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Estar vivo hoje parece tão fácil. E talvez até fosse, não se desse o caso das coisas estarem cada vez mais estranhas, ou simplesmente estúpidas. Quando a vida parece apontada para o raio que a parta, são os degenerados e os delinquentes que assumem os comandos da nave. Manuel João Vieira brinca há décadas com essa hipótese dos imbecis tomarem conta e desta porra triste perder mais alguns parafusos, de tal modo que depois de todo o mal acumulado com o pó, comece a andar por aí um vendaval que torne ainda mais difícil respirar. Buscámos um intervalo na sua toca, um faustoso pardieiro, onde parece viver um batalhão desordeiro, talvez por ser a casa que divide com variações drásticas de si mesmo. Entre o músico desfraldado e que deixou por aí uma noite vasta e desabusada, espíritos levados na carruagem etílica, cantando desaforadamente o tipo de canções que se acotovelam e digladiam para tomar o lugar do hino desta nossa pátria chistosa, ou o pintor isolado que, depois de deitar fora o primeiro esquisso, segue os riscos e vai por ali fora, sem dar hipótese a ninguém de lhe seguir o rastro, e, por fim, há ainda o professor de artes que tenta provar que há um método na sua loucura. Em suma, um monstro de elementos difíceis de combinar entre si, um tipo que não está muito à vontade nos lugares onde é para se estar a fazer ares, a treinar a pose, a imitar as figuras de alto coturno e o diabo a sete. Há quem considere o Manuel João como o mais legítimo herdeiro do espírito surrealista do Café-Gelo, pelo humor, pela ousadia, pelo excesso. Ele não embarca em mitos de espécie nenhuma. Prefere ficar no porto a fazer barquinhos de papel para chocarem contra os grandes cruzeiros cheios de turistas, querendo afundá-los.
By Diogo Vaz Pinto e Fernando RamalhoEstar vivo hoje parece tão fácil. E talvez até fosse, não se desse o caso das coisas estarem cada vez mais estranhas, ou simplesmente estúpidas. Quando a vida parece apontada para o raio que a parta, são os degenerados e os delinquentes que assumem os comandos da nave. Manuel João Vieira brinca há décadas com essa hipótese dos imbecis tomarem conta e desta porra triste perder mais alguns parafusos, de tal modo que depois de todo o mal acumulado com o pó, comece a andar por aí um vendaval que torne ainda mais difícil respirar. Buscámos um intervalo na sua toca, um faustoso pardieiro, onde parece viver um batalhão desordeiro, talvez por ser a casa que divide com variações drásticas de si mesmo. Entre o músico desfraldado e que deixou por aí uma noite vasta e desabusada, espíritos levados na carruagem etílica, cantando desaforadamente o tipo de canções que se acotovelam e digladiam para tomar o lugar do hino desta nossa pátria chistosa, ou o pintor isolado que, depois de deitar fora o primeiro esquisso, segue os riscos e vai por ali fora, sem dar hipótese a ninguém de lhe seguir o rastro, e, por fim, há ainda o professor de artes que tenta provar que há um método na sua loucura. Em suma, um monstro de elementos difíceis de combinar entre si, um tipo que não está muito à vontade nos lugares onde é para se estar a fazer ares, a treinar a pose, a imitar as figuras de alto coturno e o diabo a sete. Há quem considere o Manuel João como o mais legítimo herdeiro do espírito surrealista do Café-Gelo, pelo humor, pela ousadia, pelo excesso. Ele não embarca em mitos de espécie nenhuma. Prefere ficar no porto a fazer barquinhos de papel para chocarem contra os grandes cruzeiros cheios de turistas, querendo afundá-los.

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