Falsas acusações e o processo de exoneração contra a Professora Joanna
Passos, da Povoação de Regência, em Santa Leopoldina, feitas pelo Fiscal
Escolar Alberico Lyrio dos Santos, acusando-a de meretriz e levado às
vias de fato pelo Sr. Gomes Cardim.
Há dias, desde que a professora Joanna Passos, recentemente
destituída da escola de Regência, lançou seu protesto pela imprensa
contra a pena que sofreu, o espírito público mantém-se em atitude de
ansiosa expectativa; todos empenhados em saber de que lado estava a
razão neste caso, que, aliás, seria natural e simples se não fosse
revestido de sérias e especiais circunstâncias. A demissão foi proposta e
teve por base informações levianas e descriteriosas, que não só
colocavam em jogo a conduta da moça como funcionária, mas também a sua
conduta pessoal privada, sendo que o informante fulminou com as mais
graves e pavorosas referências.
Protestando, então, a demitida busca desafrontar-se, oferecendo aos
poderes públicos e à sociedade a prova concludente da inverdade das
acusações. Era justa e natural essa ansiedade pública, assim como justas
as simpatias que desde então começaram a se manifestar em torno da
paciente, pobre e órfã, profundamente ferida em sua honra, sem elementos
para um desagravo material e imediato.
Essa prova, prometida e anunciada, foi apresentada ontem pela professora
Joanna Passos, vencendo vexames impostos pela necessidade de se
submeter a um exame médico para provar ao público a sua honestidade e,
somente assim, confundir os seus detratores. Ao invés da "meretriz",
como a chamaram, Joanna Passos pode hoje, à custa do sacrifício de seu
natural pudor, apresentar-se aos olhos do mundo como donzela, impoluta e
intangível.
O móvel da denúncia - situação agravada.
É voz geral que não foi a
noção do cumprimento do dever o móvel da denúncia do fiscal escolar
Alberico Santos contra a digna professora Dona Joana Passos; e isso é o
que ainda mais revolta todas as consciências justas e honestas.
Nomeado fiscal escolar, enquanto os seus colegas percorriam, vias e
dias, o interior do estado, visitando escolas, no desempenho de seu
cargo, o senhor Alberico não saía da capital, no "dulce far niente",
passando suavemente os cobres do Tesouro.
Só agora, chegou o momento de tomar ele um incômodo, e isso em benefício próprio, e para fazer mal à pobre desprotegida.
Alberico tem um cunhado que precisa ser empregado. Mas, onde, se todos os lugares estão tomados? - Dizia ele, consigo mesmo.
Já
não é pouco, de uma paulada matar dois coelhos: Alberico, saindo da
capital, fingia cumprir seu dever, ao mesmo tempo que ia predispor as
coisas para colocar o seu parente.
O plano estava engendrado. Estava agora somente escolher a
professora menos protegida e estudar o meio de dar-lhe o bote incisivo.
Dona
Joanna Passos foi a escolhida para vítima: ela era a mais pobre e, por
isso, talvez, a mais modesta e obscura no Magistério Público.
O meio de inutilizá-la, prontamente, era denunciá-la como meretriz.