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A Procuradoria-Geral da República de Portugal está a investigar supostas irregularidades em contratos do governo para a exploração de lítio em minas portuguesas. Em 2019, o governo português abriu concessões de mineração de lítio nas minas do Romano, no vilarejo de Montealegre, e do Barroso, no município de Boticas, no norte do país, contestadas pelas populações. "Estes últimos acontecimentos dão legitimidade às nossas suspeitas", conta Aida Fernandes, residente em Covas de Barroso.
Portugal tem as maiores reservas de lítio da Europa e oitavas maiores a nível mundial. A Procuradoria-Geral da República está a investigar factos relacionados com as concessões de exploração de lítio nas minas do Romano e do Barroso, além do projecto não identificado para uma central de produção de energia a partir de hidrogénio, em Sines.
A demissão do primeiro-ministro, António Costa, "foi uma surpresa que deu legitimidade às suspeitas" dos moradores de Covas do Barroso, que nos últimos anos questionaram a legalidade dos contratos do governo para a exploração de lítio, como explica Aida Fernandes, residente em Covas do Barroso.
RFI: Como é que exploração de lítio termina com a demissão do primeiro-ministro. É possível explicar?
Aida Fernandes: Honestamente, não. É demasiado para qualquer pessoa e, principalmente, para nós que vivemos tão isolados e longe das instituições. Foi uma surpresa como para toda a gente porque nunca tal nos passou pela cabeça. Embora questionássemos sempre os processos e a legitimidade dos processos, isto acontecer vai para além das nossas expectativas.
Vem comprovar que a luta que [vocês] têm conduzido nos últimos anos é justificada e que não estão sozinhos?
Sim, estes últimos acontecimentos vêm dar legitimidade às nossas suspeitas. Nós sempre questionámos a forma como os processos foram feitos, como é que se pode dar um parecer favorável. Depois de todas as entidades darem o parecer negativo, de repente, muda-se o casaco, ajusta-se as calças, faz-se um novo fato. Nós, que conhecemos a área e o projecto, sabemos que este é exactamente o mesmo projecto que eles querem fazer há dois anos. De repente, como sempre nos disseram, é uma decisão política e nós nunca achámos justo. Não é justo para nós, cidadãos que vivemos, supostamente, numa democracia e é uma frustração de todo o tamanho vermos as coisas a acontecer debaixo dos nossos olhos e não conseguir fazer nada.
Falhou a transparência nos projectos de exploração de lítio que tanto denunciaram?
Sim porque nos querem impingir um projecto que para nós não faz qualquer sentido. Dizem que é em nome de uma transição verde e justa, que de verde não tem nada porque é uma mina a céu aberto e justo, muito menos, porque não somos considerados em todo o processo. A população é contra e isso não [é tida em] conta por ninguém. Nós dizemos não, mas ninguém quer saber. Nós sempre dissemos que as coisas não devem ser assim porque se o mundo precisa de ser salvo não é com carros eléctricos, é a proteger, a salvaguardar, proteger as águas, o meio ambiente, a biodiversidade e não a destruir e poluir e a dar continuidade a um processo de destruição, como tem vindo a acontecer até agora.
Fala em incompreensão, o que é que vai acontecer agora e como é que é viver nesta incerteza?
O que aconteceu não muda nada porque o governo deu licenças e agora foi aberto um processo de justiça, que tem o seu tempo e o seu curso. Só o tempo dirá o que vai acontecer. A nossa esperança é que os processos sejam impugnados e que se revertam processos porque o que está em causa são pessoas. Acima de tudo são pessoas que estão em causa. Vivemos em pleno século XXI, quererem vender a ideia de que vivemos num país de primeiro mundo e sermos tratados como pessoas de terceiro mundo, que coitados, não têm culpa de estarem nessa situação. Graças a situações como a que está a acontecer em Portugal, de corrupção, de más políticas e maus políticos com os quais não podemos compactuar é que vamos continuar a levantar a nossa voz e a lutar para defender aquilo em que acreditamos.
Espera que se faça justiça não só na política, mas também ecológica?
Claro que temos que ter fé na justiça e que as instituições funcionem. Deu-se este passo para que não seja em vão.
