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A ilha do Maio esteve em destaque no fim de semana na região parisiense. As suas praias e a sua população acolhedora são algumas das vantagens desta ilha para atrair turistas franceses e cabo-verdianos residentes em França. No entanto, os transportes e a desertificação dificultam o desenvolvimento económico da "cereja no topo do bolo" de Cabo Verde".
Para dar visibilidade em França a Cabo Verde, as suas gentes e a sua história, a empresária franco-cabo-verdiana Dina Mendes, criou o evento Concept Store, Cap Verte en Scene, em Epinay sur Seine, nos arredores de Paris. A RFI esteve presente na última edição em que as ilhas do Sotavento estiveram em destaque. Dina Mendes começou por nos explicar a importância desta promoção.
"Queremos mostrar que há outros destinos de turismo em Cabo Verde. Não é só Sal e Boavista. A Boavista hoje é conhecida porque temos operadores turistícos que fazem voos com tudo incluído e directos. Cabo Verde tem dez ilhas e cada ilha tem uma história, tem um ecossistema. Cada ilha tem a sua diversidade. Então, a ideia é de promover essa diversidade cultural e ambiental, turística, de investimento e dar a conhece-las", disse Dina Mendes.
Com pouco mais de 6.000 habitantes, a ilha do Maio, mesmo ficando ao lado da maior ilha de Cabo Verde, a ilha de Santiago, bate-se por maior visibilidade nos roteiros turísticos, embora seja a ilha deste arquipélago com mais praias e uma das que guarda com maior cuidado a autenticidade da morabeza que define este país. Assim, Emílio Ramos, vereador da Câmara Municipal do Maio com os pelouros da Educação, Comunicação e Sustentabilidade, entre outros, veio até Paris e explicou à RFI a importância desta presença em França.
"Há um número razoável de franceses que já recebemos, mas a nossa estratégia é aumentar o número de franceses, e de europeus, que vão ao Maio. O turismo é o nosso motor de desenvolvimento. Pelo menos é assim que Cabo Verde concebe essa matéria. E a nossa vinda a Paris vai no sentido de divulgar a Ilha do Maio para os franceses e cabo verdianos também residentes na França", explicou.
Emílio Ramos explica que não é fácil chegar ao Maio, devido aos "problemas de transportes" que afectam todo o arquipélago, com o Governo a prometer para breve novas soluções marítimas e aéreas. E esta é uma dificuldade que impacta todos os maenses, cabo-verdianos e estrangeiros que querem chegar a esta pérola do Oceano Atlântico como explicou Leonor Queiroz e Mello, team leader do projecto Maio 2025 apoiado pela União Europeia, que também marcou presença neste evento em Paris.
"A principal dificuldade é os transportes. O vereador já disse, não é uma questão do Maio, é uma questão de Cabo Verde inteiro. Mas ainda agora estivemos praticamente três semanas sem abastecimento e pronto, isto impacta toda a gente", explicou.
Para quem consegue chegar ao Maio, há algumas soluções de alojamento como pequenas residenciais ou ficar mesmo em casa de habitantes locais. Um ponto de partida para visitar as várias praias de areia cristalina da ilha.
"Há muitas coisas que o turista pode descobrir. Primeiro, as lindas praias. É a ilha de Cabo que tem mais praias de areia branca, água cristalina, um bom sol, sol quente. Também pode ter contacto com com a nossa cultura, que é muito diversificada a nível musical, artesanato e não só. Os povoados estão bem organizados a nível geográfico. E também há a conectividade. Nenhum povoado está isolado, todos são conectados por estradas. É uma ilha de morabeza. As pessoas são muito simpáticas, acolhedoras. Para além de haver também oportunidades de investimento na ilha", detalhou Emílio Ramos.
Mas este crescimento que os habitantes esperam para a ilha não se deve fazer de forma desorganizada nem demasiado depressa, já que isso pode prejudicar o equilíbrio desta "cereja no topo do bolo de Cabo Verde".
