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By RFI Português
The podcast currently has 11 episodes available.
O movimento cívico Firkidja di Púbis e a plataforma Frente Popular organizam este sábado, 18 de Maio, manifestações na Guiné-Bissau, em Portugal e em França. As marchas decorrem sob o lema "Pelas liberdades democráticas e contra a ditadura na Guiné Bissau". O activista guineense Yussef defende que "nenhuma força opressora pode fazer face ao levante de um povo consciente".
RFI: Estão previstas para este sábado várias manifestações na Guiné-Bissau, Portugal e França. Que manifestações são estas?
Activista Yussef: Estamos a falar do movimento que foi criado em Março, no dia 23 de Março na Guiné-Bissau, e que tem uma dimensão muito para além da dimensão étnica ou religiosa, muito para além da dimensão regional. Este movimento tem uma dimensão nacional e tem como objectivo denunciar mais uma vez os atentados às liberdades democráticas na Guiné-Bissau; desde as liberdades de pensamento, de reunião, de crítica à liberdade de imprensa. Este colectivo chegou à conclusão, depois da tomada de poder do senhor Umaro Sissoco Embaló que tem havido um retrocesso a nível das liberdades democráticas. Não são retrocessos quaisquer, são retrocessos civilizacionais. Perante este estado de coisas, perante este esvaziamento das instituições da Guiné-Bissau, das instituições políticas e jurídicas, houve a necessidade, de alguma forma, de um sobressalto patriótico, um sobressalto patriótico de estudantes e trabalhadores que visam não só denunciar o que se passa na Guiné-Bissau actualmente, mas também exigir que se volte a um determinado quadro constitucional para que realmente as instituições possam, no mínimo, voltar a funcionar como no período anterior.
Isto significa um determinado número de exigências. Por exemplo, reivindica-se a realização de eleições, não legislativas, mas sim presidenciais, respeitando a Constituição. Exige-se, por exemplo, a reabertura da Assembleia Nacional Popular. O órgão legislativo que neste momento está fechado por imposição do senhor Umaro Sissoco Embaló. Exige-se, por exemplo, que o Supremo Tribunal de Justiça, um órgão ligado ao poder jurídico, volte a funcionar de forma minimamente normal, respeitando a Constituição.
Relembramos que, por exemplo, o Supremo Tribunal de Justiça foi invadido o ano passado por forças encapuzadas, armadas e até hoje não se sabe exactamente de onde vieram. Isto porquê? Porque a Presidência da República não assumiu a responsabilidade por essa invasão. As Forças Armadas tão pouco e, ao mesmo tempo, o governo na altura também não conseguiu parar essa mesma força que invadiu o Supremo Tribunal e impôs um novo presidente do Supremo Tribunal. É preciso lembrar que o presidente do Supremo Tribunal na altura, o senhor Pedro Sambú redigiu uma carta onde dizia explicitamente que foi coagido a apresentar a sua renúncia. Este é o estado de coisas na Guiné-Bissau. Actualmente, o poder Legislativo não existe porque a Assembleia foi encerrada por indicação do senhor Umaro Sissoco Embaló. O Supremo Tribunal está a arrepio da Constituição e foi imposto um novo presidente, por indicação do Presidente da República. Ao mesmo tempo, não existe um governo conforme a Constituição. O governo que existe é de iniciativa presidencial, algo que não existe na Constituição da Guiné-Bissau. Podemos dizer que o poder na Guiné-Bissau está na ponta do fuzil.
O que explica esta inexistência gradual das instituições na Guiné-Bissau?
O que explica é uma tentativa do Senhor Umaro Sissoco Embaló e dos interesses que representa a nível nacional e internacional, nomeadamente interesses económicos, de impor uma ditadura na Guiné-Bissau, uma ditadura das elites, uma ditadura que visa esvaziar todo um conjunto de liberdades democráticas que o povo da Guiné-Bissau conseguiu [conquistar] desde o período da luta de libertação nacional até aos dias de hoje. No sentido exactamente de amordaçar qualquer possibilidade de crítica na Guiné-Bissau. O senhor Umaro Sissoco Embaló tem vindo a dizer, variadíssimas vezes, por vezes de uma forma explícita, outras de uma forma implícita, que na verdade, ele é o único chefe. Isso lembra-nos um pouco o que existia na França absolutista, quando um monarca dizia que se o "Estado sou eu", não é?
