O ex-ministro Miguel Relvas, numa conversa com o jornalista Paulo Ferreira na rádio Observador, critica a decisão da ainda ministra da Justiça, Rita Júdice, de criar uma força especial de fiscalização das autarquias. Esse anúncio tinha implícito o reconhecimento de que as câmaras municipais e as juntas de freguesia são um pasto fértil para a corrupção, uma ideia geralmente presente nos ministros, nos deputados das grandes cidades e em particular na comunicação social. Mas se essa é a percepção dominante nas elites, está longe de ser verdade no mundo real das pessoas.

Um inquérito do ISCTE que o PÚBLICO hoje revela, e que será apresentado numa sessão em Lisboa com a presença do Presidente da República, mostra que, como nota um dos seus autores Pedro Adão e Silva, as autarquias são o último reduto de confiança dos cidadãos nas instituições políticas. Uma boa maioria dos inquiridos considera que as suas câmaras e as suas juntas respondem mais e melhor aos seus anseios e necessidades. Quanto mais próximo das pessoas, deduz-se do inquérito, melhor é avaliado o poder. Quer isto dizer que no topo do apoio e da confiança estão as autarquias e as comissões regionais e no fundo está o estado central e o parlamento.

Convidámos para este episódio Rui Moreira, presidente da câmara municipal do Porto em final de mandato. Rui Moreira reflecte há anos sobre os juízos ou os preconceitos que o centro produz sobre as periferias – o que por vezes chega a incluir a segunda mais importante cidade do país.

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