Desde os primeiros tempos da humanidade na Terra, os seres humanos tiveram que lidar com inúmeros obstáculos para sua sobrevivência. Uma das principais ameças que vem colocando, há milênios, a vida de sociedades inteiras em risco não é, entretanto, algo que possa ser visto a olho nu. Moléstias dos mais variados tipos, causadas por vírus, bactérias, parasitas, fungos, entre outros micro-organismos, vem provocando, em diversos momentos da história, períodos de intenso sofrimento e mortandade.
Hoje, mais uma vez, é uma doença, causada por um vírus até então desconhecido, que tem provocado profundas transformações em várias esferas de nossas vidas. O novo coronavírus se espalhou de forma incontrolável por todo o mundo e tem levado a uma reflexão sobre o impacto que as enfermidades podem ter sobre as diversas sociedades humanas ao longo da história.
Na História da América, as doenças e epidemias estiveram presentes em variados contextos. Embora a arqueologia aponte para a existência de inúmeras moléstias na América pré-hispânica, é com a chegada dos europeus em 1492 que a situação se torna mais crítica.
Não bastassem os enfrentamentos militares, a fome, a escravização e a adoção de outras formas de trabalho compulsório, apenas para citar alguns dos motivos que provocaram um grande decréscimo das populações indígenas no século XVI, as epidemias são frequentemente apontadas pelos historiadores como uma das peças fundamentais para se compreender a vitória dos europeus no processo de Conquista da América.
Por não possuírem anticorpos em relação a diversas moléstias originárias do Velho Mundo, como sarampo, cólera, varíola, entre outras, muitos indígenas não resistiram a esses inimigos invisíveis, sucumbindo não somente à espada dos espanhóis, mas também aos germes que vinham em seus navios.
Além de contribuírem para o genocídio das populações indígenas da América, as doenças foram utilizadas, muitas vezes, para construir, no campo do discurso, imagens das populações autóctones como portadoras de corpos inferiores, mais sensíveis que os de europeus e africanos. O resultado disso é, ainda hoje, o estereótipo, infelizmente ainda bastante presente no senso comum, do índio frágil, preguiçoso, improdutivo e avesso ao trabalho.
Para discutir essas e outras questões, convidamos para episódio #2 do podcast Hora Americana, o professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) Alexandre Varella, especialista em História da América Colonial.
Desejamos a todos que aproveitem a entrevista!
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A imagem escolhida para representar este segundo episódio do podcast Hora Americana foi retirada de um dos mais importantes códices astecas, o chamado Códice Florentino, compilado no século XVI, pelo frei Bernardino de Sahagún, e publicado em doze volumes intitulados História general de las cosas de la Nueva España. Na ilustração, o impacto produzido pela epidemia de viruela (varíola) que atingiu os astecas em 1520, após a chegada de Hernán Cortez e dos espanhóis a Tenochtitlan, atual Cidade do México.