O povo da Guiné-Bissau neste momento está a lutar contra o autoritarismo do Estado, contra o absolutismo e, historicamente, uma das formas que os povos arranjaram, no sentido de combater o absolutismo, foi através da emanação de uma Constituição. É a Constituição que limita os poderes do Estado. É a Constituição que limita os poderes dos agentes políticos. Na Guiné-Bissau, neste momento vemos esta luta de um senhor que quer ser autocrata, que tem interesses a nível nacional e internacional. E neste tempo o povo da Guiné-Bissau coloca-se de pé para dizer que a nossa luta de libertação nacional, que durou 11 anos, que nos custou suor e sangue, não pode permitir o retrocesso a nível das nossas liberdades democráticas.
Esta é a luta com o povo da Guiné-Bissau neste momento quer assumir através desta marcha que vai acontecer não só em Bissau, mas em todas as regiões da Guiné-Bissau, mas também aqui na diáspora, tanto em Lisboa como em Paris, porque nos vemos como uma extensão do povo da Guiné-Bissau, mas que neste momento está na diáspora.
Como é que interpreta esta contra-manifestação que foi também marcada para este sábado, indicando que o povo guineense está dividido?
Historicamente, muitas vezes num determinado território nós podemos ter povos e habitantes. Obviamente que há aqui uma visão política destas categorias. Normalmente, os povos definem o progresso das suas sociedades. Por progresso creio que há um consenso, falamos de educação pública, falamos de saúde pública, falamos das várias liberdades democráticas, falamos de liberdade de imprensa,. Falamos de todo um conjunto de elementos que consensualmente consubstanciam o progresso de uma sociedade. E normalmente, os povos estão na vanguarda para defender isso.
A contra-manifestação que foi anunciada, está a ser enunciada por indivíduos que defendem a autoridade do Estado. Neste momento, na Guiné-Bissau, falar de autoridade de Estado significa falar do absolutismo do senhor Umaro Sissoco Embaló e dos interesses económicos nacionais e internacionais que o sustentam. Ou seja, nós estamos a falar de indivíduos que estão contra a história do progresso, estão contra a história de luta de libertação nacional da Guiné-Bissau, estão contra a evolução civilizacional do povo da Guiné-Bissau, ou seja, em última análise, estamos a falar de habitantes e de indivíduos desprovidos de consciência política e histórica do que foi a construção da Nação de Guiné-Bissau e que, infelizmente, se deixam manipular por interesses que, em última análise, também vão contra os seus interesses a longo prazo. Eventualmente não a curto médio prazo porque provavelmente receberão oferendas várias para vir com este discurso, com o qual são neste momento, mas a longo prazo eles também são vítimas da situação que se vive na Guiné-Bissau. Porque quando não existe educação pública, o povo da Guiné-Bissau é afectado. Quando não existe saúde pública. O povo da Guiné-Bissau é afectado. Quando existe um retrocesso ao nível das liberdades democráticas, poderá chegar um momento em que estes indivíduos poderão querer criticar o regime no poder e não conseguirão.
A história recente da Guiné-Bissau é indicador disso, os partidos que apoiaram o senhor Umaro Sissoco Embaló, estamos a falar, por exemplo, do PRS, do Madem G15, recentemente foram vítimas deste absolutismo. Num primeiro momento apoiaram o senhor Umaro Sissoco Embaló e depois foram vítimas deste mesmo regime, foram violentados psicologicamente e fisicamente. Eu lembro que o coordenador do partido, Madem-G15, veio recentemente, chegado a Bissau, dizer que estava contra o absolutismo do senhor Umaro Sissoco Embaló. Mas foi este mesmo senhor Braima Camará que apresentou o senhor Umaro Sissoco Embaló à Guiné-Bissau. Foi este mesmo Braima Camará, enquanto coordenador do Madem G15, que apoiou o senhor Umaro Sissoco Embaló. Estes indivíduos que actualmente se organizam para realizar uma marcha, eventualmente, daqui a algum tempo, poderão também ser vítimas deste regime.
