#024 – Escrever é um ato de enfrentamento. De corpo a corpo. Não à toa, Kafka, Enrique Vila-Matas e Maurice Blanchot assumiram de forma recorrente a sua dificuldade em relação à prática da escrita. E mais que isso: fizeram da resistência um mote, um motivo artístico.
São dois afetos contraditórios. Anseio e ansiedade. Medo e desejo, traduzidos pela hesitação. A caneta corta o papel, a narrativa rasga a nossa biografia, faz aí uma alquimia. Quem escreve, proscreve e prescreve. É muito poder. Demais, talvez.
Você: hesita? Qual a raiz da sua hesitação?
Se você tem expectativas em relação à escrita, certamente já experimentou aquele momento epifânico de comunhão com a palavra, que justifica o desejo de escrever. Mas daí, no correr dos dias, a corrida passa a valer por si mesma.
“Sonhos não enchem a barriga. Preciso cuidar da minha vida. Não sou bom, mesmo.”
Sem estes anseios e a hesitação que lhes convém, não passamos disso – de barrigas. Quando os tais sonhos parecem complexos demais, há uma força pulsional que deseja nos resumir a pouco, ao minimalismo organicista das necessidades elementares.
Neste episódio do Prelo, falo sobre como fazer da resistência um recurso a favor da autora, do autor, e apresento algumas soluções para transformar o medo em potência criativa, considerando em que medida a dor pode estimular a produção literária e qual as condições necessárias para se valer desse páthos, a fim de que estejamos à altura da aventura de nossa vida, sem dobrarmo-nos às nossas próprias neuroses.
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