Em sua infância, minha convidada praticou muita natação. Desde os 9 anos de idade competiu representando clubes da sua cidade natal, Niterói e do Rio. Entre os 15 e os 22 anos se dedicou à maratona aquática e até algumas provas de triathlon. Integrou a Seleção Brasileira de águas abertas nos Jogos da Juventude. Aos 22 anos se viu cansada de tanto treino e abdicações.

Formou-se em nutrição e por algum tempo se viu desencantada com a profissão. Pegou uma outra estrada e foi atrás do que achava que seria a sua realização profissional. Passou em um concurso e fez carreira na Secretaria Estadual da Fazenda do Rio de Janeiro.

Poucos anos mais tarde, quando tinha 27, nasceu seu primeiro filho e logo vieram outros dois, um na sequência do outro. Um forte apego à eles a fez ter dificuldade em pedir ajuda para cria-los. O envolvimento intensivo com a maternidade teve pontos maravilhosos e alguns nem tanto. Nessa imersão ela perdeu a própria identidade e se afastou totalmente do seu lado atleta.

Veio a pandemia e a tarefa hercúlea de administrar os três meninos em casa o tempo todo, o trabalho e os afazeres domésticos, a levou à beira de um colapso. A busca pela perfeição foi sacrificante e cobrou seu preço. Percebendo a gravidade da situação, uma amiga a convidou para voltar a nadar. Depois de algumas semanas, finalmente criou coragem e decidiu voltar para a água. Embora ainda sentindo muita culpa, principalmente por deixar o filho mais novo em casa, a sensação daquele momento no mar a reconectou imediatamente à sua essência. A cada treino ficava mais feliz e demonstrava isso no dia-a-dia, dentro e fora de casa.

Foram 12 anos afastada do esporte, mas com apenas dois meses de treino ela beliscou um lugar no pódio na sua reestréia em uma travessia aquática. Mais dois meses e (noutra) em outra competição ela chegou em segundo lugar. Animada, resolveu então voltar ao triathlon, mesmo sem ter certeza de como encaixaria os treinos em sua intensa rotina. Foi um caminho sem volta, pois a cada treino, sentia-se mais energizada e feliz.

O volume de treinos que acumulou durante os anos de dedicação à natação lhe conferiu um condicionamento cardio pulmonar bem acima da média, o que fica claro em seus resultados. Em 2022 foi Campeã do Rio Triathlon, Vice-Campeã no GP Extreme de São Carlos, no Campeonato Brasileiro de Triathlon e no Challenge Florianópolis. Ano passado pegou pódio como amadora nas provas de Meio Ironman (70.3) do Rio, Maceió, São Paulo e Fortaleza, e ainda venceu o Rio Triathlon nas distâncias olímpica e endurance.

Conosco aqui a nutricionista com pós graduação em nutrição materno infantil, nutrição funcional da fertilidade na adolescência, formada em consultoria em amamentação, servidora pública, nadadora e triatleta, penta campeã do Beach Biathlon Rei e Rainha do Mar, a niteroiense Luiza Pais da Costa.

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