos. Um filme com músicos, que estou-me a lembrar de uma passagem em que a Carina Gomes, ela própria, se mostra surpreendida com a riqueza da música, da Guiné-Bissau, e de ritmos que ela acaba por descobrir neste contexto. Um estilo que é apresentado no filme pelo Ramiro Naka.
Roger Mor:
O Ramiro Naka é uma personagem central no filme. Eu acho que só mesmo quem está mais voltado para o mundo da música é que conhece o Ramiro Naka. O Ramiro Naka é um fenómeno, um fenómeno musical. Musical e em termos de pessoa. Ele é um filósofo, um poeta. Aliás, nós, agora, quando estivemos lá, quase que selámos um acordo de cavalheiros de fazer um filme só sobre ele. E ele ficou muito interessado, e eu gostava muito que isso acontecesse, porque ele de facto é de uma riqueza.
É uma pessoa que, apesar de ter vivido muitos anos fora, sempre continuou muito ligado à Guiné-Bissau. Ele dizia sempre que tinha a sensação de ter uma dívida para com a Guiné-Bissau. E esta dívida, ele agora quer pagá-la.
Construir aquela escola de música. Comprou um terreno onde estava a dinamizar um espaço para eles fazerem os ensaios. É uma pessoa que tem muito conhecimento da cultura da Guiné-Bissau, apesar de ter estado tantos anos fora.
Além de ter sido modelo em Paris e ter montes de histórias, é um bom exemplo da riqueza daquelas vidas. Muitas vezes têm de sair de lá para conseguirem viver da música.
Outra das formas de selecionar músicos, nós também queríamos muito ter músicos que não tivessem saído de lá. São duas realidades completamente diferentes. E isso está espelhado no filme. Tens pessoas que saíram efectivamente lá e criaram carreiras, nomeadamente em França, nos Estados Unidos, ou na China como Mandas.
Em Portugal, a Karina Gomes, a Eneida da Marta, o Bruno Tuma. Mas, por exemplo, nós temos muitos músicos que nunca saíram de lá, como a Dulce Neves. Ela sempre fez questão de dizer, “Eu quero cantar cá, porque esta é a minha terra”.
E temos uma série de nomes que se dividem entre o desafio de ficar e, muitas das vezes, o desafio de partir.
E depois, desta geração mais consagrada, o filme termina abordando o rap e hip-hop feita por guineenses.
Roger Mor:
Foi uma parte que acabámos por não explorar muito, porque, para isso ser possível, tu quase tinhas de mostrar o que é o rap de outras latitudes para mostrar qual é a diferença rítmica daquele rap.
Mas há uma diferença rítmica. Aquele ritmo composto da tina está presente no rap e é possível identificar. Agora, era preciso explorar isso mais.
Mas, pronto, a diferença rítmica é uma delas. E depois tem a ver com a questão da história, que, obviamente, conta a história da Guiné-Bissau. E depois é a questão das línguas.
Calcula-se que ainda existam 32 línguas do país e há muitos músicos que ainda fazem questão de agarrar e pôr no rap uma parte daquilo que é a língua materna. E são as diferenças.
A ideia de acabar o filme com as novas linguagens, na realidade, agora que falo enquanto guionista, nunca foi a intenção, em termos de guião, muito pelo contrário. Era exactamente o contrário. Nós começávamos nas novas linguagens e iríamos acabar nas raízes. Só que depois houve aqui uma série de mudanças, porque as novas linguagens eram o ponto de partida para irmos à descoberta das raízes.
Manuel Loureiro:
Se bem que o filme, na verdade, acaba com uma má desbandade. O filme volta às raízes, sim. Exactamente. O filme passa de uma afrotina para um som de tina pura e dura. Que se liga bem. Ou seja, alguém que tenha ouvido mais atento vai perceber que mesmo nestas novas linguagens, este ritmo único, porque o ritmo da tina é único no mundo, não existe em nenhum outro país que tenha este ritmo.
Roger Mor:
Esta transição que o Manuel acaba de falar, ela ficou perfeita, porque nós saímos de uma afrotina, que é um braço do afrohouse, e entra de novo na tina pura e dura, ali em Bolama, como um ponto final do filme.
No documentário há uma fase dedicada contributo da música durante o processo de libertação, de combate às tropas coloniais, e onde há uma grande referência a José Carlos Schwarz.
Roger Mor:
Eu queria só fazer aqui um pequeno aparte antes de responder à tua questão, que tem a ver com a frase inicial do filme. Quando há bocadinho perguntavas como é que surge o filme, na realidade a primeira vez que eu desejei ver o filme foi quando estava a fazer pesquisa nos arquivos lá na Guiné-Bissau e encontro aquela frase de um inquérito etnográfico de 1945 a dizer que a música guineense é muito pobre em ritmos, rica em barulhos, sons infernais e apitos metálicos.
Esta frase, é uma das, se calhar, menos chocantes que eu li nestes questionários, mas é muito difícil ler estes questionários que Portugal escrevia sobre as antigas colónias. Acho que foi aí que senti a primeira vez vontade de fazer um guião sobre a música da Guiné. E, obviamente, que depois quando olhamos para a nossa cultura, também com o papel que a música portuguesa teve na questão de acabar com o regime, isto também se colocou, obviamente, na Guiné.
