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Na entrevista de António José Seguro a José Alberto Carvalho, na TVI, o candidato presidencial deixou no ar uma tese que para o comum dos mortais parece lógica e consensual. Se na democracia o que prevalece é a vontade expressa da maioria dos cidadãos, então se o Chega ganhar umas eleições é normal que seja convidado a formar Governo. Certo? Nem por isso. Um pouco por todos o espectro da esquerda, não faltaram vozes a expressar surpresa, desencanto ou até indignação.
Uma das opiniões mais contundentes a questionar as declarações de António José Seguro pôde ser lida nas páginas do Público. Foi expressa pelo sociólogo, académico e colunista do jornal Pedro Adão e Silva. Que recorda um princípio indiscutível: o que a Constituição estabelece é que o Presidente tem discricionariedade para avaliar quem pode formar um governo estável e obter a confiança parlamentar – considerando os resultados eleitorais, mas não estando automaticamente vinculado ao partido mais votado. Ou seja, continuava PAS o Presidente deve considerar o princípio da governabilidade e, nos tempos que correm, convém que aprecie também o respeito que os líderes partidários nutrem pela Constituição”
Se, convidado a responder à mesma pergunta, o candidato Gouveia e Melo tergiversou, dizendo que "daria posse a qualquer coligação que permitisse a governação" e "agiria com o maior bom senso no sentido de encontrar a solução que garantisse a maior estabilidade política", Seguro fez uma leitura mais imediata e linear do que diz o texto constitucional. A verdade é que o presidente pode ignorar o vencedor das eleições que não tenha uma maioria dos deputados, desde que uma coligação de outros partidos lhe apresente uma solução de estabilidade garantida com uma maioria. Em 2015 o presidente Cavaco Silva não foi por aí, decidindo nomear Passos Coelho para o Governo, e acabou por ser contrariado pela maioria formada pelo PS, Bloco e PCP. Se o presidente não é forçado a escolher quem ganha, em tese só fará sentido uma escolha alternativa se essa escolha for aprovada pela maioria dos deputados eleitos. Seguro falou num cenário puro e duro de um vencedor sem maiorias alternativas, Gouveia e Melo foi mais hábil e decidiu dar uma resposta mais aberta. Terão os dois razão ou um terá mais razão do que outro?
Convidámos para analisar esta questão o constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia, Professor Catedrático da Universidade NOVA de Lisboa.
See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Na entrevista de António José Seguro a José Alberto Carvalho, na TVI, o candidato presidencial deixou no ar uma tese que para o comum dos mortais parece lógica e consensual. Se na democracia o que prevalece é a vontade expressa da maioria dos cidadãos, então se o Chega ganhar umas eleições é normal que seja convidado a formar Governo. Certo? Nem por isso. Um pouco por todos o espectro da esquerda, não faltaram vozes a expressar surpresa, desencanto ou até indignação.
Uma das opiniões mais contundentes a questionar as declarações de António José Seguro pôde ser lida nas páginas do Público. Foi expressa pelo sociólogo, académico e colunista do jornal Pedro Adão e Silva. Que recorda um princípio indiscutível: o que a Constituição estabelece é que o Presidente tem discricionariedade para avaliar quem pode formar um governo estável e obter a confiança parlamentar – considerando os resultados eleitorais, mas não estando automaticamente vinculado ao partido mais votado. Ou seja, continuava PAS o Presidente deve considerar o princípio da governabilidade e, nos tempos que correm, convém que aprecie também o respeito que os líderes partidários nutrem pela Constituição”
Se, convidado a responder à mesma pergunta, o candidato Gouveia e Melo tergiversou, dizendo que "daria posse a qualquer coligação que permitisse a governação" e "agiria com o maior bom senso no sentido de encontrar a solução que garantisse a maior estabilidade política", Seguro fez uma leitura mais imediata e linear do que diz o texto constitucional. A verdade é que o presidente pode ignorar o vencedor das eleições que não tenha uma maioria dos deputados, desde que uma coligação de outros partidos lhe apresente uma solução de estabilidade garantida com uma maioria. Em 2015 o presidente Cavaco Silva não foi por aí, decidindo nomear Passos Coelho para o Governo, e acabou por ser contrariado pela maioria formada pelo PS, Bloco e PCP. Se o presidente não é forçado a escolher quem ganha, em tese só fará sentido uma escolha alternativa se essa escolha for aprovada pela maioria dos deputados eleitos. Seguro falou num cenário puro e duro de um vencedor sem maiorias alternativas, Gouveia e Melo foi mais hábil e decidiu dar uma resposta mais aberta. Terão os dois razão ou um terá mais razão do que outro?
Convidámos para analisar esta questão o constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia, Professor Catedrático da Universidade NOVA de Lisboa.
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