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By Reinaldo Azevedo e Walfrido Warde
The podcast currently has 78 episodes available.
João Fukunaga é presidente da Previ, o fundo de pensão dos trabalhadores do Banco do Brasil, uma das principais referências de governança corporativa no país. A carteira de ativos do fundo é de espetaculares R$ 300 bilhões, o que lhe permite ter assento hoje no conselho de algumas das principais empresas do país. A Previ integra consórcios que disputam leilões de privatização Brasil afora. Sua presença nos certames costuma ser vista como atestado de seriedade do processo. Pode-se fazer uma outra síntese: a entidade nascida da organização sindical, que não é estranha a uma visão progressista de mundo, é um exemplo de eficiência capitalista com olhar social.
Hoje presidente nacional do PSDB, Marconi Perilo já foi deputado, senador e governador de Goiás por quatro mandatos. Era uma jovem estrela em ascensão ao tempo em que Sérgio Motta ainda dava as cartas no partido. Os tucanos foram protagonistas de momentos cruciais da história do Brasil, especialmente nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, que concorreram para consolidar o Plano Real e para fortalecer a democracia. Aí vieram a era petista, a Lava-Jato e o bolsonarismo, e parece, como escreveu o poeta, que todas as virtudes se negam à legenda. Não há dúvida de que estamos falando de um ente com um grande passado, mas terá algum futuro? Que lugar ocupa no espectro ideológico? Uma aliança com Lula é impossível?
Eduardo Paes (PSD) se reelegeu prefeito do Rio com 60,47% dos votos válidos e, no berço político de Jair Bolsonaro, desmoralizou a tese, desde sempre furada, da polarização. Teve o apoio explícito do presidente Lula, mas também de boa parte de alguns dos nomes mais influentes de denominações evangélicas. Nomeado pelo eleitorado pela quarta vez, é evidente que é lembrado para disputar o governo do Estado daqui a dois anos, eleição que lhe foi tirada em 2018 por uma das patranhas sórdidas da Lava Jato. Será que ele quer? Lembram da gravação criminosa de uma conversa sua com Lula, em que falava de Maricá? Paes respondeu à história com música. Em parceria com Marquinhos de Oswaldo Cruz e Arlindo Cruz, surgiu um samba em homenagem à cidade: “Eu já rodei o mundo e posso afirmar/não existem mais estrelas no universo/do que no céu de Maricá (...)” A boa política pode vencer as hostes do ódio. Nem sempre com música, mas sempre com clareza. Imperdível.
Ela trava a mais dura e incompreendida das batalhas no país e no mundo: a do falso consenso em segurança pública, que se tornou uma substância tóxica, que embota o pensamento. Se o encarceramento em massa parece a solução mais óbvia contra a violência, como quer a extrema-direita, os dados evidenciam precisamente o contrário: ele a estimula. Se a forma que conhecemos da restrição ao consumo de substâncias ilícitas se dá em nome do bem comum, o que se tem é um modelo gerador de exclusão e violência. Primeira mulher a comandar o sistema penitenciário do Rio, ainda na gestão Leonel Brizola, a socióloga Julita Lemgruber acostumou-se a desafiar a doxa. Você topa “dar um pega” em verdades inconvenientes? O único risco que se corre é o de aumentar a lucidez. Links com dados abordados na entrevista:
“Reconversa” recebe a deputada Gleisi Hoffmann, que comanda o Partido dos Trabalhadores desde 2017, função de que se despedirá no ano que vem. Nenhum outro partido teve a morte anunciada tantas vezes, ainda que tenha vencido cinco das nove eleições diretas desde a redemocratização. Seu desempenho nas eleições municipais deste ano foi modesto, e, no entanto, o bate-boca instalou-se nos arraiais da direita e da extrema-direita para saber quem tentará destronar Lula em 2026. Conversamos com Gleisi sobre o futuro de um dos maiores partidos de esquerda do mundo, as mudanças por que passa o Brasil, as relações da agremiação com os pobres num país em que o chão da fábrica diminuiu consideravelmente de tamanho e, claro!, a Venezuela. Como não ver?
A premiada historiadora e escritora Mary del Priore escreveu mais de 50 livros e tem muitos outros em mente. Ela já pertenceu à academia, dela se despediu e o fez, entende, num exercício de liberdade. Perscrutadora e pesquisadora de múltiplos interesses, escreveu, por exemplo, “Histórias da Gente Brasileira”, em quatro volumes; “Histórias Íntimas: Sexualidade e Erotismo na História do Brasil” e “Do Outro Lado - A História do Sobrenatural e do Espiritismo”. Que “gap” é esse? “Os valores da nossa geração estão sendo bombardeados”, diz Mary. “Iluminismo virou um palavrão; quando se fala em coletivo, em fazer alguma coisa em grupo, em um projeto que envolva a comunidade... Não! Hoje as pessoas vivem em suas pequenas bolhas, deletando-se e insultando-se. Isso que nós levávamos, essa aspiração de uma mudança de mundo... Nós fomos assim: nós tínhamos esse projeto”. Inquieta, Mary chega a uma conclusão perturbadora e instigante. Não dá para perder.
Convidamos o líder de um dos mais influentes grupos de advogados do país, todos de perfil progressista, para algumas “meditações” — a que era chegado um seu homônimo — em “Reconversa”. Marco Aurélio, petista convicto de primeira hora, explica como uma turma que começou trocando impressões no WhatsApp se transformou numa referência na defesa das prerrogativas da profissão, como quer o nome, mas também num grupo de influência em defesa dos direitos fundamentais, que dialoga com os Três Poderes.
Carlos Nobre é um dos maiores especialistas em clima do planeta. E é justamente esse planeta que está ameaçado. Não se trata de catastrofismo, “findomundismo” ou delírio conspiratório. Nobre explica como chegamos até aqui e qual poderia ser o ponto de não retorno. Então devemos sair por aí, como na música de Assis Valente, “beijando a boca de quem não devia”? Beijar na boca, claro!, pode, desde que haja consenso. O fato é que ainda há tempo de salvar a nossa velha morada com novas ideias, novos procedimentos e um novo entendimento do universo da produção e do trabalho. Uma reconversa deste mundo por um mundo melhor. Não dá para perder.
Há dois ministérios no país caracterizados pela chamada “transversalidade” — isto é: seus pressupostos e fundamentos atravessam todas as pastas, com as quais têm de dialogar: um é o do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva, e o outro é justamente o da Ciência, Tecnologia e Inovação, sob a liderança de Luciana, formada em engenharia elétrica e também presidente nacional do PCdoB. Nesse papo no “Reconversa”, dadas as informações fornecidas pela ministra, a gente constata quão mal a imprensa brasileira cobre uma área vital para o país. Essa é uma entrevista que certamente terá o valor de uma descoberta para muita gente.
Reconversa recebe o jurista, professor e pensador Lenio Streck, uma das vozes mais respeitadas do direito no Brasil. Autor de dezenas de livros, capaz de transitar com desenvoltura nos vários ramos de sua profissão, é no direito constitucional que atinge a posição de sumidade e é como estudioso da epistemologia jurídica que se faz leitura e referência obrigatórias. Lenio, como um bom mestre, é complexo sem ser hermético; é claro sem ser reducionista; é brilhante e, por isso mesmo, nunca pedante. Sua notável cultura literária, como vocês verão, não é só um adereço de sua retórica sempre combativa. É só mais uma expressão de sua generosidade intelectual. Imperdível.
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