Em Lisboa, a manifestação irá começar às 17h30 e o objectivo é apelar a todos os guineenses que possam estar presentes, no sentido de denunciar o que se passa na Guiné-Bissau, no sentido de denunciar a fome, igualmente. É preciso também denunciar a ditadura da monocultura da castanha de caju que nos foi imposta desde a década de 80, que não permite um desenvolvimento verdadeiro da nossa economia. Faz com que neste momento haja uma situação de fome, na medida em que a castanha de caju, ao preço com que está a ser vendida, não permite depois a compra de arroz, que é a base da alimentação ainda do povo da Guiné-Bissau. Há também esta situação que deve ser denunciada, a da penúria da nossa economia que tem consequências, obviamente, na nossa saúde. Há todo um estado de coisas a nível político, a nível jurídico, a nível económico, a nível social, isolado, que tem de ser denunciado e é isso que nós vamos tentar fazer, fazendo eco das manifestações que irão ocorrer em toda a Guiné-Bissau.
Acredita que vai ser possível de manifestar sem repressão, como temos vindo a assistir nas últimas manifestações?
Sim, nós neste momento estamos num período de resistência. A resistência faz-se como reacção a alguma coisa, nós estamos a resistir perante a opressão. Então é normal que a opressão continue a dar lugar. Mas nós, enquanto guineenses conscientes do momento histórico que o nosso país vive, aquilo que nos cabe fazer é resistir, resistir com todos os elementos que nós temos disponíveis neste momento. Resistir com a nossa consciência política, resistir com a força do povo guineense que na verdade é a maior força que nós temos neste momento para fazer face à opressão que certamente irá existir. A questão é: nós acreditamos piamente que nenhuma opressão pode fazer face ao levante de um povo consciente. A história da Guiné-Bissau está aí para o provar. Nós baseamo-nos na nossa história, baseados na nossa dignidade enquanto homens e mulheres. Nós estamos prontos para fazer face a qualquer opressão que possa levantar-se nos dias que se se vão seguir.
As sanções do Ocidente impostas em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia fizeram com que os preços da energia aumentassem e a confiança dos consumidores diminuísse. A Rússia está a ser excluída dos mercados financeiros ocidentais e responder com a proibição das exportações de matérias-primas.
Economistas alertam para o facto de a economia mundial sofrer com isso com as sanções económicas. A guerra na Ucrânia pode vir a melhorar as finanças de Angola, mas a inflação e custo de vida no país vai aumentar apontam analistas."Não é sustentável ter mais receitas devido à guerra noutro país", defende o economista angolano, Francisco Paulo.
O preço da energia e de outras matérias-primas, como o trigo e os metais, está a aumentar rapidamente. De acordo com os dados do centro de investigação económica da Universidade de Harvard, em 2019, Angola importou 30% de trigo e fermento da Rússia. Com os preços mais altos de petróleo e do trigo, os consumidores vão pagar mais pelos bens de primeira necessidade. A economia angolana não cresce há mais de cinco anos, aponta o economista.
"A economia angolana enfrenta desde 2015 uma recessão económica, o PIB tem vindo a diminuir, como resultado disto os preços em Angola tem problemas de inflação estrutural porque não consegue aumentar a produção interna, por falta de infra-estruturas", lembra o economista angolano.
"Angola é um país essencialmente importador, mais do que 70% do que o país consome é importado, o que significa que os produtos vão ser mais caros", explica Francisco Paulo.
"As transições económicas dependem da confiança. Basta haver um indício de desconfiança, as relações económicas deixam de ser as mesmas. Mesmo se a guerra terminar hoje, muito alguns países vão ter muita dificuldade em confiar nos Estados Unidos ou nas grandes potências porque não se pode usar a arma para ameaçar os outros", afirma o economista.
"Infelizmente, a economia é uma arma hoje, criamos relações com pessoas em quem confiamos, sabemos que nos ajudarão sempre, mas se alguém não nos trata bem, pensamos duas vezes antes de firmar novos contratos com essa pessoa", lembra.
"A Europa está a repensar a sua dependência energética, uma ideia que acontece desde 2016. Os países europeus querem apostar nas energias renováveis e este conflito pode fazer acelerar esta transição energética", conclui.