"Neste momento não estamos no top. Temos algum desenvolvimento turístico e não só, mas para lá caminhamos. Eu creio que dentro de poucos anos seremos a cereja no topo do bolo de Cabo Verde. Nós temos a responsabilidade de defender o equilíbrio, já que com a ilha do Fogo somos a única Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO de Cabo Verde então temos que promover o crescimento económico da ilha para gerar rendimento de riqueza, melhorar a condição de vida da população, mas também respeitar os recursos que existem na ilha", defendeu o vereador.
A União Europeia tem desde 2021 um projecto na ilha do Maio com o financiamento de 3 milhões de euros para acompanhar esta ilha num momento de transição, de forma a que mantenha e preserve o estatuto de Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO, conquistado em 2020.
"Este projecto foi desenhado pela Câmara e pela União Europeia porque estava prevista a modernização do Porto e também estava a ser equacionada a perspectiva de haver um grande empreendimento turístico, a União Europeia sentiu a necessidade para preservar um bocadinho aquele investimento que já tem vindo a ser feito e também para o Maio não cair nos mesmos erros que outras ilhas. É um projecto para preparar o Maio para o turismo que se espera que venha a aumentar. Quando se fala do Maio, estamos a trabalhar com a Câmara Municipal, onde já fizemos, por exemplo, planos detalhados, cartografia, um plano de género, etc. Trabalhamos também com as delegações dos serviços descentralizados, trabalhamos com a sociedade civil, empreendedores, ambiente", indicou Leonor Queiroz e Mello.
No entanto, este empreendimento turístico está a demorar a sair do papel. O empreendimento “Litlle Africa Maio”, com duas mil camas, já está previsto há alguns anos e visa resolver a situação da falta de hospedagem na ilha, mas também dar trabalho aos seus habitantes, permitindo a fixação da população na ilha.
"É um projecto de grande duração com investimento de 200 milhões de euros. Tudo indica que será o maior investimento privado alguma vez feito em Cabo Verde. Por isso houve uma série de negociações para acautelar que tudo esteja dentro da ordem e que finalmente o Maio não fique prejudicado. E faltava ainda o estudo de impacto ambiental. E este mês finaliza-se o período de produção de relatório e avaliação. E creio que em breve estaremos em condições de arrancar o empreendimento, que irá, portanto criar milhares de postos de trabalho. O Maio não tem tido o crescimento económico necessário para não só reter a população, mas tem estado a perder população a um ritmo galopante. Só para dar um exemplo, em 2010 éramos 8000 e tal, agora somos seis mil, perdemos cerca de 2000 pessoas em quase dez anos", contou Emílio Ramos.
Sem oportunidade de trabalho no Maio e na procura de mais formação, muitos jovens maenses rumam a Portugal. De forma a apoiar estes jovens, no início dos anos 2000 foi criada a Associação Maense em Portugal, que apoia agora também jovens vindos de todos os países africanos de expressão portuguesa como explicou Marta Rodrigues dos Reis, membro desta associação.
"A ideia era ajudar os estudantes da Ilha do Maio para vir para Portugal estudar. Só que neste momento a associação cresceu de tal modo que agora estamos nos PALOP. Ou seja, qualquer pessoa dos PALOP pode fazer uma candidatura, porque nós fazemos a ponte entre o aluno e a escola. Um ou uma estudante sai da ilha do Maio, faz uma candidatura através de nós e nós temos várias parcerias com escolas em Portugal, de formação profissional, profissional superior, licenciatura e mestrado. Quem faz candidatura connosco tem uma redução de propina que varia de escola para escola. Há escolas que nos dão, por exemplo o alojamento e neste momento com um problema de alojamento em Portugal, é um vantagem enorme", concluiu Marta Rodrigues dos Reis
Os encontros da Concept Store, Cap Verte en Scene, em Epinay sur Seine, vão continuar durante o Verão, trazendo aos arredores de Paris a morabeza cabo-verdiana.
