Por Irmão José Ronaldo Viega Alves
“As lendas que acompanhavam os mistérios e cultos dos povos antigos giravam em torno da marcha aparente do Sol declinando para o ocaso, para expressar, em linguagem figurada, que ele era aparentemente vencido pelas trevas, representando na mesma alegoria o gênio do mal; mas reaparecia depois como o herói vencedor ressuscitado.” (Figueiredo, 2009, pág. 483)
Quantas são as passagens com as quais nos deparamos em nossos Rituais maçônicos que aludem direta ou metaforicamente ao astro rei, o sol?
Certamente, um bom número delas. E se considerarmos a variedade de Ritos que compõem a Maçonaria, ficará ainda bem mais difícil quantificar isso. Assim que, seria muita pretensão querer explanar aqui nesta sucinta peça de arquitetura todos os aspectos que envolvem um tema desta magnitude. Então, falaremos quando muito de alguns tópicos no decorrer deste trabalho, desde já, aconselhando aos leitores que se interessarem em saber mais, que é imperioso reforçarem o seu aprendizado com mais leituras versando sobre o tema.
Deidades solares, culto solar, adoração ao sol, mito solar, todas estas expressões remetem ao passado da humanidade, sendo que, a veneração do sol e o culto às deidades solares foram largamente praticadas durante o passado da humanidade.
Muitas das culturas que se destacaram no decorrer dessa história podem ser citadas quanto à prática dos cultos solares: babilônios, persas, hindus, egípcios, romanos, chegando até o nosso continente americano com as civilizações dos incas, dos maias e dos astecas.
A ideia de que a adoração ao sol possa ser a mais antiga das religiões humanas, já foi compartilhada por muitos estudiosos. De qualquer forma, o sol, por ter ocupado um lugar proeminente em muitas daquelas religiões antigas, em forma de idolatria, ainda guarda muitos resquícios desse seu simbolismo e dessa mitologia até mesmo em certas religiões conhecidas da atualidade.
Por outro lado, pelo menos duas daquelas culturas do mundo antigo parecem ter alguma preponderância quanto aos aspectos que envolvem simbolismo e se destacam, sobretudo, por suas prováveis influências na Maçonaria. Nossos rituais revelam que no exercício da ritualística, uma parte do simbolismo ali contido alude, por vezes, mesmo indiretamente, a alguns daqueles cultos, os quais foram praticados por antigos povos, dos quais, citamos como exemplos, os persas e os egípcios.
Um daqueles antigos cultos, o culto iniciático de Mitra, em algumas das suas práticas revela possuir algumas similaridades com a Maçonaria, mas, não é uma posição de consenso entre os estudiosos, essa sua influência, por isso, a razão de usar o termo “indiretamente” logo acima. Muitos dos cultos praticados na antiguidade desapareceram, outros evoluíram, ou até, ganharam novas roupagens.
Um pouco das origens sobre o mito solar e uma mostra dessa influência provinda dessas duas civilizações que foram citadas, será o leitmotiv do trabalho a ser desenvolvido na sequência.
O SOL: AS REFERÊNCIAS NA BÍBLIA E A CONCEPÇÃO DOS HEBREUS
Conforme o teólogo R. N. Champlin, no Antigo Testamento, as referências ao sol chegam ao número de 120. No Novo testamento, a palavra para referir-se ao sol (do grego helios) é usada cerca de 33 vezes. (Champlin, 2008, pág. 260)