Coração acelerado, uma certa adrenalina e um prazer rápido mas intenso. Eu poderia estar falando de várias coisas aqui, mas nesse caso estou falando sobre as sensações físicas de comprar. Hoje já comprovado cientificamente, consumir libera os mesmos hormônios que outros prazeres da vida e existe inclusive um termo pra isso: shopping high ou, em bom português, chapadinha de comprar. Mas em um país em que até 1962 as mulheres casadas não podiam abrir conta própria no banco e precisavam de permissão dos maridos para trabalharem fora, alimentar o mito de que as mulheres são mais suscetíveis a compras por impulso, que estão dispostas a pagar mais que os homens (e aqui, alô taxa rosa!) ou que levam "menos jeito" pro assunto, é também nos afastar da nossa saúde financeira. E enquanto alimentam e normalizam o mito da mulher gastadeira, seguimos recebendo menos: o salário das mulheres corresponde a 67,92% dos homens. Se compararmos o salário com uma pizza e o salário dos homens seria equivalente a 8 fatias - uma pizza inteira - enquanto o salário das mulheres seria, aproximadamente, de cinco fatias e meia. O modo como nos relacionamos com o dinheiro é, de muitas maneiras, um sintoma de como nos relacionamos com qualquer outra coisa na vida, por isso cuidar da nossa saúde financeira faz parte do cuidado com a nossa saúde mental e do futuro que queremos pra nós mesmas. Bom Dia, Obvious. Hoje, Marcela Ceribelli, CEO e diretora criativa na Obvious, conversa com a jornalista, empresária, podcaster e youtuber, Nathalia Arcuri.