A ilha do Maio esteve em destaque no fim de semana na região parisiense. As suas praias e a sua população acolhedora são algumas das vantagens desta ilha para atrair turistas franceses e cabo-verdianos residentes em França. No entanto, os transportes e a desertificação dificultam o desenvolvimento económico da "cereja no topo do bolo" de Cabo Verde".
Para dar visibilidade em França a Cabo Verde, as suas gentes e a sua história, a empresária franco-cabo-verdiana Dina Mendes, criou o evento Concept Store, Cap Verte en Scene, em Epinay sur Seine, nos arredores de Paris. A RFI esteve presente na última edição em que as ilhas do Sotavento estiveram em destaque. Dina Mendes começou por nos explicar a importância desta promoção.
"Queremos mostrar que há outros destinos de turismo em Cabo Verde. Não é só Sal e Boavista. A Boavista hoje é conhecida porque temos operadores turistícos que fazem voos com tudo incluído e directos. Cabo Verde tem dez ilhas e cada ilha tem uma história, tem um ecossistema. Cada ilha tem a sua diversidade. Então, a ideia é de promover essa diversidade cultural e ambiental, turística, de investimento e dar a conhece-las", disse Dina Mendes.
Com pouco mais de 6.000 habitantes, a ilha do Maio, mesmo ficando ao lado da maior ilha de Cabo Verde, a ilha de Santiago, bate-se por maior visibilidade nos roteiros turísticos, embora seja a ilha deste arquipélago com mais praias e uma das que guarda com maior cuidado a autenticidade da morabeza que define este país. Assim, Emílio Ramos, vereador da Câmara Municipal do Maio com os pelouros da Educação, Comunicação e Sustentabilidade, entre outros, veio até Paris e explicou à RFI a importância desta presença em França.
"Há um número razoável de franceses que já recebemos, mas a nossa estratégia é aumentar o número de franceses, e de europeus, que vão ao Maio. O turismo é o nosso motor de desenvolvimento. Pelo menos é assim que Cabo Verde concebe essa matéria. E a nossa vinda a Paris vai no sentido de divulgar a Ilha do Maio para os franceses e cabo verdianos também residentes na França", explicou.
Emílio Ramos explica que não é fácil chegar ao Maio, devido aos "problemas de transportes" que afectam todo o arquipélago, com o Governo a prometer para breve novas soluções marítimas e aéreas. E esta é uma dificuldade que impacta todos os maenses, cabo-verdianos e estrangeiros que querem chegar a esta pérola do Oceano Atlântico como explicou Leonor Queiroz e Mello, team leader do projecto Maio 2025 apoiado pela União Europeia, que também marcou presença neste evento em Paris.
"A principal dificuldade é os transportes. O vereador já disse, não é uma questão do Maio, é uma questão de Cabo Verde inteiro. Mas ainda agora estivemos praticamente três semanas sem abastecimento e pronto, isto impacta toda a gente", explicou.
Para quem consegue chegar ao Maio, há algumas soluções de alojamento como pequenas residenciais ou ficar mesmo em casa de habitantes locais. Um ponto de partida para visitar as várias praias de areia cristalina da ilha.
"Há muitas coisas que o turista pode descobrir. Primeiro, as lindas praias. É a ilha de Cabo que tem mais praias de areia branca, água cristalina, um bom sol, sol quente. Também pode ter contacto com com a nossa cultura, que é muito diversificada a nível musical, artesanato e não só. Os povoados estão bem organizados a nível geográfico. E também há a conectividade. Nenhum povoado está isolado, todos são conectados por estradas. É uma ilha de morabeza. As pessoas são muito simpáticas, acolhedoras. Para além de haver também oportunidades de investimento na ilha", detalhou Emílio Ramos.
Mas este crescimento que os habitantes esperam para a ilha não se deve fazer de forma desorganizada nem demasiado depressa, já que isso pode prejudicar o equilíbrio desta "cereja no topo do bolo de Cabo Verde".
