Esta página é o lugar do encontro dialógico entre o escritor e o leitor. Um lugar, portanto, apenas aparentemente silencioso. Quando é verdade, por outro lado, que o milagre do confronto ocorre precisamente neste lugar estreito.
Mesmo que aquelas manchas negras que mancham o papel - eco da consciência do escritor - permaneçam então palavras silenciosas, fonte de aprovação ou discordância, motivo, em todo caso, para uma reflexão não inútil. Neste lugar encantado hoje queremos falar sobre o tema da humildade. Obviamente no verdadeiro e autêntico, por assim dizer; não no comportamento hipócrita e oleoso de quem inclina a cabeça por uma ambição desenfreada mantida rigorosamente oculta, mas, ao contrário, naquele que cultiva a humildade na alma como um hábito de vida.
Segue-se, como corolário lógico e coerente, que humilde não significa submisso, dócil, respeitoso, obsequioso, manso, submisso, obediente. Pelo contrário, significa simplesmente um homem de coração puro. Horizontalmente, esqueço minhas próprias pretensões de afirmação, abertas ao bem do próximo. Num sentido vertical, platonicamente aberto à Verdade, como um crente aberto ao Fator Supremo.
A pureza de coração obviamente está nas profundezas da pessoa, a fonte de comportamentos específicos experimentados dia após dia. A humildade, precisamente porque é uma atitude interior, não se opõe de modo algum ao mundanismo, à vida social em geral, onde de fato pode ser realizada mais plenamente precisamente porque é uma manifestação externa de um autêntico desapego efetivo da realidade. Ainda que a vaidade, a ambição, a inveja, o ódio, o poder permaneçam, em todo caso, impedido como um autêntico veneno para aqueles que querem manter um coração devotado à pureza.
Nas palavras de Hamlet, “sonhos sujos”, perigosas tentações a serem evitadas com absoluta firmeza. A humildade, entendida como pureza de coração, caixa preciosa, nasce da consciência de que o homem é um ser por definição finito e, portanto, do reconhecimento de uma limitação insuperável, senão de uma altivez que fere mortalmente a pessoa, a própria humanidade. Humilitas é, de fato, um conceito ligado ao húmus, a terra, que remete ao homo para enfatizar precisamente que o homem só é verdadeiramente tal quando é humilde, isto é, quando se reconhece em relação com a terra de que é feito (Gn. 2, 7); não é por acaso que o elemento mais baixo da física aristotélica, se quisermos sair do perímetro bíblico.
Não é útil, note, mas ainda frágil como grama - para dar brilho a Isaías, 40 - que todos podem pisar. Humildade - o conceito deve ser reiterado, pois é precisamente um fato essencial - coincide, portanto, com o pleno conhecimento do que realmente somos: terra, terra simples, elementos determinados no tempo e no espaço que afastam qualquer pretensão de valor inato, bem como qualquer pretensão de mérito, ainda que decorrente do compromisso. Assim tocamos a essência da humildade, que é, portanto, um conhecimento.