Olá.
Posso confessar uma coisa?
Poder posso, vocês não respondem no imediato e, entretanto, fiquei a saber que comentar a newsletter é mais difícil do que escalar os Himalaias, pelo que, aqui estou , uma vez mais e, desta vez, sem saber o que escrever. E não é pela falta de ideias, é por ter ideias a mais. No áudio, outra confissão, desta vez sobre a minha - nossa - incapacidade para saber como lidar, o que dizer ou pensar quando me tento colocar no lugar do outro porque, perante a diversidade da comunidade LGBTQ+ há, por vezes, dificuldade em saber tudo o que respeita a direitos e deveres, sobretudo, conhecer os problemas e as questões que enfrentam. E deveríamos tentar saber mais, ouvir mais.
Depois, o problema do costume sobre o qual ninguém quer falar porque acreditamos - acreditamos tanto, com tanta força, que também acreditamos que, por acreditarmos, vai concretizar-se - que o Mundo, como o conhecemos, não vai acabar. Pessoal, temperaturas a bater nos 50°C são o prenúncio do fim, não há como o colocar de outra forma, lamento. Para quem ainda acha que vamos lá com paninhos quentes, vejam os números, aproveitem este mês para seguirem marcas que comunicam alternativas e as têm para vender. Mas não cometam o erro de principiante ao deitar fora o que têm em plástico só porque… é plástico e o plástico é o vilão. A ideia é usar o que temos até ao fim e, quando precisarmos renovar, procurar alternativas, procurando igualmente alternativas para o que usamos e que é descartável ou altamente poluente: fraldas, produtos de menstruação e cosmética, detergentes, produtos de higiene, fruta e mercearia embalada, garrafas de água, refrigerantes, snacks e bolachas… São tantos pequenos exemplos sobre os quais não pensamos, e que fazem parte do nosso dia-a-dia, que fico sempre sem saber por onde começar. Comecemos. Por algum lado.
Se quiserem conhecer marcas e lojas para mudar os vossos hábitos de consumo, digam-me. Eu não quero encher a newsletter de marcas, mas conheço várias.
Finalmente, o novo (a)normal, porque o que considerávamos normal era bastante (a)normal. Os números da pandemia mostram bem que, apesar da vacinação, não podemos recuperar a nossa antiga vida de um dia para o outro. Eu sei, é um tema como o da emergência climática. Precisamos saber, não queremos saber.
Se é verdade que, para muitas pessoas, o trabalho remoto e a vida em casa foi desafiante e deprimente, para outros foi uma lufada de ar fresco, percebendo que vivem melhor assim. O mercado de trabalho ainda não está adaptado e teremos de ser nós a provocar essa adaptação, porque em muitos casos - muitos, mesmo! - trabalhar num escritório não acrescenta nada ao trabalho ou à empresa, subtrai tempo e qualidade de vida, e adiciona níveis de stress ao trabalhador. Um trabalhador focado nas suas tarefas e orientado para resultados tem uma menor taxa de absentismo e falta menos vezes por motivos de doença, pelo que as empresas que insistirem no modelo que conhecíamos, sem o adaptarem a esta nova consciência, arriscam-se a perder os seus melhores colaboradores, prontos para abraçar a causa e vestir a camisola nas empresas que adoptem esta nova abordagem, mais flexível, digital e focada nas pessoas. É de pessoas que estamos a falar, o trabalho ainda é feito principalmente por pessoas que, não estando bem, não trabalham bem. E se estão desse lado em modo “me me me” com a casquinha do Calimero na cabeça, pensem que estão ligados ao mundo e que podem trabalhar daqui para qualquer lado, ou assentar arraiais num outro lugar que não este. Também se está a desenvolver uma nova economia, da partilha do saber e agora, sim, finalmente podemos construir inteligência colectiva de que se falava no final dos aonde 1990. A economia do conhecimento cada vez mais a da rentabilização do nosso conhecimento, oferecendo o nosso saber através de plataformas criadas para o efeito. E tudo se pode ensinar. Por isso, é mudar. Reparem que, a continuar assim também não nos sobra muito tempo para viver bem na Terra, pelo que o melhor é a adoptar uma abordagem mindful e viver no presente, no aqui e no agora, pensando no amanhã sem perspectivar a reforma lá para os setenta porque, também sabemos, é muito provável a falência dos sistemas de segurança social e, portanto, corremos o risco de ter andado a trabalhar para aquecer. Eu, negativa? Pois.
Vamos escolher algo para fazer que nos dê real prazer e que possamos fazer para a vida, sem pensarmos, como ouvi há dias uma senhora, funcionária dos CTT, dizer-me, enquanto registava as encomendas dos livros que eu estava a enviar: “um dia morro aqui, com uma folha destas na mão”, referindo-se à folha de registo da encomenda. Tem 59 anos, faltam sete anos para se poder reformar e sente a vida escorrer-lhe por entre os dedos, sentada ao balcão, todos os dias. Entra antes das 9h e sai sempre depois das 18h, porque há sempre quem chegue no último minuto para enviar uma carta. “Que vida tenho eu?…” Questionou. Sorri, e morri um bocadinho por dentro.
Para fechar, oiçam este episódio que ficou mesmo bom 🖤
#podcastinstagramavel
É o meu amigo João Correia de Sá, e falamos sobre marketing e Instagram
Bom fim de semana 💋💋💋
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