O mais engraçado foi ver como as letras que estão associadas à resistência são todas elas, de facto, verdadeiras histórias orais. Ou seja, o verdadeiro papel da música na Guiné-Bissau é um arquivo oral, que é importante que ele não se perca. E enquanto não for feito este registo, a verdade é que todos os dias, possivelmente, acabam por se perder coisas que nunca mais se irão recuperar.
E nas letras da (música de) resistência acontece isso. Por isso é que nós fizemos questão de ter traduzidas as letras, não só do crioulo, mas como das outras várias línguas. Porque, aí sim, percebemos qual é que é o verdadeiro papel da música numa sociedade sem escrita.
Este filme começou por ser apresentado na Guiné-Bissau. Qual foi a reacção dos guineenses?
Roger Mor:
Sim, o Manuel foi para Nova Iorque, eu fui para a Guiné-Bissau. Dividimos.
Foram realidades completamente diferentes, seguramente, porque a antestreia (na Guiné) foi no pátio da Embaixada de Portugal. De todos os eventos a que eu fui, acho que foi um dos mais concorridos da primeira Bienal de Arte Contemporânea da Guiné-Bissau. E mostrar um filme sobre música da Guiné, na Guiné-Bissau… Foi uma surpresa. As palmas, as pessoas dançavam, as pessoas reconheciam as letras. E quase que dava para fazer uma brincadeira de baixar o som do filme, porque a música iria continuar ao vivo com a plateia. Foi incrível! E as reacções? As reacções foram... foi um momento emocionante. Isto acontece nos dois filmes que fizemos.
As pessoas têm um novo olhar sobre si próprias. Há quase que, ao longo do filme, injceções de auto-estima naquele público. Como viste, é um filme que tem imagens lindíssimas, que eu acho que, muitas das vezes, os próprios guineenses ainda não conseguem reconhecer em si.
E, às vezes, quando vêem no grande ecrã essa beleza, isso contribui também para uma autoestima, reconhecimento, amor próprio. Acho que isso é importante.
Manuel Loureiro, como foi apresentar o filme sobre a Guiné-Bissau em Nova Iorque?
Manuel Loureiro:
No Africa Film Festival. Foi muito interessante. Também foi muito bem recebido, mas por razões completamente diferentes. Aliás, quase opostas.
Enquanto na Guiné-Bissau tínhamos toda uma plateia a rever-se, se calhar de uma maneira como nunca tinha visto, em Nova Iorque, o que eu senti foi que a plateia era composta, maioritariamente, por profissionais de rádio, que tinham, por exemplo, muitos programas de rádio de world music. No filme, vieram dizer, muitos deles, que tinham estado em dezenas, 30 e tal países africanos, e que não conheciam nada sobre a Guiné-Bissau. O que é muito estranho. Nós conhecemos um bocadinho da Guiné-Bissau.
É quase absurdo. Os interessados em música não irem conhecer a Guiné-Bissau, porque é fortíssimo, é poderosíssimo. Eles, acho que sentem isso, e sentem essa vontade. Muitos deles disseram-me que têm que ir à Guiné-Bissau.
Saí de lá com uma lista de e-mails, inclusive, para responder. Respondi com os nomes dos artistas, e com dicas, porque todos eles ficaram muito entusiasmados com a ideia de visitar o país. Eu acho que isso é muito bonito, e acho que o filme funciona.
E depois de Nova Iorque e Guiné-Bissau?
Roger Mor:
O Nterego, depois, acabou por estrear no (Festival de Cinema) Festin, e ganhou o prémio do público, o que nos deixou muito contentes, como é óbvio.
Depois passou em São Paulo, no In-Edit. Já temos algumas reacções também, nomeadamente algumas universidades estão interessadas em criar uma parceria connosco para mostrar. Vamos estar, creio, na Austrália. Ou seja, o filme está, surpreendentemente, a entrar em circuitos onde nós até nem tínhamos pensado que ele poderia entrar tão facilmente.
E nós estamos a falar do New York African Film Festival, que é um dos principais festivais de filmes de música africana do mundo. Ou seja, para nós também é um sinal que, de facto, conseguimos atrair a atenção de grandes faróis que têm a luz ligada sobre a música mundial. Este filme agora vai correr os festivais de cinema, depois, possivelmente, vai passar para as televisões nacionais, quer em Portugal, quer na Guiné-Bissau. Depois, a longo prazo, ficará disponível no nosso site, o sermudança.pt. Eu acho que este pode ser um início muito interessante para dar continuidade a este projecto. Nós gostávamos de fazer mais documentários sobre música na Guiné-Bissau.
Basta pensar que, se ainda existem 20 etnias que sejam, cada etnia tem o seu ritmo, tem os seus músicos, tem os seus instrumentos, a sua língua. Ou seja, basta pensar nisso e pensamos logo numa série documental.
O apelo que eu gostava de lançar aqui às pessoas é que, quando tiverem a oportunidade de ver o filme, que invistam estes 90 minutos. Há todo um mundo novo, que as escolas não nos deram a conhecer, que os meios de comunicação continuam a não nos dar a conhecer. Há um euro-centrismo na nossa cultura, que muitas das vezes nos afasta de uma riqueza da cultura, que não está na nossa latitude, simplesmente. E essa riqueza, muitas das vezes, ajuda-nos a criar algo novo.
Eu sou uma pessoa completamente diferente depois de ter lidado com a cultura guineense. Porque há ali uma riqueza que me torna a mim mais rico também.