Ontem à noite no Rio de Janeiro, conta o G1, um adolescente preto foi morto pela Polícia Militar quando saia de uma festa infantil. O tiro foi no peito e o jovem morreu na hora. Amigos e familiares do jovem dizem que a polícia chegou atirando. A polícia disse que fazia uma operação no lugar e foi recebida a tiros e reagiu.
Quem conhecia o jovem morto diz que era um bom menino, trabalhava no ferro velho e há três anos participava de um projeto social que ensina Jiu-Jitsu. Afirmam que não tinha passagem pela polícia e que seu sonho era entrar para as Forças Armadas.
Já a PM disse que depois do confronto deu um rasante detalhado no local e recolheu uma arma, droga e $ 39 reais. De qualquer forma, o Comando a PM disse que vai investigar o caso para saber se houve excessos. Em caso positivo, vai punir os responsáveis.
Antes de comentar o caso, eu te pergunto: quantas vezes você ouviu, leu e assistiu histórias parecidas com estas? O cenário e personagens sempre os mesmos: favela, jovens negros, polícia militar. E o roteiro de ambos os lados é igual: PM chegou atirando; PM foi recebida a bala. Até quando vamos contemplar esta situação de boca aberta, só nos lamentando da violência, sem que haja uma solução efetiva para este problema que é grave e urge solução?
Estas mortes precisam acabar. Quando não são inocentes flagradas em meio a tiroteios entre polícia e bandido, quando não são os excessos da polícia que acaba em morte e quando não são as já famosas e sempre impunes balas perdidas. Os mortos, em todas estas situações, quase sempre, são pessoas pobres e pretas, não raro vivendo em situação de vulnerabilidade.
Cadê a inteligência da polícia?
Ninguém desconhece que nas favelas vivem, escondidos em meio a vida de famílias honestas e trabalhadores, e se impondo pelo poder da intimidação das armas, bandidos que fazem do tráfico de drogas o seu ganha pão. É ilegal e a polícia precisa cumprir a lei e combater o tráfico e os traficantes.
Mas, ainda que para cumpri a lei, a polícia não pode chegar em qualquer lugar disparando balas a esmo. Que é o que muitas vezes acontece. As favelas, não é difícil perceber, são superpovoadas e acertar uma pessoa que nada tem a ver com a história, como sempre acontece, não é difícil.
Quando a polícia chegar no pé do morro com blindados e um batalhão de homens fortemente armados, você já sabe que algum cidadão vai sair ferido ou morto da batalha que será travada.
Urge que a PM diminua a letalidade de suas operações.
Urge que se acabe com a corrupção, com a relação de alguns com membros de milicia;
Urge que a PM use mais inteligência e menos armas para conter o tráfico e os traficantes.
Urge que a PM respeite a vida dos moradores das favelas, que são em sua maioria trabalhadores, donas de casa e estudantes que lutam para viver com dignidade num lugar quase sempre esquecido pelo Estado em termos de infraestrutura.
Morador de favela merece respeito e não despertar com balas zunindo em seus ouvidos