A Procuradoria-Geral da República de Portugal está a investigar supostas irregularidades em contratos do governo para a exploração de lítio em minas portuguesas. Em 2019, o governo português abriu concessões de mineração de lítio nas minas do Romano, no vilarejo de Montealegre, e do Barroso, no município de Boticas, no norte do país, contestadas pelas populações. "Estes últimos acontecimentos dão legitimidade às nossas suspeitas", conta Aida Fernandes, residente em Covas de Barroso.
Portugal tem as maiores reservas de lítio da Europa e oitavas maiores a nível mundial. A Procuradoria-Geral da República está a investigar factos relacionados com as concessões de exploração de lítio nas minas do Romano e do Barroso, além do projecto não identificado para uma central de produção de energia a partir de hidrogénio, em Sines.
A demissão do primeiro-ministro, António Costa, "foi uma surpresa que deu legitimidade às suspeitas" dos moradores de Covas do Barroso, que nos últimos anos questionaram a legalidade dos contratos do governo para a exploração de lítio, como explica Aida Fernandes, residente em Covas do Barroso.
RFI: Como é que exploração de lítio termina com a demissão do primeiro-ministro. É possível explicar?
Aida Fernandes: Honestamente, não. É demasiado para qualquer pessoa e, principalmente, para nós que vivemos tão isolados e longe das instituições. Foi uma surpresa como para toda a gente porque nunca tal nos passou pela cabeça. Embora questionássemos sempre os processos e a legitimidade dos processos, isto acontecer vai para além das nossas expectativas.
Vem comprovar que a luta que [vocês] têm conduzido nos últimos anos é justificada e que não estão sozinhos?
Sim, estes últimos acontecimentos vêm dar legitimidade às nossas suspeitas. Nós sempre questionámos a forma como os processos foram feitos, como é que se pode dar um parecer favorável. Depois de todas as entidades darem o parecer negativo, de repente, muda-se o casaco, ajusta-se as calças, faz-se um novo fato. Nós, que conhecemos a área e o projecto, sabemos que este é exactamente o mesmo projecto que eles querem fazer há dois anos. De repente, como sempre nos disseram, é uma decisão política e nós nunca achámos justo. Não é justo para nós, cidadãos que vivemos, supostamente, numa democracia e é uma frustração de todo o tamanho vermos as coisas a acontecer debaixo dos nossos olhos e não conseguir fazer nada.
Falhou a transparência nos projectos de exploração de lítio que tanto denunciaram?
Sim porque nos querem impingir um projecto que para nós não faz qualquer sentido. Dizem que é em nome de uma transição verde e justa, que de verde não tem nada porque é uma mina a céu aberto e justo, muito menos, porque não somos considerados em todo o processo. A população é contra e isso não [é tida em] conta por ninguém. Nós dizemos não, mas ninguém quer saber. Nós sempre dissemos que as coisas não devem ser assim porque se o mundo precisa de ser salvo não é com carros eléctricos, é a proteger, a salvaguardar, proteger as águas, o meio ambiente, a biodiversidade e não a destruir e poluir e a dar continuidade a um processo de destruição, como tem vindo a acontecer até agora.
Fala em incompreensão, o que é que vai acontecer agora e como é que é viver nesta incerteza?
O que aconteceu não muda nada porque o governo deu licenças e agora foi aberto um processo de justiça, que tem o seu tempo e o seu curso. Só o tempo dirá o que vai acontecer. A nossa esperança é que os processos sejam impugnados e que se revertam processos porque o que está em causa são pessoas. Acima de tudo são pessoas que estão em causa. Vivemos em pleno século XXI, quererem vender a ideia de que vivemos num país de primeiro mundo e sermos tratados como pessoas de terceiro mundo, que coitados, não têm culpa de estarem nessa situação. Graças a situações como a que está a acontecer em Portugal, de corrupção, de más políticas e maus políticos com os quais não podemos compactuar é que vamos continuar a levantar a nossa voz e a lutar para defender aquilo em que acreditamos.
Espera que se faça justiça não só na política, mas também ecológica?
Claro que temos que ter fé na justiça e que as instituições funcionem. Deu-se este passo para que não seja em vão.
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