"Neste momento não estamos no top. Temos algum desenvolvimento turístico e não só, mas para lá caminhamos. Eu creio que dentro de poucos anos seremos a cereja no topo do bolo de Cabo Verde. Nós temos a responsabilidade de defender o equilíbrio, já que com a ilha do Fogo somos a única Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO de Cabo Verde então temos que promover o crescimento económico da ilha para gerar rendimento de riqueza, melhorar a condição de vida da população, mas também respeitar os recursos que existem na ilha", defendeu o vereador.
A União Europeia tem desde 2021 um projecto na ilha do Maio com o financiamento de 3 milhões de euros para acompanhar esta ilha num momento de transição, de forma a que mantenha e preserve o estatuto de Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO, conquistado em 2020.
"Este projecto foi desenhado pela Câmara e pela União Europeia porque estava prevista a modernização do Porto e também estava a ser equacionada a perspectiva de haver um grande empreendimento turístico, a União Europeia sentiu a necessidade para preservar um bocadinho aquele investimento que já tem vindo a ser feito e também para o Maio não cair nos mesmos erros que outras ilhas. É um projecto para preparar o Maio para o turismo que se espera que venha a aumentar. Quando se fala do Maio, estamos a trabalhar com a Câmara Municipal, onde já fizemos, por exemplo, planos detalhados, cartografia, um plano de género, etc. Trabalhamos também com as delegações dos serviços descentralizados, trabalhamos com a sociedade civil, empreendedores, ambiente", indicou Leonor Queiroz e Mello.
No entanto, este empreendimento turístico está a demorar a sair do papel. O empreendimento “Litlle Africa Maio”, com duas mil camas, já está previsto há alguns anos e visa resolver a situação da falta de hospedagem na ilha, mas também dar trabalho aos seus habitantes, permitindo a fixação da população na ilha.
"É um projecto de grande duração com investimento de 200 milhões de euros. Tudo indica que será o maior investimento privado alguma vez feito em Cabo Verde. Por isso houve uma série de negociações para acautelar que tudo esteja dentro da ordem e que finalmente o Maio não fique prejudicado. E faltava ainda o estudo de impacto ambiental. E este mês finaliza-se o período de produção de relatório e avaliação. E creio que em breve estaremos em condições de arrancar o empreendimento, que irá, portanto criar milhares de postos de trabalho. O Maio não tem tido o crescimento económico necessário para não só reter a população, mas tem estado a perder população a um ritmo galopante. Só para dar um exemplo, em 2010 éramos 8000 e tal, agora somos seis mil, perdemos cerca de 2000 pessoas em quase dez anos", contou Emílio Ramos.
Sem oportunidade de trabalho no Maio e na procura de mais formação, muitos jovens maenses rumam a Portugal. De forma a apoiar estes jovens, no início dos anos 2000 foi criada a Associação Maense em Portugal, que apoia agora também jovens vindos de todos os países africanos de expressão portuguesa como explicou Marta Rodrigues dos Reis, membro desta associação.
"A ideia era ajudar os estudantes da Ilha do Maio para vir para Portugal estudar. Só que neste momento a associação cresceu de tal modo que agora estamos nos PALOP. Ou seja, qualquer pessoa dos PALOP pode fazer uma candidatura, porque nós fazemos a ponte entre o aluno e a escola. Um ou uma estudante sai da ilha do Maio, faz uma candidatura através de nós e nós temos várias parcerias com escolas em Portugal, de formação profissional, profissional superior, licenciatura e mestrado. Quem faz candidatura connosco tem uma redução de propina que varia de escola para escola. Há escolas que nos dão, por exemplo o alojamento e neste momento com um problema de alojamento em Portugal, é um vantagem enorme", concluiu Marta Rodrigues dos Reis
Os encontros da Concept Store, Cap Verte en Scene, em Epinay sur Seine, vão continuar durante o Verão, trazendo aos arredores de Paris a morabeza cabo-verdiana.
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