O actor Bruno Candé Marques foi assassinado este sábado à tarde na Avenida de Moscavide, em Lisboa. A ong SOS Racismo exige "justiça" e considera tratar-se de "um crime com motivações de ódio racial"
Bruno Candé Marques pertencia à companhia de teatro Casa Conveniente, foi assassinado este sábado em plena rua, na Avenida de Moscavide.
A Organização Não-Governamental SOS Racismo exige que seja feita justiça, para que o assassínio de Bruno Candé Marques não seja mais um sem consequências.
"Um homem negro de 39 anos e pai de três filhos foi assassinado em plena luz do dia em Moscavide. 25 anos depois do assassinato do Alcindo Monteiro, hoje volta a tombar um homem negro às balas de um racista no espaço público em plena luz do dia. Não sei o que mais será preciso acontecer para enfrentarmos o racismo?", questiona Mamadou Bá.
"Há um sentimento de impunidade grande em Portugal face aos crimes racistas", descreve o dirigente da ONG, Mamadou Bá.
A Rússia ultrapassou os 200.000 casos confirmados de Covid-19, com um elevado número de contágios diários e passa a ser o país mais afectado da Europa na última semana.
As autoridades russas justificam o aumento no número de casos, ao longo da semana passada, pelo reforço de testes realizados - 5,4 milhões de acordo com a contagem deste domingo- e não por uma aceleração da propagação, o que pode explicar a baixa mortalidade.
A Rússia quer garantir uma triagem em massa e rastrear casos assintomáticos ou leves de Covid-19, que não são necessariamente contados em todos os países, devido à falta de acesso a testes.
Moscovo, o epicentro da epidemia na Rússia e na Europa, estendeu o confinamento até final deste mês, permitindo que apenas algumas actividades voltem a abrir como nos explica Paulo Fanha, jogador de xadrez português a vives na capital russa há seis anos.
Sobre as palavras de Aristides Gomes, ontem no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde garantiu que as eleições legislativas decorrem na data prevista, 18 de novembro, a RFI falou com o nosso ouvinte Baba Djabi.
Em Moçambique, César Augusto Zamba da Associação Comunitária Vale Verde Chokwé, mas também ouvinte da RFI deixou-nos a sua leitura sobre a agitação e instabilidade na qual vivem os gambianos no último mês e meio.
Duarte Coumba é professor na capital da Guiné-Bissau e foi ouvinte assíduo do Clube dos Ouvintes, uma rubrica que desapareceu em 2011 da grelha da RFI. Com ele passamos em revista o estado actual dos seus projectos profissionais e os seus hábitos de escuta radiofónica e de acesso à informação.
No espaço "Em Linha com o ouvinte/internauta" vamos hoje analisar a vitória do liberal Mauricio Macri, nas presidenciais na Argentina, deste domingo, 22 de novembro e a derrota da esquerda, de Daniel Scioli, com o ouvinte, Marcelino Silva Santos, homem de Rádio caboverdiano, a viver há largos anos em Buenos Aires.
"Mauricio Macri, promete [mais empregos e uma economia de mercado mais aberta], mas Argentina, já teve esta experiência de economia de mercado, nos anos 90, e os resultados ficaram bem evidentes, com a perda total, digamos assim, da maior parte das fontes de trabalho estatais, que dava cobertura a muita gente (...)
(...) As privatizações mandaram muita gente para o desemprego e durante este governo de Kirchner, eu creio que souberam, trabalhar não só com a classe [trabalhadora], mas também com a classe empresarial que teve uma prosperidade, apesar deles não o reconhecerem, mas... Macri prometeu, vamos ver na prática, o que ele fará (...)
Palavras de Marcelino Silva Santos, técnico de telecomunicações, Rádio e Electrónica, pela Universidade de Buenos Aires, fundador da Rádio Rabil Internacional e dirigente associativo caboverdiano, na Argentina.
União Europeia anunciou hoje que mais fundos para as organizações da sociedade civil em Angola. Um anúncio que acontece numa altura em há uma certa "tensão" entre as autoridades angolanas e as instâncias comunitárias. O governo de José Eduardo dos santos não viu com bons olhos a resolução aprovada pelo Parlamento sobre as "tentativas incessantes" das autoridades para limitar as liberdades no país. Adolfo Campos, ligado ao movimento revolucionário em Angola, diz que esta é uma boa notícia e espera que estes fundos "não caiam em mãos erradas".
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