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Em 1974, o segundo governo provisório acabado de nomear ainda a revolução de Abril estava a quente, tinha como secretário de Estado da Habitação um jovem arquitecto chamado Nuno Portas. Nuno Portas tinha-se destacado na crítica da arquitectura ou nas reflexões sobre o urbanismo que verteu em livros na década anterior. Era a sua vez de transformar as ideias, as palavras, em actos. E assim nasceu o SAAL, Serviço de Apoio Ambulatório Local, um programa de construção de habitação pública. Com o tempo, o SAAL tornou-se um caso de estudo, nacional e internacional sempre que se fala de “arquitectura e participação” ou do “direito à habitação”, no contexto dos novos activismos, como notava este domingo no Público o crítico Jorge Figueira num texto que vale a pena ler.
Portugal vive actualmente aquela que é talvez a mais grave crise habitacional da sua história recente. Um momento oportuno para se olhar para o passado e aprender com o SAAL – ou com o Plano Especial de Alojamento de 1993 que contribuiu para a quase erradicação das barracas em Lisboa e Porto. Haja atenção: a corrida pela habitação está tanto a resolver um problema como a criar talvez outros. Os guindastes que se erguem em zonas urbanizáveis de concelhos como o de Vila Nova de Gaia instalaram-se sem que a reflexão acontecessem ou estejam a acontecer. O betão e a densidade exigidos pela lógica dos negócios impuseram-se sobre o usufruto dos lugares, o bem-estar e a cidadania. A nova Gaia, por exemplo, parece em muitos casos mais uma cidade da era soviética do que uma urbe europeia. A necessidade de olhar para o chão, para o lugar, tão defendidos por Nuno Portas cede á pressão dos metros quadrados. A necessidade de dialogar com as pessoas sucumbiu perante a urgência da crise. A natural pressa dos construtores e a questionável gula das autarquias em acumular receitas fiscais não se estão a impor às boas regras que Nuno Portas tanto defendeu?
Nuno Portas, uma referência do nosso urbanismo, da nossa arquitectura e do pensamento crítico das últimas décadas faleceu este domingo aos 90 anos. O seu legado é por isso tão intenso como necessário. O que podemos e devemos retirar da sua obra e do seu exemplo? Pretexto para uma conversa com Nuno Sampaio, arquitecto e director-executivo da Casa da Arquitectura, com sede em Matosinhos, que no ano passado atribuiu a qualidade de sócio honorário a Nuno Portas.
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By PÚBLICO5
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Em 1974, o segundo governo provisório acabado de nomear ainda a revolução de Abril estava a quente, tinha como secretário de Estado da Habitação um jovem arquitecto chamado Nuno Portas. Nuno Portas tinha-se destacado na crítica da arquitectura ou nas reflexões sobre o urbanismo que verteu em livros na década anterior. Era a sua vez de transformar as ideias, as palavras, em actos. E assim nasceu o SAAL, Serviço de Apoio Ambulatório Local, um programa de construção de habitação pública. Com o tempo, o SAAL tornou-se um caso de estudo, nacional e internacional sempre que se fala de “arquitectura e participação” ou do “direito à habitação”, no contexto dos novos activismos, como notava este domingo no Público o crítico Jorge Figueira num texto que vale a pena ler.
Portugal vive actualmente aquela que é talvez a mais grave crise habitacional da sua história recente. Um momento oportuno para se olhar para o passado e aprender com o SAAL – ou com o Plano Especial de Alojamento de 1993 que contribuiu para a quase erradicação das barracas em Lisboa e Porto. Haja atenção: a corrida pela habitação está tanto a resolver um problema como a criar talvez outros. Os guindastes que se erguem em zonas urbanizáveis de concelhos como o de Vila Nova de Gaia instalaram-se sem que a reflexão acontecessem ou estejam a acontecer. O betão e a densidade exigidos pela lógica dos negócios impuseram-se sobre o usufruto dos lugares, o bem-estar e a cidadania. A nova Gaia, por exemplo, parece em muitos casos mais uma cidade da era soviética do que uma urbe europeia. A necessidade de olhar para o chão, para o lugar, tão defendidos por Nuno Portas cede á pressão dos metros quadrados. A necessidade de dialogar com as pessoas sucumbiu perante a urgência da crise. A natural pressa dos construtores e a questionável gula das autarquias em acumular receitas fiscais não se estão a impor às boas regras que Nuno Portas tanto defendeu?
Nuno Portas, uma referência do nosso urbanismo, da nossa arquitectura e do pensamento crítico das últimas décadas faleceu este domingo aos 90 anos. O seu legado é por isso tão intenso como necessário. O que podemos e devemos retirar da sua obra e do seu exemplo? Pretexto para uma conversa com Nuno Sampaio, arquitecto e director-executivo da Casa da Arquitectura, com sede em Matosinhos, que no ano passado atribuiu a qualidade de sócio honorário a Nuno Portas.
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