No ambiente complexo e desafiador chamado família, inevitavelmente somos machucados, gerando o que em psicologia chamamos de trauma.
Sobre isso é importante salientar que pessoas traumatizadas tendem a traumatizar, ou seja, traumas muitas vezes geram traumas: a maioria dos pais que maltratam seus filhos provavelmente também foi maltratada.
Para quebrar esse triste ciclo, quem se sente dolorido pela forma como foi tratado pelos pais, conseguiria crescer muito ao enxergá-los não apenas como negligentes, perversos, narcisistas ou hostis, mas como mal equipados para criar o tipo de ambiente familiar que promovesse confiança e vínculos seguros, simplesmente porque nunca tiveram isso.
Não se trata de minimizar a dor de alguém com um “deixar para lá e seguir em frente” ou “perdão” simplista, por mais úteis que possam ser. Em vez disso, cada um de nós que vive em família, deve chegar a uma compreensão mais completa de por que nossos pais se comportaram daquela maneira, para que possamos evitar ficar presos a esses padrões de dor por isso e repeti-los nos próximos relacionamentos, prejudicando as próximas gerações.
Um dos maiores perigos de carregar sentimentos crônicos de raiva em relação a um dos pais não está simplesmente no que isso faz com o relacionamento entre nós e nossos pais, mas como isso pode afetar nossos relacionamentos com um parceiro íntimo ou nossos filhos. Ou seja, não se trata de como isso nos afetou, mas de como isso AINDA nos afeta.